MOBILIZAÇÃO

Grupo protesta contra abrigo para mendigos

Comerciantes e moradores do Centro não querem serviço na região

Cecília Polycarpo Cebalho
01/05/2013 às 08:05.
Atualizado em 25/04/2022 às 18:06
Moradores e comerciantes da Rua José Paulino em frente à casa onde funcionará o Centro Pop (Edu Fortes/AAN )

Moradores e comerciantes da Rua José Paulino em frente à casa onde funcionará o Centro Pop (Edu Fortes/AAN )

Comerciantes da Rua José Paulino, no Centro de Campinas, e moradores da região se mobilizam para barrar a instalação do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) na via. O serviço municipal, que irá oferecer cuidados de higiene pessoal, alimentação e cursos de capacitação profissional a sem-tetos, deve começar no segundo semestre e vai substituir a Casa da Cidadania, hoje localizada no Terminal Central. Empresários e vendedores temem que a circulação de mendigos na rua afaste os consumidores e aumente a sensação de insegurança.

O movimento contra o Centro Pop na rua começou há 15 dias, depois de a Prefeitura ter anunciado que iria alugar o prédio da antiga Faculdade de Assistência Social da PUC- Campinas para abrigar o serviço. Porém, a região tem dezenas de lojas de locação de roupas e comércio de móveis, além de cafés, bares e restaurantes. Representantes da comissão de moradores procuraram a Secretaria de Assistência Social para discutir uma solução para o caso.

“Eles tentaram nos convencer que o centro vai ser bom para o comércio da rua, pois irá trazer mais infraestrutura para a região, mas não explicaram que melhorias seriam essas”, disse a vendedora Edneia Mandeta, uma das organizadoras do movimento. Para ela, o serviço aos moradores de rua é essencial, mas deve ser alocado em um ponto com menor circulação de pessoas. “Infelizmente, os moradores de rua incomodam os clientes. Ele abordam os fregueses, pedem dinheiro e costumam ficar nas calçadas, em frente ao serviço. O pessoal que passar por aqui mal vai conseguir andar. É isso que acontece em frente ao Samin (Serviço de Atendimento ao Migrante Itinerante), no Bonfim”, disse a vendedora.

A empresária Rogênia Puron, proprietária de uma loja de noivas, afirmou que a presença de alguns moradores de rua na região já afugenta clientes. “A situação vai piorar se o centro de acolhimento for em frente à minha loja. O local foi muito mal pensado, ninguém cogitou o impacto que o serviço teria no comércio”, disse.

Moradora da Rua Duque de Caxias, perpendicular à José Paulino, a dona de casa Kátia Coelho organizou um abaixo-assinado entre seus vizinhos contra a instalação do Centro Pop na região.

O primeiro documento entregue à Prefeitura e à Câmara de Campinas tinha mais de 300 assinaturas. Agora, Kátia prepara um segundo abaixo-assinado, com comerciantes da Avenida Francisco Glicério e das ruas Regente Feijó e Ferreira Penteado. “Ninguém quer o serviço aqui. Temos duas creches por perto. São crianças que passam todos os dias nessa rua. Os pedintes muitas vezes se tornam agressivos, principalmente quando não damos dinheiro”, disse.

A coordenadora setorial de Proteção Social para População Adulta em Situação de Rua, da Secretaria de Assistência e Inclusão Social, Catia Rose Gonçalves, afirmou que a migração do serviço prestado pela Casa da Cidadania para outro local é urgente. Segundo Catia, no Terminal Central, os sem-teto ficam expostos a pontos de venda de álcool e drogas, o que dificulta a saída deles das ruas. “Além disso, na Regente Feijó, onde temos um Centro Pop menor, os comerciantes não reclamam de problemas com os sem-teto. O serviço é justamente para tirá-los das calçadas, da situação de mendicância. E eles não vão dormir no centro”, explicou. A Prefeitura tem uma verba mensal de R$ 13,8 mil do governo federal para montar o serviço. O aluguel da casa deve sair por R$ 13,3 mil. “Estamos esperando o aval do jurídico da Prefeitura para alugar a casa”, afirmou.

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