FECHADO PARA ATENDIMENTO

HC suspende 36 leitos para realizar obras de climatização

Projeto reformará 10 enfermarias, com um custo estimado de R$ 14 milhões

Bruno Luporini/bruno.luporini@rac.com.br
18/09/2024 às 09:13.
Atualizado em 18/09/2024 às 19:44

A climatização e troca de mobiliário das enfermarias visam melhorar as condições de internação dos pacientes e de trabalho dos profissionais de saúde, especialmente em períodos de altas temperaturas. A reforma será realizada em etapas, com a entrega da primeira ala de 36 leitos prevista entre 40 a 60 dias (Kamá Ribeiro)

As obras para a climatização das enfermarias do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) resultaram na interdição de 36 leitos da Unidade de Emergência Referenciada (Uer) do Pronto-Socorro. O projeto, com previsão de 18 meses para conclusão, reformará 10 enfermarias, totalizando 303 leitos, com um custo estimado de R$ 14,95 milhões. Desde o início das obras, na sexta-feira, 13, as vagas, que representam 12% do atendimento do PS, foram redistribuídas entre as enfermarias em funcionamento. Estratégias como a redução de internações prolongadas, ações de contrarreferência com municípios da região e consultas via telemedicina estão sendo implementadas para minimizar o impacto no atendimento à população.

A climatização e troca de mobiliário das enfermarias visam melhorar as condições de internação dos pacientes e de trabalho dos profissionais de saúde, especialmente em períodos de altas temperaturas. A reforma será realizada em etapas, com a entrega da primeira ala de 36 leitos prevista entre 40 a 60 dias. Após essa fase, reuniões serão realizadas para definir quais especialidades clínicas terão prioridade, até a conclusão total da obra.

Os 303 leitos são destinados a pacientes adultos de alta complexidade, atendendo demandas do pronto-socorro, como insuficiências cardíacas e renais, e cirurgias de urgência. Pacientes de pós-operatório de cirurgias eletivas e internações ambulatoriais pré-cirúrgicas também serão atendidos. No entanto, nem todos os atendimentos são de alta complexidade. A superintendente do HC, professora doutora Elaine Cristina de Ataide, explica que há procura espontânea de pacientes que poderiam ser atendidos em outras unidades de saúde.

Exemplos disso são Maria José de Jesus e Maria José da Silva, de Morungaba. "Eu venho tratar de um glaucoma a cada quatro meses, dependendo da recomendação médica", relata de Jesus. Maria José trata feridas na perna e visita o hospital a cada três meses. Ambas não relataram problemas de espera, mas Maria José destacou que "seria mais confortável receber atendimento em Morungaba".

Com uma circulação média de 5 mil pessoas por dia, entre pacientes, visitantes e profissionais da saúde, o Hospital de Clínicas destina 30% de sua demanda a cidades da Região Metropolitana e outras localidades. A estratégia de contrarreferência será adotada para pacientes de média a baixa complexidade, que não necessitam mais de internação prolongada. "Os pacientes que estão em um nível de média para baixa complexidade e não precisam mais de uma internação prolongada, nós faremos a contrarreferência com a cidade de origem", explicou Elaine. Reforçando que o HC conseguirá monitorar esses pacientes, "caso a equipe não se sinta tranquila em receber um paciente advindo de um hospital de alta complexidade, conseguimos acompanhar o caso via teleconsulta".

Ana Paula Diniz da Costa relata que precisa se deslocar mensalmente de São Pedro da União, um município mineiro localizado a cerca de 270 quilômetros de Campinas, para tratar da doença de Wilson. Essa condição provoca sintomas neurológicos como tremores, dificuldades na fala e deglutição, problemas de coordenação e confusão. "Tenho que vir porque lá na cidade não tem o tratamento que eu preciso", afirma.

A superintendente explicou que o atendimento domiciliar será realizado através da instrução dos familiares para os cuidados com o paciente. Caso haja a necessidade de ministrar algum medicamento, como antibióticos, existe o denominado 'leito-dia', "quando o paciente vem, toma a medicação necessária e volta para casa". Para os casos em que o serviço de saúde de origem não disponha de um medicamento específico, ele será encaminhado pelo HC para a secretaria de saúde competente. Ambos os casos visam diminuir as internações prolongadas, em conjunto com a execução de protocolos internos para a agilização de exames. "Não pode um paciente esperar para realizar uma tomografia ou, quando o exame ficar pronto, já prontamente realizar uma avaliação e encaminhamento para que a pessoa já possa retornar à sua casa", completou Ataide.

Ocorrendo eventual aumento da demanda de atendimentos, seja por problemas respiratórios, doenças sazonais como rotavírus, influenza, covid, dentre outras infecções, a superintendente informou que já existem no hospital protocolos de ação para lidar com cada caso específico. Reforçando que, após cinco dias de obras e tratativas realizadas com as cidades da região, ainda não houve impacto com a redução dos leitos. "Não houve um aumento de 12% no tempo de espera dos pacientes que aguardam por um leito", afirmou Elaine.

REFLEXOS NO SISTEMA DE SAÚDE

Em nota, a Secretaria de Saúde de Campinas informou que mantém o monitoramento permanente sobre a ocupação dos leitos na cidade. Ainda não foram registrados reflexos dos fechamentos dos leitos no HC pelo SUS municipal. No entanto, a secretaria considera um aumento da demanda de atendimento no município, prevendo uma possível sobrecarga nos próximos dias. A nota ainda reforça a necessidade do governo do Estado implementar mais leitos para melhor atender a região. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, por meio do Departamento Regional de Saúde (DRS) de Campinas, divulgou que após reunião com o Hospital de Clínicas da Unicamp "foram reforçados o Plano de Contingência e o protocolo de internação de pacientes, bem como o retorno deles para a unidade de origem para a continuidade do tratamento. Realizadas em conjunto entre ambas as partes, as medidas têm por objetivo otimizar a permanência dos pacientes na Unidade de Emergência Referenciada do HC Unicamp e na enfermaria, até que o retorno à unidade de origem seja possível. A contratação de novos leitos está em discussão com as instituições da região".

A Prefeitura Municipal de Campinas informou estar em tratativas com o governo do Estado para viabilizar a construção do Hospital Metropolitano, uma demanda exigida por todas as cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Em visita à Unicamp, ainda em 2023, o Secretário da Saúde do Estado, Eleuses Paiva, prometeu a abertura de 400 leitos em hospitais da região, o que excluiria a necessidade da construção de um novo hospital. Porém, um ano depois da visita, a solução proposta não avançou. Todavia, na última semana de agosto, houve o anúncio via Secretaria Municipal de Saúde da ampliação de mais 23 leitos para o SUS Municipal, através de acordos com dois convênios da rede privada.

Atualmente, considerando todos os tipos de leitos disponíveis em Campinas, via convênios da Saúde com hospitais e Rede Mário Gatti, a quantidade ofertada de leitos é de 925. Há ainda outros 84 nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), e o total ultrapassa a marca de 1 mil estruturas se incluídas as unidades de pronto atendimento (UPAs) e a Casa da Gestante, serviço direcionado para mulheres em situação de vulnerabilidade social. Além disso, 800 pacientes são atendidos pelo Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD).

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