EFEITO PÓS-PANDEMIA

HC da Unicamp anuncia oito mutirões para reduzir fila de cirurgia adiada

Governo do Estado fecha acordo com hospital para financiar os procedimentos

Ronnie Romanini/ [email protected]
02/02/2023 às 10:32.
Atualizado em 02/02/2023 às 10:32
Profissionais de saúde realizam procedimento cirúrgico em mutirão oncológico no Hospital de Clínicas da Unicamp: zerando a fila de espera (Rodrigo Zanotto)

Profissionais de saúde realizam procedimento cirúrgico em mutirão oncológico no Hospital de Clínicas da Unicamp: zerando a fila de espera (Rodrigo Zanotto)

O Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp realizará oito mutirões cirúrgicos programados para acontecer nas próximas sete semanas, sendo que a maioria será de procedimentos oncológicos. Outras especialidades, como ortopedia, também serão contempladas. A medida busca dar continuidade à luta para esvaziar as listas de espera, que ainda têm a demanda bastante reprimida por causa da pandemia da covid-19. A avaliação do HC é a de que a estratégia para zerar as filas precisa ser contínua, por isso, houve um diálogo com o governo estadual que levou a um acordo para aportes financeiros que darão condições ao hospital não apenas ampliar o número de procedimentos cirúrgicos, mas também o atendimento de pacientes com diagnóstico de neoplasia, ofertando mais vagas para receber novos casos oncológicos e dobrar o número de quimioterapias realizadas. A estimativa é a de que o valor necessário para garantir a manutenção das estratégias adotadas gire em torno de R$ 50 milhões a R$ 60 milhões no período de um ano. 

As propostas do HC foram baseadas em uma análise das demandas das regiões e em consonância ao que o governo estadual tem pregado, como a tentativa de acabar com as filas oncológicas.

Além de manter e ampliar as estratégias, o HC quer evitar retrocessos no número de atendimentos, cirurgias e leitos disponíveis. Atualmente, o hospital avalia que a produção do Centro Cirúrgico atingiu um patamar semelhante ao período que antecedeu a pandemia de covid-19. Foram 11.213 procedimentos feitos no Centro Cirúrgico do HC em 2022, sendo que 80% desse número foi na área oncológica. Em 2019, último ano antes do início da pandemia, foram 15,1 mil.

A expectativa para 2023 é a de ampliar os procedimentos até atingir a capacidade de 100%, podendo chegar a 19,6 mil cirurgias no ano, em uma conta que não inclui os procedimentos que serão feitos por meio dos mutirões. A capacidade utilizada em 2022 foi de 57%. O aporte financeiro busca com que essa meta seja atingida, com a verba indo principalmente para os insumos e recursos humanos, como o pagamento de plantões e horas extras das equipes envolvidas.

Em relação aos mutirões, serão oito nos sete próximos finais de semana, acontecendo nas seguintes datas e especialidades: Câncer de cabeça e pescoço (04/02); Otorrinolaringologia (11/02); Ortopedia/Quadril (18/02); Colecistectomia (24/02); Endoscopias de crianças (04/03); Oncologia torácica e dermatológica (11/03) e Ortopedia/Joelho (18/03).

O HC também pretende aumentar a oferta de vagas para casos novos de oncologia encaminhados por meio da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) com o objetivo de evitar um novo crescimento das filas que serão atacadas pelos mutirões. Foi feita uma avaliação dos diagnósticos de cada paciente que está na lista há menos de um mês para averiguar quais seriam as especialidades com maiores déficits de atendimento, detectando as seguintes: Cabeça e Pescoço, Tórax, Ortopedia, Oncologia Clínica, Dermato/Plástica, Radio Iodo Terapia, Urologia, Radioterapia e Leucemia Aguda. 

O hospital tem, atualmente, 65 vagas novas por mês nos casos de especialidades com maior represamento. Pretende-se aumentar em mais de 100%, para 161 vagas/mês. Mais uma vez, será necessário mais investimento em recursos humanos e insumos para atender a demanda, uma vez que o HC já trabalha na capacidade máxima.

Ainda, o HC solicitou a ampliação da capacidade de quimioterapia no setor de Oncologia. Neste caso, a capacidade de realizar o procedimento dobraria e atingiria 2 mil por mês. A superintendente do HC, Elaine de Ataide, revelou que atualmente a Oncologia do hospital já realiza aproximadamente três vezes mais infusões de quimioterapia do que o número contratado pelo SUS, mas que o objetivo de dobrar os procedimentos deve ser atingido já no final de fevereiro.

"Com apenas uma mudança de gestão interna estamos dobrando diversos serviços que temos (...) já tem mutirão agendado, a oncologia já aumentou a capacidade em 40% e até o final do mês de fevereiro vamos ter aumentado em 100%", destacou Elaine.

O HC também informou ao governo estadual que 210 funcionários foram contratados emergencialmente no final de 2021 para a abertura de 92 leitos que estavam fechados por falta de funcionários. Sem aporte financeiro de custeio a longo prazo, os contratos são de curta validade, três meses, sendo renovados "paulatinamente com mais dificuldade pela nossa situação financeira fragilizada", conforme apontou a superintendência do HC. Por isso, o aporte requisitado pelo hospital ao governo estadual também vislumbra evitar fechamentos de novos leitos, tanto de enfermaria como de terapia intensiva.

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