Cerca de 35 mil usuários do transporte coletivo municipal de Paulínia ficaram sem o serviço nesta quarta-feira (15) por causa da greve dos motoristas e cobradores. A greve ocorre por causa da falta de um acordo em relação ao reajuste salarial pleiteado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Campinas e Região e a empresa Passaredo, que é a permissionária do serviço. De acordo com o representante do sindicato, Marcos Caran, a data base da categoria venceu em maio e os motoristas e cobradores pedem um reajuste salarial de 9,89%, que é o índice inflacionário do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) dos últimos 12 meses, mais a correção no mesmo patamar do vale-alimentação. Atualmente o piso dos motoristas é de R$ 2.150,00 e o dos cobradores, R$ 1.265,00. O vale-alimentação para ambas as categorias é de R$ 395,00. Ele calcula que a greve teve uma adesão inicial expressiva, de cerca de 90% dos 200 motoristas da empresa. “O sindicato protocolou em abril a pauta de reivindicações e não obteve nenhuma resposta da empresa. No fim do mês passado a empresa nos enviou um comunicado dizendo que não concederia nenhum reajuste por causa da crise financeira”, disse ele. O sindicalista também citou que o preço da tarifa, que é subsidiada em R$ 1,00, não foi reajustada este ano pela Prefeitura, o que pode ter contribuído para o impasse. Desde o começo da madrugada, os grevistas e representantes do sindicato estão concentrados na garagem da empresa buscando mais apoio ao movimento. Na quarta à tarde, os grevistas fizeram uma passeata pelo centro da cidade acompanhados por um caminhão de som. A movimentação foi acompanhada de perto por viaturas da Guarda Civil Municipal e da Polícia Militar e não houve incidentes. Além da paralisação do serviço do transporte coletivo municipal, cerca de 2 mil crianças ficaram sem o transporte escolar em Paulínia. No município funciona o Projeto Canarinho, que é uma sobreposição do transporte municipal utilizado exclusivamente por estudantes. As outras duas empresas que fazem parte deste programa mantiveram normalmente o atendimento. Subsídio mais alto A Prefeitura de Paulínia divulgou nota oficial na tarde desta quarta para informar que reajustou na terça, em 9,89% (o INPC dos últimos 12 meses) o valor da tarifa na passagem da cidade. O valor foi de R$ 2,60 para R$ 2,85, o que significa aumento de R$ 0,25 pago pela Prefeitura em forma de subsídio à empresa. Diz ainda a nota que a correção do valor não implica aumento para os usuários, pois o valor da tarifa continua R$ 1,00, “em razão da política social da administração”. A Prefeitura informou ainda investir cerca de R$ 16,5 milhões anuais no subsídio. Por fim, a Administração diz acompanhar com preocupação o impasse trabalhista entre a concessionária e o sindicato do setor e que tem a expectativa de um desfecho saudável das negociações, prometendo ainda notificar a prestadora do serviço pela paralisação com riscos de aplicar uma multa. “A Prefeitura espera ainda que seja mantido 70% das operações, conforme reza a legislação de greve vigente”, encerrou a nota. A assessoria de imprensa da Passaredo foi procurada para comentar o assunto, mas não houve retorno. Prejuízos A greve dos motoristas e cobradores em Paulínia afetou as pessoas que utilizam os circulares para irem ao trabalho. O repositor de supermercado Leandro Rodrigues de Oliveira, de 21 anos, que mora no Jardim Flayamboat, disse que teve que acordar às 5h30 da manhã para não chegar atrasado ao serviço. “Vários colegas meus chegaram atrasados, mas eu não critico a greve. Os motoristas merecem o reajuste.” No mesmo tom se manifestou a manicure Valéria Felix dos Santos, de 31 anos. “Os ônibus vivem lotados e os motoristas e cobradores sofrem muito. Nada mais justo que tenham aumento.”