TRANSPORTE

Guerra por território cria tensão em Sumaré

Violência marca disputa entre setor complementar e empresas de ônibus

Da Agência Anhanguera
08/06/2018 às 07:31.
Atualizado em 28/04/2022 às 12:06
Veículo alternativo circula logo à frente de ônibus do sistema convencional: em 2002 houve até um assassinato em meio aos desentendimentos (Thomaz Marostegan/Especial para a AAN)

Veículo alternativo circula logo à frente de ônibus do sistema convencional: em 2002 houve até um assassinato em meio aos desentendimentos (Thomaz Marostegan/Especial para a AAN)

Sumaré vive uma guerra velada pelo domínio do transporte público que pode provocar a paralisação geral dos coletivos da cidade a partir de hoje. Desde o ano passado, relatos de espancamentos e até ameaças de morte envolvendo “perueiros” do transporte complementar (micro-ônibus) e motoristas e cobradores da Viação Ouro Verde, concessionária dos ônibus, têm se tornado constantes. Na última quarta-feira, a agressão sofrida por uma motorista de ônibus da linha urbana 155 (Terminal Rodoviário/Jardim Maria Antônia) simbolizou o estopim da confusão. Ela foi atacada sucessivas vezes com um cinto por um perueiro e chegou à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Macarenko com cortes na testa e sangrando. De acordo com a Prefeitura, o desentendimento começou por causa de um atraso de 15 minutos no horário de saída do coletivo. O motorista da van teve a permissão para operar excluída e o veículo foi suspenso por 15 dias, não podendo trafegar durante esse período. “Estava trabalhando e apanhei por nada. Me senti humilhada. Sempre teve briga entre perueiros e o pessoal dos ônibus de Sumaré, mas ultimamente tem ficado insustentável. Já teve até tiro ano passado. Eles (perueiros) pedem para rodarmos com os ônibus vazios para deixar eles com mais passageiros”, relata Josiane Raimundo, a motorista agredida. O Sindicato dos Condutores de Americana e Região, que representa os motoristas de ônibus de Sumaré, chegou a marcar uma paralisação dos ônibus da Viação Ouro Verde para a manhã de ontem, mas desistiu após negociação com a Secretaria de Mobilidade Urbana e Rural. Para hoje, a promessa é que a greve enfim tenha início, segundo o presidente do sindicato, Paulo Sérgio da Silva, o Paulinho: “É uma covardia o que esse perueiro fez com a motorista. Homem que bate em mulher é covarde. Sexta vamos travar a cidade inteira. As autoridades de Sumaré não têm coragem de tomar providências. Só vamos voltar quando o prefeito, comandante da Guarda Municipal ou Polícia Militar fizerem algo”. Briga antiga A disputa pelo monopólio do transporte público de Sumaré é antiga e envolve atualmente a frota de 36 ônibus que operam na cidade e as 14 vans/micro-ônibus que circulam pelas mesmas linhas dos coletivos. Até hoje, um crime envolvendo o antigo líder dos perueiros ainda não foi esclarecido. Em 2002, o presidente da Coopersum (Cooperativa dos Perueiros de Sumaré), Wilson Moreira Franco, então com 42 anos, foi assassinado com oito tiros dentro de uma padaria no Jardim Bom Retiro, na região da Área Cura. O atirador nunca foi localizado. Wilson Mineiro, como era conhecido, tinha passagens pela polícia por homicídio e porte de arma. A reportagem procurou Renato Machado Silva e Eduardo Romiti de Souza, que se apresentam, respectivamente, como atual presidente e diretor da Coopersum, mas ambos não atenderam às chamadas telefônicas feitas durante a tarde de ontem.

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