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Helvetia cultua 130 anos de história

Muitos moradores da região nunca passaram por lá, e talvez nem saibam da existência da colônia, encravada entre as cidades de Campinas e Indaiatuba. Mas Helvetia está lá

Rogério Verzignasse
rogerio.verzignasse@rac.com.br
22/04/2018 às 09:27.
Atualizado em 28/04/2022 às 06:27

Anna Carolina Bannwart diante do salão social da comunidade, espaço alugado para arrecadar fundos para a manutenção da colônia: história (Leandro Torres)

O cenário é charmoso demais. Gramado amplo, canteiros floridos, árvores imensas e imóveis de arquitetura típica, impecavelmente conservados. Muitos moradores da região nunca passaram por lá, e talvez nem saibam da existência da colônia, encravada entre as cidades de Campinas e Indaiatuba. Mas Helvetia está lá. Linda, cultuada pela terceira e quarta gerações de descendentes dos imigrantes suíços que aportaram por estas bandas no século 19. O núcleo nasceu há 130 anos, em uma gleba comprada por quatro famílias. Os imigrantes trabalhavam na lavoura em Jundiaí. Eles juntaram as economias e compraram do próprio patrão o antigo Sítio Capivari Mirim. Eram 468 alqueires. Em pouco mais de cinco anos, eles ergueram a capela, a escola rural, as próprias casas. E não foram mais embora. Hoje, cerca de 350 pessoas ligadas às famílias fundadoras (Ambiel, Amstalden, Bannwart e Wolf) se encontram por ali para festas, jantares e apresentações artísticas. Helvetia se firmou, ao longo do tempo, como um espaço de difusão cultural, onde se preservam pratos, danças, ritmos, valores. Nos eventos, ainda se canta em alemão. As moças apresentam a coreografia típica, vestidas com saia comprida, avental, bata bordada. É como se o tempo não tivesse passado. Na última semana, por exemplo, na festa especial de aniversário, primos, primas e conhecidos — centenas deles — circularam por lá. Comeram e beberam do melhor. E celebraram a saga heroica de ancestrais que deixaram a gelada Suíça e abraçaram o trabalho duro no campo. Detalhe. Até a imprensa suíça passou por Helvetia. A festa ganhou as páginas de jornais importantes. Os textos fazem referência à postura valente dos imigrantes: a longa viagem de navio; a luta pela sobrevivência em lugar inóspito, quente demais, de hábitos e cultura totalmente diferentes. Epopeia, aliás, que derrubou pelo caminho quase um terço dos imigrantes. Muitos não sobreviveram, outros voltaram para a Europa, outros ainda buscaram refúgio em outras regiões. O fato é que nada menos que 10 mil pessoas viajaram para tentar a vida no Brasil. Memória preservada A colônia nunca deixou a tradição de lado. Ainda que as novas gerações carreguem novos sobrenomes — portugueses, italianos… — todo mundo ainda se delicia com kassler (que une bisteca de porco e maçã vermelha); einsbein, chucrute e o kartoffel (salsichão vermelho), delícias da cozinha germânica. E os moradores integram orgulhosos o Jodlerklub, coral típico que se apresenta à capela e o tanzgruppe (grupo de dança). Ali tem criança de quatro anos e velhinho de 85. Ah, claro, entre os mais novos ainda nem sabem a língua. Mas não faz mal. A garotada aprende palavras e fonemas básicos, decora passinhos e falsetes, e arrebenta no palco. O centro cultural, com assoalho, ornamentos em madeira e móveis de época, é um passeio obrigatório. Ali são preservadas relíquias como os escudos dos 27 cantões suíços (que equivalem aos estados). O acervo é apresentado por Gislaine Fanger Menezes, que organiza todos os eventos culturais. Também é imperdível o passeio à centenária igrejinha de Nossa Senhora de Lourdes. Por lá, as missas são celebradas pelo padre Álvaro Ambiel, conhecido pelos católicos campineiros que frequentam a Catedral Metropolitana. O cônego viveu em Campinas por duas décadas. Hoje, com mais de oitenta primaveras, ele recebeu a graça de comandar a paróquia na colônia construída por seus ancestrais. Ao lado da capela, é mantido um centro de memória. Para manter toda a estrutura turística e pagar salários, a colônia conta um salão social belíssimo, alugado para festas privadas. Ali é prestado um serviço exclusivo de bufê. E, se interessar, o cardápio especial é reforçado com comidas típicas. “A equipe do restaurante se tornou uma fonte de renda para a colônia. É daqui que tiramos os recursos para manter os eventos da colônia”, explica a gerente Ana Carolina Bannwart. Casarão guarda acervo rico A arquitetura germânica é típica. Telhado em quatro águas, janelões, portas envernizadas, adornos de madeira sob o corrimão. A centenária habitação em estilo alemão serve como sede do Centro de Memória, que preserva documentos , fotografias, roupas típicas. Há até batinas coloridíssimas: culto à memória do primeiro padre local, Ildefonso Stehler. Há registros da primeira escola do bairro, hoje pertencente ao Estado, que preserva o nome em homenagem a São Nicolau de Flue, primeiro santo suíço. Também são tocantes as imagens em preto e branco das famílias pioneiras, em carros e trajes de época. “A colônia faz questão de preservar sua história, e abri-la à visitação pública”, diz Célia Wolf, mantenedora das coleções. MARQUE NA AGENDA Os dias 28 e 29 de julho marcam, em Helvetia, as comemorações pela data nacional suíça (Constituição do País). Oportunidade sensacional para o turista provar as delícias germânicas e se encantar com a beleza da colônia. Informações detalhadas podem ser conseguidas por meio do endereço eletrônico eventos@helvetia.org.br ou pelo fone (19) 3885 0219. Pelos mesmos canais, os interessados podem agendar visitas monitoradas ao Centro de Memória da colônia suíça e reservarem espaço para eventos particulares.

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