Inaugurado no último dia 28, memorial aberto no Campo dos Amarais traz acervo valioso
Fernando Silva é um dos funcionários que cuida do Centro Histórico: "Pesquisando, conheci ?causos? incríveis" (Érica Dezonne/ ANN)
A antiga sala da secretaria do Aeroclube de Campinas, no Campo dos Amarais, foi reformada e adaptada para se transformar em um charmoso centro de memória, que expõe equipamentos, fotografias e documentos antigos para contar a história da aviação na cidade. O acervo foi colhido desde 2007, por funcionários da própria entidade, que vasculharam arquivos e ainda catalogaram o material doado por antigos associados.Inaugurado no último dia 28, o Centro Histórico impressiona os visitantes com fotografias raríssimas e legendas com informações desconhecidas pela maior parte dos campineiros. Existe, por exemplo, a foto de um dos primeiros hangares do aeroporto, construído em 1938 com ajuda do governo alemão. Um ano antes do começo da 2 Guerra Mundial, eram boas as relações as relações do governo brasileiro com líderes nazistas que, em seguida, seriam declarados inimigos.Também há imagens como a dos primeiros brevetados, “batizados” com banho de óleo. Ou de personalidades ilustres como Ada Rogato, pioneira da aviação, posando para foto no meio da turma de marmanjos, e desafiando a cultura machista da época. O memorial também é uma homenagem a campineiros que aprenderam a pilotar nos Amarais, e fizeram carreiras marcantes, como comandantes de jatos de última geração, mundo afora.Logo na entrada, o visitante se depara com um painel afixado na parede, com nome de cada um dos campineiros que tiraram o brevê por ali. A lista começa a primeira turma, de 1939, formada por Manoel de Castro Souza, Antônio Moraes Teixeira, João Ferreira da Cunha e Manoel Alexandre Marcondes Machado Filho (que seria eleito o segundo presidente do aeroclube, e que aparece em diversas fotos históricas, dando entrevistas).Também há uma mostra respeitável de matérias publicadas em jornais, destacando as diversas fases de ampliação do aeroporto. Desde a inauguração da pista de pouso à divulgação recente de projetos do governo estadual para a privatização dos serviços. Sob as vitrines, há brevês muito antigos, acesórios, cartas aeronáuticas, manuais de formação de pilotos.E a garotada vibra com uma maquete belíssima do aeroporto, com miniaturas de aeronaves usadas desde os primórdios. A “frota” tem paulistinhas, cesnas, os argentinos aeroboeros, coriscos. Muitos são réplicas, por sinal, de aviões que, apesar de fabricados nas décadas de 60 ou 70, continuam úteis, ativos.Um dos funcionários responsáveis pela instalação do memorial é Fernando Silva, auxiliar administrativo do aeroclube. O rapaz, de 32 anos, fez faculdade de química, mas há quatro ano se matriculou na escola de pilotos. Gostou tanto da experiência que conseguiu emprego por ali, e sonha fazer carreira como aviador. “Passam por aqui alunos de várias idades, várias atividades. Há o cidadão interessado em pilotar por lazer. Há quem precisa pilotar para trabalhar nas fazendas. Outros sonham ser pilotos em grandes companhias”, fala. “Pesquisar me deu a oportunidade de conhecer ‘causos’ incríveis, de gente que se empenhou demais pelo progresso da aviação”, fala.O memorial simboliza a paixão histórica dos campineiros pelo aeroclube, que hoje tem 800 associados. Com quase 75 anos de história, a entidade é uma referência nacional na formação e treinamento de pilotos, e também como clube de aviação. Mais de 1,3 mil profissionais da aviação recebem formação no local.