Ações contínuas e parceria com a sociedade civil destacam a cidade em pesquisa
Jardim Botânico de Americana, cidade mais bem avaliada pela pesquisa na RMC ( Dominique Torquato/AAN)
Americana, cidade de 210 mil habitantes, lidera o ranking brasileiro do bem-estar urbano, divulgado ontem pelo Observatório das Metrópoles, com destaque nos setores de habitação e preservação ambiental. Os resultados refletem o sucesso de programas implementados ao longo de 20 anos. Houve rodízio dos partidos no poder. Mas, apesar das mudanças, parcerias entre governantes e lideranças civis foram mantidas. Foto: Dominique Torquato/AAN José Vandeir dos Santos conseguiu a casa própria por meio de mutirão no bairro Jardim da Mata Hoje, unidades habitacionais são construídas em regime de mutirão em diversos bairros periféricos da cidade. O poder público subsidia a compra de materiais, e os futuros moradores trabalham como serventes e pedreiros, nos dias úteis e finais de semana. Cada cidadão participa no horário que lhe convier. Com a medida, Americana implementa, desde o começo da década passada, um ambicioso projeto de desfavelização, que conseguiu moradia para 111 famílias.Outros programas beneficiam famílias com renda mínima de seis salários mínimos. Desde 2009, a cidade já entregou 2 mil unidades com subsídios da União. Há condomínios lançados que também contam com a participação do Estado, como o Conjunto Vida Nova. São 448 apartamentos que recebem R$ 60 milhões em investimentos compartilhados entre o Minha Casa, Minha Vida e o Casa Paulista.A movimentação intensa de operários comprova a transformação radical da paisagem na estigmatizada Praia Azul, às margens da Represa de Salto Grande.José Vandeir dos Santos, paranaense de 39 anos, se mudou para Americana quando seu pai foi procurar emprego nas tecelagens. Ele próprio, menino ainda, aprendeu a virar teares. Mas a família enorme nunca teve uma casa. Sua mãe se inscreveu no programa habitacional para baixa renda, e durante cinco anos ela trabalhou no mutirão, erguendo paredes no Jardim da Mata. Hoje, ali na casinha de dois quartos, Vandeir mora com a mãe, o irmão, um filho e dois sobrinhos. Cada um arruma um cantinho para o colchão e as roupas. “É bom saber que a gente tem um lugarzinho para se proteger do frio, para educar as crianças”, fala.Meio ambienteAlguns investimentos também mudaram o panorama da região central da cidade. A cabeceira do Córrego do Parque, por exemplo, foi transformada desde 2007 em uma espécie de jardim botânico, tomado por árvores e canteiros. O concreto, por ali, se limita aos sanitários públicos e às alamedas tomadas por gente que, todos os dias, faz caminhada. O jardim, anexo ao zoológico da cidade, também oferece aulas de ginástica e terapias alternativas, a semana inteira. Com um detalhe importante: o ingresso é gratuito.Luana Tavares de Faria e Rodrigo Guilherme de Oliveira, que trabalham no mesmo escritório, aproveitavam o horário do almoço ontem para caminhar e botar a conversa em dia, na sombra do arvoredo. “Não se gasta um tostão, e a gente tem acesso ao lazer em um parque bem cuidado, seguro. Tudo acessível, pertinho da Avenida Brasil, uma das mais movimentadas da cidade”, afirmou Luana.