LOJA PARA MORADOR DE RUA

Grupo arrecada roupas para doação a moradores de rua

Ação é inspirada no programa The Street Store, que teve início no ano passado na África do Sul e se espalhou pelo mundo recentemente e, despertou a atenção de voluntários na região

Gustavo Abdel
11/07/2015 às 19:39.
Atualizado em 23/04/2022 às 08:21
Os estudantes João Gabriel Serrano Silva, Gabriela Lanzolo dos Reis e Lucas Cremonezi Fernandes (de barba), do Projeto Street Store ( Dominique Torquato/ AAN)

Os estudantes João Gabriel Serrano Silva, Gabriela Lanzolo dos Reis e Lucas Cremonezi Fernandes (de barba), do Projeto Street Store ( Dominique Torquato/ AAN)

Um grupo de jovens universitários espalhados por toda a Região Metropolitana de Campinas (RMC) está se mobilizando para promover a primeira “loja de caridades” voltada a moradores em situação de rua que vivem em Campinas. O projeto denominado The Street Store, que teve início no ano passado na África do Sul e se espalhou pelo mundo recentemente, despertou a atenção de voluntários na região, mobilizou milhares de pessoas pelo Facebook e até o momento já são mais de 40 sacos contendo roupas, acessórios como gorro e cachecol, e sapatos que vão servir a muita gente que vive nas ruas.Os voluntários vão colocar araras com as roupas divididas em cabides dentro de alguma instituição — duas delas analisam a proposta —, que vai se transformar em uma “loja”. A retirada das peças é feita pelos moradores de rua, como se estivessem fazendo uma compra, escolhendo a que mais lhe cairá bem e, principalmente, a que esquentará mais, diante do frio que está fazendo desde o início do mês de julho. A data ainda não foi definida, mas os organizadores pretendem realizar o evento em um final de semana deste mês.No mundo afora, o projeto The Street Store funciona ao ar livre, com alguns pôsteres de papelão que servem para pendurar as roupas e acessórios oferecidos, gratuitamente, àqueles que não têm condições de comprá-los. “Decidimos colocar o projeto dentro de uma instituição justamente para conseguir abranger mais moradores nessas condições. Estamos, inclusive, em contato com duas instituições, uma delas ligada à Prefeitura, aguardando a liberação para montarmos o projeto”, disse Lucas Cremonezi Fernandes, de 20 anos.Lucas ficou tocado pelo vídeo que assistiu sobre o projeto e, no compartilhamento com os amigos de rede social, já entrou de cabeça na campanha, se propondo a fazer a mesma ação em Campinas, mesmo que não tivesse um rumo de como começar.“Em Campinas tem muitos moradores ‘jogados’ na cara da sociedade, e que precisam de ajuda”, disse. “Decidi fazer, avisei os amigos e depois de um mês de campanha nas redes sociais já temos mais de 2,5 mil curtidas”, revelou o estudante de publicidade.O trabalho de separação das peças tem a ajuda dos colegas João Gabriel Serrano, de 17 anos, e de Gabriela Lanzolo dos Reis, de 18. As doações estão sendo recebidas por uma rede de amigos espalhados pelas cidades de Monte Mor, Sumaré, Santo Antônio de Posse, Valinhos, Limeira, Louveira e em Campinas, onde dez pessoas recebem em suas casas as doações, que posteriormente são transferidas para a república onde mora João Gabriel, no Jardim Paraíso, ao lado do estádio do Guarani.“Muita gente tem roupa em casa, mas não tem uma direção para quem doar. Percebemos muito isso nas falas das pessoas que fizeram sua contribuição. E percebemos também a força solidária que a internet pode promover para causas sociais”, avaliou Lucas. Uma das doadoras forneceu dois sacos, um com centenas de gorros e, no outro, centena de cachecóis. “Parece que foram confeccionados para a própria campanha”, acredita Gabriela. Todo o material já recebido está sendo triado por tipo, tamanho (infantil e adulto) e gênero. As roupas femininas são as mais doadas, por isso, o grupo pede peças para homens, a maioria dos que vivem em situação de rua. Após a escolha, as roupas são embrulhadas pelos voluntários e os moradores de rua podem seguir seu rumo novamente.“Todo o processo de escolher o que se gosta é muito importante, pois normalmente isso não acontece, já que os moradores de rua costumam vestir qualquer coisa que lhes dão”, reforçou João Gabriel. Para que a ação levasse o nome da Street Store, Lucas Costa disse que foi preciso fazer um cadastro em um site e aguardar que fosse efetivado. Uma equipe da Street Store da Cidade do Cabo, na África do Sul, enviou a mensagem dando um “ok” para o universitário.No Brasil, São Paulo, Maringá e Recife já tiveram suas lojas a céu aberto e foi um sucesso, segundo os organizadores. No mundo, já são mais de 260 experiências do projeto e milhares de pessoas atendidas.DoaçõesAs doações para o evento em Campinas seguem até que a data seja marcada em definitivo, mas os voluntários dizem que por causa do montante de roupas, outras edições do evento devem ser organizadas ao longo do ano e que peças de crianças (já que quase não existem crianças junto a moradores de rua) poderão ser repassadas a demais instituições. “A ideia é fazermos uma versão para o Verão também e separar algumas peças mais curtas para essa ocasião”, disse Gabriela.COMO DOAROs interessados em doar roupas para a campanha podem visitar a página no Facebook “Projeto The Street Store Campinas”, que tem todos os detalhes e contatos. É possível o doador encontrar o ponto de entrega mais próximo de sua casa e praticar a boa ação.

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