Um autônomo de 57 anos foi xingado, levou chutes, socos e teve o kipá (boina de uso religioso) cortado com canivete por três rapazes
Um autônomo de 57 anos foi xingado, levou chutes, socos e teve o kipá (boina de uso religioso) cortado com canivete por três rapazes, durante um ataque de intolerância religiosa, em Jaguariúna. O caso aconteceu no último dia 10, mas só se tornou público na última segunda-feira, quando a vítima voltou na delegacia da cidade para corrigir a natureza do boletim de ocorrência, que foi registrado no dia 12 por lesão corporal. Hoje, a vítima e representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) vão se reunir com o delegado Erivan Vera Cruz para ver se conseguem identificar os agressores. O ataque aconteceu no final do dia de uma segunda-feira, perto do Terminal Rodoviário da cidade. M.A.R. seguia para a estação rodoviária pegar um ônibus coletivo para ir para a casa dele, em um condomínio na região do bairro Vargeão. A vítima seguia sozinha quando deparou com os três agressores que seguia no sentido contrário. “Eles passaram por mim e um deles disse: ‘judeuzinho verme’. Como estavam em três não dei importância e segui. Eles deram dois ou três passos e voltaram. O que falou entrou na minha frente e me fez parar. Outro me deu uma gravata e o terceiro me segurou pela cintura, me imobilizando. O que passou adiante de mim me deu um chute entre minhas pernas, que não aguentei e me curvei. Em seguida ele me deu um soco de baixo para cima em meu queixo que quebrou minha prótese dentária e amoleceu meus dentes”, contou. De acordo com a vítima, enquanto era agredido, os rapazes o xingavam e palavras contra sua crença religiosa. “Eu acredito que foi um ataque religioso porquê eles falavam: ‘Hitler deveria ter matado os judeus e livrado o mundo’. Em seguida pegaram meu kipá, cortaram e disseram: ‘viu o que fizemos? Se cruzar nossa frente de novo faremos isso com você!’”, relatou o autônomo. M.A.R., disse que nasceu católico, mas em 1989 se converteu ao judaísmo. Segundo ele, até então nunca sofreu um ataque de intolerância e sempre foi respeito pelo seu credo. “Meu sentimento foi de impotência. As pessoas não respeitam sua liberdade religiosa. Por quê tanto ódio, tanta intolerância? Eu não queria que isso tivesse acontecido. Quero paz, mas também quero justiça para que as pessoas respeitem uma a outra”, disse o autônomo que mora em Jaguariúna há seis anos. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), os registros de flagrantes de intolerância religiosa na Região Metropolitana de Campinas (RMC) subiram 30,7% em 2019. Em 2018 foram 182 casos, contra 238 no ano passado. Hortolândia foi a única cidade na região que não teve registros de ataques religiosos.