UNICAMP

HC suspende internação de crianças com viroses

A medida, provocada pela superlotação, é temporária e vale para crianças com quadros respiratórios graves; hoje a ala infantil tem 21 internações desse perfil

Bruno Bacchetti
13/05/2015 às 13:01.
Atualizado em 23/04/2022 às 13:49
Criança com problemas respiratórios faz inalação  ( Del Rodrigues/ Gazeta de Piracicaba)

Criança com problemas respiratórios faz inalação ( Del Rodrigues/ Gazeta de Piracicaba)

O Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp suspendeu por 72 horas as internações de crianças com doenças respiratórias graves, por causa da superlotação da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e da enfermaria pediátrica. Tradicionalmente é comum o aumento de ocorrências entre o outono e inverno, mas demanda é a maior em 30 anos e a unidade não tem mais estrutura física e de pessoal para suportar a procura. A UTI pediátrica tem capacidade para atender dez pacientes com todo o suporte de ventilação e equipe, mas outras 11 crianças estão sendo atendidas na enfermaria, que foi adaptada. O HC já entrou em contato com os serviços de saúde para não encaminhar crianças com problemas respiratórios graves para a unidade. As opções na região são o Hospital de Sumaré, Hospital Celso Pierro e Hospital Municipal Dr. Mário Gatti. A previsão é que a suspensão desafogue a quantidade de pacientes, permitindo a volta à normalidade. O coordenador médico da Emergência Pediátrica, Marcelo Reis, explicou que pela primeira vez em 30 anos foi necessário suspender a internação de crianças com doenças respiratórias graves, que necessitam de monitoramento constante. “É comum nesta época do ano o aumento de pacientes, mas este ano superou. Normalmente temos 20% ou 30% a mais que a capacidade da UTI, mas neste ano chegou a 100%. Estamos muito além da nossa capacidade e não temos material humano para atender.” De acordo com Reis, não é possível encontrar uma explicação para esse aumento nos casos de crianças com enfermidades respiratórias graves. Ele ressalta que, quanto menor a idade da criança, maior o risco de complicação. “Existe uma sazonalidade dentro da sazonalidade, não dá para explicar. O pico da incidência é em bebês de oito a nove meses, acontece de as vias respiratórias incharem e diminuir o fluxo de ar.” Antonia Teresinha Tresoldi, chefe da Enfermaria Pediátrica, diz que se superlotação persistir poderá haver comprometimento da qualidade da assistência. “Gostaria de dizer que não correm risco, mas não posso dizer, porque entrou no limite e não é possível garantir a segurança”, afirmou. O objetivo do HC é encaminhar para outras unidades os pacientes que procurarem o hospital neste período. Se não for possível, a criança será atendida, mas não com a mesma qualidade. “Vamos tentar encaminhar para outro hospital, se não achar vamos atender nas condições que temos hoje.” A dona de casa Franciele Rodrigues Ferreira, de 18 anos, é moradora de Itapira e está com o filho João Lucas, de um mês e quatro dias, internado em um leito adaptado desde o último sábado, com um quadro de bronquiolite. “Passamos por outro hospital na minha cidade, mas lá não tem UTI. Fico tranquila porque me explicaram que os cuidados no leito adaptado são os mesmos recebidos na UTI. Todas as crianças precisam de tratamento.”

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