Depois da Black Friday decepcionante, lojistas apostam nas vendas de Natal
A partir de 5 de dezembro até o dia 24, véspera de Natal, as lojas do Centro funcionarão em horário ampliado: expectativa maior de vendas (Gustavo Tilio)
Após amargar um resultado abaixo das expectativas nas vendas da Black Friday, o comércio do Centro de Campinas espera um desempenho melhor nas semanas que antecedem o Natal. Lojistas relataram uma queda de 30% no volume comercializado este ano, em relação à promoção de 2021. Agora, eles apostam em elevar o faturamento a partir da próxima semana, quando se inicia o horário estendido de Natal do comércio no Centro de Campinas.
A partir do dia 5 de dezembro, as lojas fecharão mais tarde, de forma gradativa. Entre os dias 5 e 9 de dezembro, elas funcionarão das 8h às 20h, exceto no dia 8 (feriado municipal de Nossa Senhora da Conceição), quando o encerramento será às 17h. No dia 10 de dezembro, sábado, o funcionamento será das 8h às 19h, dia 11, domingo, das 9h às 17h. Entre os dias 12 e 16 de dezembro, das 8h às 21h; dia 17 (sábado), das 8h às 19h, dia 18 (domingo), das 9h às 17h. Na semana de 19 a 23 de dezembro, os consumidores poderão fazer as compras no horário das 8h às 22h. No dia 24, véspera de Natal, as lojas abrirão às 8h e encerrarão às 18h.
Proprietário de uma ótica na Rua José Paulino, Rodrigo Ferrari espera vender mais no Natal deste ano, em relação ao do ano passado. Para ele, a decoração e as paradas natalinas, que acontecem na Avenida Francisco Glicério, empolgam o comércio. "O Natal será positivo. Estamos sentindo uma empolgação com a decoração e a Parada de Natal".
Na Rua 13 de Maio, Iana Pontes, gerente de uma loja de moda íntima, também está empolgada com a expectativa de vender mais este ano. "Nas primeiras semanas, não se vende muito. Mas na última semana se vende bastante e compensa ficar até mais tarde". Numa grande loja de móveis, na 13 de Maio, esquina com Regente Feijó, o gerente Elandio Francisco também acredita no aquecimento das vendas."A população já sabe que dezembro é um mês de festa, de compra de presentes. Assim, a população vem pra rua. Compensa para nós mantermos aberta a loja e aguardar os clientes".
A Parada de Natal na Avenida Francisco Glicério é uma das apostas para aumentar o fluxo de pessoas no Centro e as vendas. A primeira exibição da parada aconteceu no dia 26 de novembro. Estão previstas outras duas exibições nos dias 15 e 20 de dezembro, às 18h.
Corroborando a expectativa dos comerciantes, a presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Campinas e Região (Sindivarejista), Sanae Murayama Saito, diz que os eventos natalinos ajudam nas vendas. Ela considera que as ações, como as Paradas, a Vila do Papai Noel e a projeção de imagens natalinas na Catedral Metropolitana, são importantes para a ocupação da região central. "Uma coisa muito importante para o Centro são os eventos que estão acontecendo na região", opina.
A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) não informou se vai liberar o estacionamento de veículos nas imediações do Centro para as compras de final de ano. Até 2019, as vagas em ruas que ficam na região central eram liberadas do pagamento do estacionamento rotativo para as compras de Natal.
Black Friday
A Black Friday não teve o efeito esperado no mercado como muitos comerciantes planejavam. Alguns dos lojistas ouvidos pelo Correio Popular disseram que as vendas tiveram uma queda de 30% em comparação com 2021.
A loja de moda íntima na Rua 13 de Maio diz que suas vendas despencaram. A faixa promocional anunciava descontos, mas o prazo para o cliente obter o benefício se encerra nesta quarta-feira. Iana, gerente da loja, diz que vários fatores contribuíram para a queda nas vendas. Um deles é o valor dos seus produtos, que subiu em 50%, e ela teve que repassar ao seu consumidor. "No meu ponto de vista, o desemprego atrapalhou nossas vendas".
Já Rodrigo Ferrari, comerciante no segmento de óticas e calçados femininos, opina que a Copa do Mundo e a instabilidade climática foram fatores predominantes para a queda das vendas. Ferrari, que diz ter uma ótica e duas lojas de calçados femininos na região central de Campinas, alega que a sua terceira loja, que fica na Ponte Preta, teve o efeito inverso. Ali, Rodrigo teve um aumento de 30% e precisou contratar funcionários e até manobrista. "Em todas as lojas do Centro, as vendas foram 15% menores que no ano passado. Em contrapartida, eu tenho uma loja de calçados na Rua Monte Castelo, e lá foi 30% acima do ano passado", alega.
As vendas pela internet também caíram durante a Black Friday de 2022. É o que aponta uma empresa especializada em software para lojas varejistas. Para a empresa, os comércios que anteciparam suas promoções, uma semana antes da Black Friday, tiveram mais sucesso em suas vendas. "Na Black Friday, o desempenho do varejo apresentou grandes oscilações em relação ao último ano. Na última sextafeira (25), o comércio eletrônico registrou diminuição de 14% no faturamento e teve resultados melhores no fim de semana (26 e 27), com alta nas vendas de 27%, com ticket médio 52% maior, apesar da queda de 17% no número de pedidos. Uma semana antes da Black Friday, período em que os varejistas antecipam promoções, as vendas subiram 6,7%, enquanto o ticket médio teve alta de 51% em relação ao ano anterior", diz em nota.
Para a economista Eliane Rosandiski , professora extensionista do Observatório da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, a queda nas vendas no varejo, como alegam alguns comerciantes, não pode ser relacionada às eleições e Copa do Mundo. Para a economista, a renda da população, o desemprego e a inflação, podem influenciar nos resultados.
"O primeiro deles tem a ver com a renda das pessoas. Por mais que eventualmente a economia esteja apresentando algum sinal de recuperação, os empregos não estão tendo uma remuneração tão alta assim. A renda como um todo está mais baixa, num comparativo com o ano passado. E por outro lado, o mecanismo de inflação muito elevado, está fazendo que o orçamento das pessoas fiquem muito mais focado em alimentação, combustível, do que a compra dos supérfluos", diz Eliane.
Eliane acrescenta que, mesmo com um novo governo que estará assumindo a partir de 1˚ de janeiro, ainda há muita incerteza com a economia do país. Este cenário influencia, de acordo com a economista, nas atividades de consumo. "Ainda há um cenário de muita incerteza quanto ao desempenho futuro da economia", finaliza.