Integrantes do Programa "Parteiras Lucina" promovem, uma vez por ano, evento no Centro de Convivência para orientar famílias sobre amamentação saudável
As amigas Aparecida de Oliveira, de 96 anos, e Nair Delbone, de 86 anos, acompanharam atenciosas a palestra “Empoderar mães e pais, favorecer a amamentação. Hoje e para o futuro!”. As duas estavam sentadas em um banco, bem ao lado de onde foi realizado o “Mamaço” e cada uma palpitava entre si sobre a discussão e concordavam que a amamentação era muito importante para evitar doenças. “Tive seis filhos e o caçula amamentei até os 3 anos. Amava e sempre achei muito importante. Amamentar, mesmo quando a criança cresceu, não é vergonha. É muito saudável”, disse Nair. Esta foi a quarta edição do Mamaço, que acontece sempre na Praça Imprensa Fluminense, no Centro de Convivência, no bairro Cambuí, em Campinas. Em média, cerca de 20 mamães participam do evento, organizado por um grupo composto por enfermeiras e consultoras da área de educação. “Fazendo a meta ideal de amamentação até seis meses e continuar até pelo menos 2 anos, conseguiríamos prevenir cerca de 800 mil mortes de bebês por ano. A gente luta por isso, acredita, pois a amamentação vai além do benefício só para aquela família”, disse a enfermeira obstetra e uma das organizadoras do evento, Jéssica Teles. De acordo com a especialista, a média de amamentação no Brasil é de 54 dias. Tempo esse considerado vergonhoso. Ela credita que o curto espaço de tempo aliado a falta de informações, tanto por parte das gestantes e mamães, como dos profissionais, que muitas das vezes, fazem orientações desatualizadas. “Não existem tempos fixados para a amamentação. Quando o bebê pede é porque ele precisa. Quando a mamãe está com o peito dolorido, porque é hora de amamentar. A amamentação é muito importante em todas as fases. (…) a criança vai largar o peito quando ela quiser. É muito importante que a família ajuda a mãe”, frisou Jéssica. Para a supervisora Solange Moreira, de 37 anos, mãe de Isabela, de dois meses, a amamentação ainda é um tabu nos tempos atuais. Segundo ela, apesar da disseminação das informações, existe muito desencontros e falta da orientação. “Não é fácil amamentar. Toda mãe não é igual. Tive dificuldade, mas busquei apoio junto a profissionais. Tenho muito leite e minha filha sufocava. Amamentar é um mistério. Hoje amo amamentar e quero fazê-lo até que minha filha não queira mais”, disse.