CAMPANHA SALARIAL

Greve de servidor termina com protesto

Sindicato fecha acordo na Justiça sem consultar categoria e funcionários causam tumulto no Paço

Milene Moreto
milene@rac.com.br
06/06/2013 às 07:59.
Atualizado em 25/04/2022 às 13:23

À revelia dos servidores de Campinas, o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal decidiu encerrar a greve na Justiça num acordo com o governo Jonas Donizette (PSB), sem que os grevistas fossem consultados em assembleia. A decisão causou tumulto na noite de ontem no Paço Municipal. Após terem apenas lido a ata emitida pelo Judiciário, os sindicalistas ligados ao partido do prefeito tiveram de sair escoltados do Palácio dos Jequitibás. Os servidores que aderiram ao movimento chamaram de “golpe” a atitude do sindicato, que fechou o acordo do reajuste sem consulta, e prometem questionar na Justiça a decisão da diretoria.

Em audiência de conciliação ocorrida na 2 Vara da Fazenda Pública, sob o comando do juiz Wagner Roby Gidaro, a comissão que representou os servidores aceitou o reajuste de 6,68% nos salários, aumento no vale-alimentação dos atuais R$ 528,00 para R$ 590,00, o vale-nutrição para os aposentados no valor de R$ 80,00 a ser pago retroativo a maio e auxílio-funeral de R$ 3 mil para servidores ativos e inativos. Os sindicalistas também concordaram que os servidores que recebiam apenas metade do vale passem a receber agora o valor integral. A condição para que os benefícios fossem concedidos aos servidores foi de que o sindicato não levasse a decisão para a assembleia. Com o acordo judicial, os sindicalistas fizeram apenas a leitura da ata diante dos grevista.

Foto: Edu Fortes/AAN Jadírson Cohen, diretor do sindicato, é protegido por seguranças Os funcionários que aderirem à greve serão obrigados a compensar os dias parados. Foram 11 dias de paralisação. O prazo de reposição para que não haja o desconto prometido pelo Executivo é de 90 dias. Uma das coordenadores do sindicato, Rosana Medina, disse ontem que a determinação sobre não levar as decisões da conciliação para a assembleia foi da Justiça. Sobre os protestos ocorridos em razão da ausência de consulta da categoria sobre as deliberações, Rosana afirmou que se trata de um ato de um núcleo isolado. “Apenas um grupo se rebelou contra a decisão”, afirmou.

Adesão

O acordo entre o sindicato e o governo ocorreu no dia em que a greve começou a ganhar corpo. Na tarde de ontem, o Paço Municipal ficou lotado de grevistas que fizeram, inclusive, um enterro simbólico do prefeito e do secretário de Recursos Humanos, Marionaldo Maciel. Até o ano passado, Maciel era uma das principais figuras do sindicalismo. Ele deixou o sindicato para assumir a vaga no governo no início deste ano. A movimentação dos servidores fez com que a Guarda Municipal fechasse o acesso de parte do Palácio dos Jequitibás. O governo se preparou também no caso de uma invasão do prédio. O acesso por elevador ao quarto andar foi bloqueado. Na entrada do gabinete do prefeito também foram colocadas mesas para dificultar a passagem.

A categoria pleiteava junto ao Executivo um aumento de 16,79% no salário e ampliação do vale-alimentação de R$ 528,00 para R$ 678,00. Um dos principais negociadores do Executivo, Wanderley Almeida, secretário de Relações Institucionais, afirmou durante todo o período da greve que a Prefeitura precisou contratar um grande número de servidores e que isso fez com que a folha de pagamento fosse ampliada, inviabilizando um acordo maior com a categoria.

O Executivo realizou três mesas de negociação e, após a categoria decidir pela greve, a discussão foi suspensa e terminou na Justiça.

Contrários

Os servidores que fizeram frente à atual diretoria sindical ligada ao PSB durante o processo eleitoral do sindicato este ano, disseram ontem que estudam as ferramentas disponíveis para que se questione a postura do atual comando da entidade. Margarida da Silva Calixto, que chegou a concorrer ao pleito, chamou de “golpe” a atitude sindical e disse que os grevistas vão se organizar para derrubar a decisão. “Um dia antes aprovamos em assembleia que a comissão traria as propostas para todos os servidores analisarem. Isso não ocorreu. Vamos buscar os nossos direitos”, afirmou.

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