Serviço de transplante renal do HC é o primeiro do Brasil, fora de uma capital, a alcançar esse número; paciente número 3.500 é uma jovem e passa bem
Médicos que integram o programa de transplante renal do Hospital de Clínicas da Unicamp: serviço realiza uma média de 150 transplantes renais/ano, cerca de 90% com órgãos de doadores falecidos (Divulgação)
O Hospital de Clínicas (HC) da Universidade de Campinas (Unicamp) alcançou a marca de 3.500 transplantes de rins realizados. A informação foi divulgada ontem pela instituição. A paciente 3.500 é a jovem Elida Trindade, de 27 anos, nascida no interior de Alagoas e que descobriu sua doença renal, em estágio já avançado, pouco depois de se mudar para a cidade de Artur Nogueira, na Região Metropolitana de Campinas (RMC). O serviço de transplante renal da Unicamp é o primeiro no país, fora de uma capital, a alcançar essa marca.
Elida dependeu da hemodiálise durante 40 meses, até que no último dia 2 de julho recebeu a boa notícia de que havia disponibilidade de rins compatíveis para o transplante. O procedimento foi considerado bemsucedido pela equipe médica, e a jovem terá alta nos próximos dias. O programa do HC realiza em média 150 transplantes renais/ ano, cerca de 90% com órgãos de doadores falecidos. É o único centro transplantador pelo Sistema Único de Saúde na região, sendo referência para pacientes em diálise dentro de uma área de abrangência que ultrapassa os limites da Região Metropolitana de Campinas (RMC), englobando os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) de Campinas, São João da Boa Vista e Piracicaba.
A marca foi comemorada pela superintendente do HC, a médica Elaine Cristina de Ataide; pela coordenadora do programa de transplante renal da Unicamp; Marilda Mazzali; e pelo cirurgião transplantador Adriano Fregonesi. A superintendente, que também é cirurgiã transplantadora, afirmou que tem muito orgulho do serviço oferecido pelo HC, que está entre os maiores centros transplantadores do Estado e do Brasil, e destacou que as avaliações feitas do serviço são bem classificadas pelo Ministério da Saúde.
Elida Trindade, a transplantada número 3.500, mudou-se para Nova Odessa há quatro anos. Nascida em Ibateguara, a 100 quilômetros de Maceió, capital de Alagoas, é a mais nova de três irmãs de uma família simples. "Tive uma infância muito feliz, criada apenas pela minha mãe que desempenhou o papel de mãe e pai ao mesmo tempo, porém nunca nos faltou nada", lembrou a paciente. A jovem afirmou ainda que os sonhos mudaram depois da descoberta da doença. "Se essa pergunta fosse feita há um mês, eu claramente não pensaria e diria que meu maior sonho é meu celular tocar com o anúncio de que ganharei novos rins. Graças a Deus esse sonho agora é a minha realidade, então sonhos eu tenho muitos e peço a Deus que me abençoe para que eu possa realizar cada um deles", relatou Elida.
Ela contou que tudo começou com muita fadiga e manchas roxas que surgiram no seu corpo. "Após passar por consulta com a equipe do HC da Unicamp, os exames revelaram uma anemia muito importante e uma perda da função renal. O meu maior susto foi quando as médicas me disseram que eu teria que começar a dialisar e entrar para a fila do transplante renal. Perdi meu chão, mas nunca deixei de acreditar em Deus, na minha família, nos médicos, nos meus amigos e especialmente nessa abençoada família que autorizou a doação dos órgãos. Fui muito bem tratada aqui na Unicamp", acrescentou.
REFERÊNCIA
A lista de espera para o transplante renal, segundo a coordenadora do programa de transplante, Marilda Mazzali, conta com cerca de 500 pacientes prontos para o procedimento, semelhante ao número de pessoas que estão em preparo para a cirurgia. Os dados colocam o serviço da Unicamp entre os dez mais ativos do país, referência como centro de treinamento de nefrologistas e urologistas especializados em transplante renal.
"Cada transplante realizado é uma nova esperança, e nada disso seria possível sem os doadores", ressaltou. O primeiro transplante renal realizado pelos médicos da Unicamp foi em 1983. Marilda Mazzali esclareceu ainda que o Serviço de Transplante Renal do HC da Unicamp recebeu no final do ano passado a certificação Nível A, por meio da avaliação de indicadores do Programa de Qualidade no Processo de Doação e Transplantes (Qualidot) do Ministério da Saúde.
A classificação prevê a concessão de incentivo financeiro adicional de 80% nos procedimentos e será renovada a cada dois anos pelo hospital junto à Central Estadual de Transplantes e à Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Transplantes.
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