Filhotes que caem dos ninhos recebem cuidados e são soltos
Uma ação delicada, em plena "selva de pedras" , ocorreu em Campinas, ontem pela manhã. Moradores do Condomínio São Lourenço, no bairro Cambuí, resgatam filhotes de pássaros que caem do ninho no jardim do prédio, cuidam e soltam quando estão prontos para voarem. O ato começou há 10 anos, com o zelador José Antônio Matias da Costa, de 49 anos, e ganhou adesão dos condôminos. Em uma década, ao menos 20 aves foram salvas pelos ativistas. A exemplo do que fazem há anos, na manhã deste sábado (5) não foi diferente, eles soltaram três sabiás pardos que caíram do ninho. O grupo fez questão de registrar a soltura, já que é a primeira vez que três filhotes irmãos sobrevivem e voltam à natureza. "Se cada pessoa salvasse um filhotinho, nossa fauna seria muito melhor" , diz o aposentado Francisco Guimarães, o seo Tito, de 93 anos, que ensinou os vizinhos a cuidarem das aves. O prédio fica na Rua Santa Cruz, onde mora cerca de 70 pessoas. Na calçada, há dois ipês-amarelos e no jardim da frente, coqueiros areca, gramado e flores. Por lá, segundo os moradores, voam livremente todo o tipo de passarinho, desde gavião a beija-flores. "São inúmeras as espécies. O Cambuí é muito arborizado e isso favorece a natureza" , avalia o comerciante José Carlos Martinez, de 64 anos. Segundo os moradores, os pássaros fazem ninhos nas árvores, arbustos e até nos vasos de plantas que ficam nas sacadas dos prédios. Como reproduzem entre setembro e novembro, todo ano há entre um e dois filhotes que caem do ninho, seja pelo vento, chuva ou até mesmo pelos predadores. Sempre atento aos ninhos neste período, Costa procura resgatar todos os filhotes que caem no quintal do prédio, e os colocam em uma gaiola, exceto os de rolinhas, que têm que ficar livre para não serem abandonada pelos pais. "Nossa função é proteger os filhotes, dos predadores que são gatos e gaviões. Não damos comida e nem água, pois quem faz são os pais. Procuramos não interferir na natureza deles" , conta o zelador. As aves ficam protegidas até ganharem penas, o que leva uns 45 dias. Neste período, o pai e a mãe estão sempre por perto, alimentando e cuidando dos filhotes. Como é um conhecedor dos hábitos das aves, seo Tito ensinou Costa e outros moradores sobre o comportamento como cuidar de cada um. "Quando o filhote começa a ganhar independência, se preparando para o voou, apenas a mãe aparece, com menos frequências. Isso significa que está na hora de soltarmos. A gente faz a soltura e acompanha como ficam. Alguns caem, e voltamos eles para a gaiola, até estarem aptos. Após a soltura, eles ainda permanecem nas árvores por cinco a seis dias, depois vão embora" , relata Costa. O prazer do grupo é salvar os filhotes e devolver para a natureza. Até o pequeno Felipe, neto do aposentado Valdir Rodrigues, de 73 anos, já acompanha o processo de resgate e soltura das aves. "A gente traz comida para que os pais possam dar aos filhotes. Na minha sacada, há um ninho e todo ano as rolinhas botam nele. É muito bonito" , diz. Para quem quiser trocar informações ou precisa de orientações sobre como resgatar e cuidar de aves, os moradores criaram o e-mail passarinhoquecaiudoninho@hotmail.com.