EXPEDICIONÁRIOS

Grupo atinge marca histórica no atendimento a indígenas

Pela 1ª vez, iniciativa com atuação na Amazônia faz quatro cirurgias em Campinas

Daniel de Camargo
03/04/2018 às 07:57.
Atualizado em 23/04/2022 às 09:25

A 39ª expedição da tríade formada por médicos, Hospital Centro Médico e pelos Expedicionários da Saúde, organização não governamental criada em 2003, que tem como objetivo levar medicina especializada, principalmente atendimento cirúrgico às populações indígenas que vivem isoladas na Amazônia, foi a que mais resultou na história em tratamentos — ao todo quatro — feitos na unidade de saúde em Campinas. Nesse caso, todos os pacientes foram trazidos para cá da região do Alto Rio Juruá, no Acre, divisa com Amazonas, devido à cirurgia requerer um aparato disponível somente em um ambiente hospitalar, ao contrário de intervenções mais simples realizadas na própria aldeia. O projeto tem transformado em realidade o sonho de alguns índios, proporcionando uma melhor qualidade de vida por meio de procedimentos gratuitos. A primeira operação ocorreu em novembro passado. O contemplado foi Josias Kampa, de 23 anos, que pertence à etnia ashaninka. Diretor da ONG, o ortopedista Ricardo Affonso Ferreira, que também faz parte do corpo clínico do Centro Médico, explica que o paciente não conseguia mexer o ombro direito, em decorrência disso foi submetido a uma correção de luxação traumática, conhecida como latarjet. A segunda intervenção foi efetuada em 19 de fevereiro deste ano, quando ocorreu a regularização de coto de amputação em Keila Fernandes Barbosa Kaxinawá, que apresentava má-formação congênita na perna esquerda. Ferreira explica que eles adequaram a imperfeição possibilitando o acoplamento de uma prótese ortopédica. “Keila é uma criança de 9 anos que nunca andou, sua locomoção se limitava a pequenas distâncias pulando, o que exigia grande esforço físico. Dependia da família para carregá-la em longas distâncias, até mesmo para subir escadas ou embarcar em canoas ou barcos, ir para escola, brincar”, conta o médico.   A terceira intervenção foi realizada no dia 7 de março, quando Estefâni Silva do Nascimento, de 7 anos, também passou por uma regularização de coto de amputação, pois apresenta a mesma condição de Keila, porém na perna direita. Ferreira conta que ela andava com muita dificuldade e usava um acessório que o próprio pai confeccionou, o que não supria as necessidades para sua locomoção. O quarto tratamento aconteceu no último dia 14, quando Franscisco Elizaldo Nunes Ferreira, indígena kaxinawa de 43 anos, passou por uma artroplastia total do quadril direito, pois a articulação óssea da região estava desgastada. Isto leva a um aumento gradativo da lesão e da dor ao se movimentar, provocando a imobilidade total do indivíduo. A reparação deu-se por meio de uma prótese. Estefâni, Francisco e Keila seguem sendo submetidos a consultas periódicas para acompanhamento pós-operatório. 

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