Discussão entre Nelson Hossri e Guida Calixto começou na tribuna da Câmara e agora foi parar na Polícia, com registro de boletim de ocorrência (Câmara Municipal Campinas)
O embate político entre os vereadores Guida Calixto (PT) e Nelson Hossri (PSD), ocorrido na sessão da Câmara Municipal de Campinas na última segunda-feira, chegou agora à Polícia. A vereadora petista informou que registrou um boletim de ocorrência (BO), online, por violência política de gênero contra o vereador.
Segundo a vereadora, Hossri teria cometido o crime previsto na lei 14.192, de 2021, quando usou a tribuna para criticar as falas das candidatas à Presidência da República, Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil), no debate presidencial transmitido no último domingo. Na sessão da Câmara, Hossri afirmou que as duas candidatas a presidente "tinham trocado absorventes".
A vereadora Guida considera que o termo usado ofende as mulheres. Ela diz que Hossri tem mantido um comportamento agressivo contra as mulheres durante todo o mandato. "Não dá mais para ele continuar com violência política de gênero. Ele é agressivo principalmente com as mulheres", afirma a petista que, na sessão, usou a tribuna e chamou Hossri de 'preconceituoso'.
O vereador, por sua vez, se defendeu afirmando que não é machista e que não ofendeu as parlamentares, apenas usou uma gíria, refernindo-se a um "papo de mulher". Disse também que tem sido frequentemente perseguido e insultado pela vereadora.
Segundo Hossri, todo o movimento criado em torno de sua observação sobre a postura das duas candidatas à presidência diante do presidente Jair Bolsonaro (PL) no debate está sendo direcionado com o objetivo de desviar as atenções sobre a investigação que o Ministério Público mantém contra o presidente da Câmara, Zé Carlos (PSB), por corrupção passiva. Hossri é um dos parlamentares que sustenta a necessidade de abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar os contratos mantidos pela Câmara Municipal, alvos de investigação contra Zé Carlos.
Segundo informações da presidência da Câmara, a Procuradoria do Legislativo recebeu ontem um pedido para analisar juridicamente, com base no Regimento Interno, se houve quebra de decoro parlamentar por parte de Nelson Hossri a partir da expressão usada pelo vereador. O pedido foi feito pelo líder da bancada do PT, o vereador Cecílio Santos.
Em nota, Nelson Hossri informou que é a esquerda que o ofende disparadamente. "Sempre me chamaram de racista, genocida, homofóbico e, desta vez, misógino", diz a nota. Em outro trecho, o vereador se defende da acusação de misoginia afirmando que é casado e tem uma esposa maravilhosa, uma mãe amorosa a qual respeita muito. Se diz contra o aborto, contra as drogas que vêm aumentando a morte de mulheres. Afirma também ser contrário ao banheiro unissex que, segundo ele, aumenta a violência sexual contra as mulheres. "Será que sou eu o misógino? Eu amo as mulheres e, diferente delas, eu as defendo", completa a nota. “A esquerda e os aliados que me perseguem sofrem do que a psicologia chama de lei do espelho, por não suportarem as próprias características, projetam-nas em mim o que eles são”, diz Hossri na nota.