PRESERVAÇÃO

Grupo cobra ação contra 'apagão celeste' em distrito

Congeapa pede rigor no controle da iluminação que esconde constelações de Joaquim Egídio

Maria Teresa Costa
08/08/2013 às 06:30.
Atualizado em 25/04/2022 às 06:05
Rua no loteamento Colinas do Ermitage: sem postes de iluminação (Elcio Alves/AAN)

Rua no loteamento Colinas do Ermitage: sem postes de iluminação (Elcio Alves/AAN)

As estrelas em Joaquim Egídio estão se apagando. Cada vez mais a iluminação do distrito e das cidades ao redor tira a possibilidade de observação da Via Láctea: das 65 constelações visíveis na latitude onde está Campinas, dez já não são mais vistas no Observatório Municipal Jean Nicolini. O apagão celeste tende a aumentar com o avanço imobiliário. O Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental (Congeapa), que iniciou debates nesta quarta-feira (7) sobre a iluminação, quer uma legislação mais rigorosa para a preservação da visibilidade das estrelas e a tranquilidade da fauna da APA.O principal problema, segundo a coordenadora dos debates, Sandra Marques, da organização não governamental (ONG) Apa Viva, é a falta de fiscalização. A lei atual define normas que devem ser obedecidas em raios que vão de 300 metros a 10km do observatório, mas que não são cumpridas. “Vamos ouvir especialistas para, no final, ter um elenco de medidas a serem adotadas e propostas para uma nova legislação, mais rígida, que regule as luzes na APA. Temos falta de fiscalização. Temos uma lei que precisa de regulamentação e a discussão tem que ser ampla. Hoje há restrições num raio de 10 quilômetros do Observatório, mas isso não vai proteger as observações e nem a APA”, afirmou.Segundo ela, há muitas irregularidades cometidas e multar não adianta. “Precisamos ser proativos, ver como resolver a questão de forma que as pessoas possam ter mais consciência e colaborar”, afirmou.O astrônomo Julio Lobo, que há 36 anos trabalha no Observatório Municipal, disse que no início era possível ver cerca de 6 mil estrelas a olho nu em Joaquim Egídio. Hoje, não ultrapassam 2 mil. No horizonte já não se vê mais nada. “Somos afetados pela luz de Campinas, de Morungaba, Itatiba e a luta é para preservar o céu para futuras gerações porque da forma como as coisas estão indo, logo as crianças só verão as estrelas em computador”, afirmou.Para ele, falta boa vontade de todos, porque é possível iluminar uma rua sem que a luz atrapalhe. “O problema é que as pessoas iluminam o céu e não o chão. Lá no Pico das Cabras a gente olha para Campinas e vê a luminosidade intensa. Antes atingia 10 graus e hoje chega a 30 graus”, afirmou. Na área urbana de Campinas, informou, só se consegue ver 30 constelações integralmente e dez parcialmente.

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