Universitários protestam contra o uso do espaço para a construção da Biblioteca de Obras Raras (Bora)
Um grupo de estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) está acampado em barracas em uma área ao lado da Biblioteca Central, desde terça-feira (2), em protesto contra o uso do espaço para a construção da Biblioteca de Obras Raras (Bora). Segundo os universitários, o prédio vai eliminar um espaço de convivência histórico da comunidade acadêmica e obstruir a saída de emergência do Ginásio de Esportes, localizado atrás do espaço onde a Bora está sendo construída. Eles pretendem permanecer no local até serem ouvidos pela reitoria da Unicamp.
O espaço foi ocupado depois que os alunos perceberam a movimentação de operários e implantação de estacas no local. Durante a noite, o grupo se reveza. Mesmo assim, os estudantes não conseguiram evitar o andamento do projeto e o fechamento do espaço com telas. “A gente tentou ocupar antes, mas as vigas já haviam sido colocadas”, afirmou o estudante de música Stefano Mazzo. Eles ressaltam que não são contra a construção da biblioteca, mas contra a utilização do espaço. “Queremos que a biblioteca seja construída, mas em outro local. Aqui, estão obstruindo a saída de emergência do ginásio, além de estarem ocupando um espaço de convivência usado por todos para estudo, durante a calourada, e de ser usado como passagem para acessar o ginásio e outros espaços da Unicamp. Isso sem falar nas árvores centenárias que eles vão arrancar daqui”, reclamou a estudante de dança Laís Rodriguez. O grupo chegou a encaminhar uma carta à reitoria pedindo explicações. “Os estudantes do Instituto de Artes(IA)encaminharam o documento solicitando informações, mas até agora não obtiveram respostas. Já existe um conflito com a reitoria há algum tempo em relação àquele terreno. Sabendo disso, eles deixaram para iniciar as obras perto do período de férias para enfraquecer qualquer movimentação dos estudantes. É uma batalha no sentido da universidade ser vista também como espaço de convivência e integração”, afirmou Carolina Filho, coordenadora do Diretório Central de Estudantes. Ao longo do protesto, os universitários resolveram ampliar a pauta, reivindicando mais vagas na moradia da Unicamp, transparência nas instâncias mais altas com os discentes, melhorias no IA. “Estão com uma série de projetos novos, mas falta material no IA. Compram terrenos, mas o IA perdeu o espaço da cantina. As casas da moradia são para quatro pessoas, mas atualmente estão sendo ocupadas por mais de seis alunos”, reclamou a estudante Janaína Betel. A universidade foi procurada, mas até o fechamento desta edição não se pronunciou. A construção da Bora deve custar mais de R$ 11 milhões e parte desse valor será bancado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O arquiteto contratado, Cláudio Mafra, é o mesmo que projetou a Biblioteca Central. O edifício abrigará as obras raras da Unicamp e contará com áreas de acervo, áreas públicas de serviços técnicos, de preservação, além de espaços para pesquisadores e para exposição. A estimativa da universidade é de que existam pelo menos 100 mil volumes de obras raras e coleções especiais dispersos em diferentes espaços da Unicamp.