Casa em área irregular é demolida a pedido da Secretaria de Habitação no Jardim Satélite Íris, em Campinas: segundo a pasta, derrubadas continuarão ao longo da semana (Gustavo Tilio/Especial para a AAN)
A Prefeitura de Campinas começou a demolir ontem os imóveis ocupados por cerca de 40 famílias do Satélite Íris I, região Noroeste de Campinas, no início do ano. Os invasores foram notificados esta semana a deixarem as casas num prazo de 48 horas, mas afirmam que não têm para onde ir. De acordo com a Secretaria de Habitação (Sehab), os imóveis estão localizados em área de risco. Eles foram desocupados no final do ano passado e as demolições começaram nos primeiros meses de 2013. As casas que ficaram vazias, porém, foram invadidas por novas famílias, que estão sendo intimadas a deixar o local.
Maiara Araújo da Silva, de 20 anos, está desempregada e mora em um dos imóveis com dois filhos. Ela disse que recebeu a primeira notificação há três meses para fazer a inscrição na Companhia de Habitação Popular (Cohab). “Fizemos a inscrição e não formos chamados. Agora estão dizendo que estamos em área verde e que vão demolir nossas casas, mas não temos para onde ir. Tem gente que tem seis filhos, a maioria está desempregada, não tem marido”, afirmou.
Marli Ferreira dos Santos afirmou que mora na área há três anos e tem até hoje para sair. “Como é que vou para um abrigo? Tenho duas filhas e não quero expô-las a um ambiente como esse. E tenho as minhas coisas que consegui com muito suor. Para onde vou levar?”, questionou. Maria Aparecida Rego dos Santos reocupou o que sobrou de um imóvel demolido no início do ano. “Estou desempregada, pagava aluguel, vi a casa vazia e entrei. Se a Prefeitura não queria que a gente entrasse, tinha que ter demolido assim que desocupou”, afirmou.
Risco
Os imóveis, segundo a Sehab, estão em uma área imprópria para construções habitacionais, com risco de deslizamentos. Dessa mesma região já foram removidas famílias cadastradas anteriormente pela secretaria e que vivem hoje em apartamentos, principalmente nos empreendimentos Sírius e Jardim Bassoli. A secretaria afirmou que as famílias que estão sendo notificadas a deixar os imóveis num prazo de 48 horas são ocupantes recentes, que fizeram as invasões no começo do ano.
De acordo com a pasta, as demolições dos imóveis começaram a ser feitas no início do ano, mas foram suspensas temporariamente porque os técnicos receberam ameaças por parte dos ocupantes. Ontem, o trabalho foi retomado e sete casas que estavam vazias foram abaixo. O total de imóveis que havia no local era cerca de 80. Desde o início do ano, cerca de 40 foram demolidos. Segundo a secretaria, o trabalho continua nos próximos dias, se necessário. Após as demolições, toda a área será reurbanizada e recuperada ambientalmente.
Cadastro
Questionada sobre que tipo de assistência seria dada a essas famílias, a Cohab disse apenas que ao contrário do que afirmam, elas não estão cadastradas na Cohab-Campinas. Informou também que todas as famílias poderão ir até a companhia e se cadastrar para pleitear atendimento nos programas habitacionais vigentes no município, o Programa Minha Casa Minha Vida e Casa Paulista. Elas poderão ser atendidas caso cumpram os requisitos exigidos, principalmente obter renda familiar de até R$ 1,6 mil.
Os moradores da invasão afirmaram que receberam garantia do vereador Edison Ribeiro (PSL), que tem um escritório no local, de que poderiam ficar nas casas.
Ribeiro nega. “Fizemos reunião no ano passado e falei que a Cohab ia chamar para o projeto Minha Casa, Minha Vida e disse que aquele que quisesse devia ir, mas quem não quisesse ficaria ao seu critério. Mas não falei para ninguém ficar. Até pedi na época para a Cohab demolir as casas, que poderiam virar abrigo para marginal, mas deixaram em pé, agora vem toda essa perturbação. E estão usando meu nome.” O vereador afirmou que pretende se reunir com o secretário de Habitação para tentar encontrar uma solução para os moradores, como auxílio moradia.