Lideranças culturais querem que homenagem a Campos Salles retorne para o Largo do Rosário
Em 1956, a Administração o transferiu o monumento para a esquina da Rua Onze de Agosto (César Rodrigues/AAN)
Lideranças culturais de Campinas reivindicam da Prefeitura a volta do monumento em homenagem a Campos Salles ao Largo do Rosário. Inaugurado em 1934, o marco ficava bem no centro da Praça Visconde de Indaiatuba, sobre uma base feita com blocos de mármore, e rodeado de canteiros. Acontece que, em 1956, a Administração o transferiu para a esquina da Rua Onze de Agosto com a avenida que leva o nome do próprio político. A mudança, segundo justificativa da época, ia revitalizar o largo e facilitar a circulação das pessoas. Mas não se imaginava, na época, que o monumento seria condenado ao abandono e à degradação. Para Marino Ziggiatti, presidente do Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA), a transferência, em 1956, já foi um crime contra o patrimônio. A antiga base de mármore foi removida, e a imponente obra de arte do escultor paulistano Yolando Malozzi (que ocupava originalmente 30 metros quadrados), passou a tomar espaço menor para caber na rotatória para onde foi levada. Na época, a comunidade artística se rebelou com o monumento retalhado, e o próprio escultor moveu uma ação judicial contra a Prefeitura, exigindo a reinstalação da base. O artista foi indenizado, mas o monumento continuou modificado, no canto de uma pracinha atualmente batizada com o nome do ex-prefeito Heitor Penteado. O monumento tinha 12 metros de altura (hoje tem dez). “O público não sente falta do que não conheceu. Mas o que de fato motiva nossa campanha é que o cidadão comum agora, simplesmente não consegue apreciar a obra”, diz Ziggiatti. E ele explica. A estátua do ex-presidente sentado em uma poltrona — em uma das faces do monumento — é virada para a Avenida Campos Salles. O detalhe é que só existe uma calçadinha estreita por ali, com 30 centímetros de largura. Quem se arrisca a caminhar no trecho corre o risco de perder o equilíbrio, cair no asfalto, ser atropelado. Só é seguro andar pelas “costas” do monumento, onde há o passeio calçado. Quem efetivamente dirige pela avenida nem consegue ver o rosto do ex-presidente. A mão de direção dos veículos segue em direção à Avenida Francisco Glicério. E o presidente só é visto pelo retrovisor. O manifesto pedindo a realocação do monumento no Largo do Rosário, encaminhado ao prefeito Jonas Donizette (PSB), tem a assinatura de Ziggiatti e de representes de diversas instituições culturais locais, como a Academia Campinense e Letras (ACL), a Academia Campineira de Letras e Artes(ACLA) e o Instituto Histórico, Geográficos e Genealógido de Campinas (IHGGC). A campanha começou a ser articulada no dia 28 de junho, quando as lideranças culturais se reuniram para uma atividade cívica para lembrar o centenário de falecimento do ex-presidente. O prefeito recebeu pessoalmente a carta das mãos de Ziggiatti, e se prometeu analisar a proposta.