perecíveis estão escassos

Greve compromete entrega de alimentos em mercados

Produtos da linha de hortifrúti e perecíveis são os mais escassos

Henrique Hein
29/05/2018 às 18:12.
Atualizado em 28/04/2022 às 10:31
O campineiro teve dificuldade para encontrar alguns tipos de frutas, legumes e verduras (Matheus Pereira)

O campineiro teve dificuldade para encontrar alguns tipos de frutas, legumes e verduras (Matheus Pereira)

Se no último final de semana, a greve dos caminhoneiros ainda não afetava tanto assim as compras dos campineiros, bastaram apenas dois dias para a situação mudar de figura. Isso porque, a falta pontual cada vez maior de alguns itens nas Centrais de Abastecimento de Campinas (Ceasa), está comprometendo (dia após a dia) o abastecimento de alimentos em diversos estabelecimentos da cidade. Nos supermercados da região, a variedade de alimentos está em falta - produtos da linha de hortifrúti e perecíveis são os mais escassos. Já quem optou por passar terça-feira pelo tradicional Mercadinho Municipal, localizado na parte externa do Terminal Central de Ônibus de Campinas, teve dificuldades para encontrar alguns tipos de frutas, como mamão e abacaxi. Proprietário de um hortifrúti, o comerciante João Carlos de Lima, de 53 anos, explicou que os alimentos que mais estão em falta no Mercado Central são os produzidos em outros Estados do País. "Mamão e cenoura eu já não tenho mais, porque são produtos que vem lá de Belo Horizonte. Com a greve, os caminhões deixaram de trazer esse tipo de alimento para cá. A batata eu até tenho, mas é outro produto com dificuldade de achar" , explicou Lima. Já Vanderlei Julião, de 56 anos, é outro comerciante que luta para encontrar e revender frutas no Centro da cidade. Ele comentou que vai "tentar a sorte" e ir no Ceasa amanhã (quarta-feira) para encontrar alguns dos alimentos que estão em falta na sua barraca. "Eu tenho o costume de ir todas às segundas, quartas e sextas-feiras no Ceasa, mas por conta da greve tem sido complicado ir lá e encontrar produtos. Amanhã vou ver se consigo comprar mamão, abacaxi e outros alimentos que ainda vou precisar ter no meu estoque" , explicou Julião. Segundo o diretor-presidente da Ceasa Campinas, Wander Villalba, os efeitos da greve dos caminhoneiros dentro das centrais de abastecimento em todo o Brasil são nítidos. Ao todo, mais de 18 mil toneladas deixaram de ser comercializadas no entreposto campineiro desde o início da greve, o que corresponde a um prejuízo estimado de cerca de R$ 30 milhões. "Está muito difícil de chegar e sair produtos. O que a gente espera é que, quando voltar a situação de normalidade, que a gente consiga retomar o abastecimento o mais rápido possível" , disse Villalba. Na avaliação do diretor técnico-operacional do entreposto, Claudinei Barbosa, após o fim da greve dos caminhoneiros, o abastecimento do Ceasa deverá levar mais cinco dias para retomar a sua normalidade. De acordo com ele, a disponibilidade de produtos no Mercado de Hortifrútis chegou a 5%, enquanto no Mercado de Flores o índice não passa dos 20%. Barbosa afirmou que muitos comerciantes estão encerrando o expediente mais cedo, enquanto outros sequer estão indo trabalhar. "Se você não tem o produto, você não tem como atender o seu cliente. O deslocamento está sendo impedido num raio maior de 70km. Então, quem tem a demanda da compra não consegue vir e quem tem a disponibilidade do produto não consegue entregar" , explicou Barbosa. Gás de Cozinha Em falta em muitas revendedoras, o gás de cozinha tem se esgotado rapidamente nos estabelecimentos que ainda dispõe de estoque. A unidade da Consigaz situada na Av. Dr. Ângelo Simões, no Jardim Leonor, em Campinas, por exemplo, precisou recebeu 300 botijões na noite de ontem, segundo o atendente Pedro Ferreira Queiroz. Cada botijão custa R$ 65 ao consumidor, que pode levar no máximo duas unidades. Desde a abertura do comércio, a movimentação tem sido intensa e o estoque está quase no fim. Ferreira afirma não ter previsão de quando receberá outra carga. Vilma Abreu, dona de casa de 66 anos, foi com a filha ao local para comprar dois botijões. A idosa disse ainda que este item não pode faltar e demonstra apreensão com as incertezas sobre o reabastecimento de modo geral. "Eu estou com gás em casa e não esperei acabar não. Eu vim aqui para me prevenir mesmo" , pontuou a dona de casa. Já a aposentada, Angélica Martins, de 66 anos, que foi terça-feira ao Mercado Central com seu marido comprar alimentos, mostrou preocupação com o gás de cozinha. Ela comentou que está difícil conseguir adquirir o gás de cozinha. "Estou com comida em casa, mas não posso cozinhar, porque estou sem gás de cozinha. Ainda estamos com dificuldade para achar alguma coisa. O que eu e meu marido percebemos é que teremos que começar a comer um lanche, fazer um arroz na panela elétrica ou então encomendar alguma comida pronta" , disse a aposentada.

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