Arquivo desapareceu da ação que denunciou prefeito e vereadores
Sessão da Comissão Processante da Câmara de Paulínia: cidade em ebulição (Divulgação)
A mídia que desapareceu do processo que denunciou o prefeito Dixon Carvalho (PP) e 13 vereadores da base de governo, por suposta troca de favores políticos, continha uma gravação atribuída ao ex-secretário de Finanças e Administração de Paulínia, Sílvio César Vieira de Andrade, em que ele teria afirmado que os parlamentares recebiam um “mensalinho” no Paço Municipal. O CD não havia sido localizado até ontem. O presidente da Comissão Processante, Tiguila Paes (PPS), protocolou requerimento ao presidente da Câmara, Dú Cazelatto (PSDB), para a abertura de um processo administrativo interno para apurar os fatos. Segundo consta no texto da denúncia, Sílvio de Andrade teria afirmado que “os vereadores, em tese, que dão sustentação ao prefeito Dixon, mensalmente, a título de mensalinho, retiram quantias em espécie no Paço Municipal”. Andrade disse ontem que nunca afirmou que os vereadores recebiam mensalinho na Prefeitura. Segundo ele, na gravação, respondeu as dúvidas da pessoa com quem falava, porque nunca viu nenhum acordo na Prefeitura. “Apenas afirmei que via sempre os vereadores nos corredores aguardando para falar com o prefeito, e que eu sempre trabalhei em empresas, não estava acostumado a trabalhar em empresa pública e que se alguém um dia pedisse algo fora do contexto técnico, não seria possível”, disse. Andrade afirmou que tanto isso é verdade, que apenas tem sua voz na gravação. “Foi usada de forma indevida e usou essas respostas para formar um contexto indevido. Eu era secretário de Finanças, peguei uma Prefeitura cheia de dívidas e saí com dívida zerada, atendi várias pessoas. Não acho que essa gravação serve para algo, pois não vi nunca nenhum acordo, não tenho prova alguma de algo ilícito”, afirmou. Por conta do desaparecimento do CD, os trabalhos da Comissão Processante foram anulados e terão que ser refeitos desde a fase inicial, porque os denunciados não puderam ter acesso total ao conteúdo da denúncia. O CD teria sido juntado à denúncia feita pelo sargento aposentado Luiz Roberto Lima, protocolada no dia 24 de agosto de 2017. O advogado de Lima, Cláudio Roberto Nava, informou que ele próprio juntou o CD à denúncia e ontem encaminhou à CP uma nova cópia. Prazo para defesa A CP abriu novo prazo, de dez dias, para a apresentação da defesa prévia pelos denunciados, quando então será feita uma nova leitura e votação do relatório preliminar, pelo prosseguimento ou não da denúncia. A comissão também aprovou a convocação dos suplentes dos 13 vereadores denunciados e uma sessão extraordinária, em caráter de urgência, para discussão e votação da prorrogação da comissão. O sargento aposentado denunciou que com a nomeação de cabos eleitorais dos vereadores para cargos públicos, o prefeito conseguiu impedir que a Câmara instaurasse duas Comissões Especiais de Inquérito (CPIs) contra ele para investigar, entre outras denúncias, fraudes em licitação. Os vereadores, segundo a denúncia, em troca de barrar as CPIs, conseguiram que o prefeito contratasse pelo menos 68 cargos comissionados entre indicados dos vereadores, com salários de até R$ 12 mil. Os pedidos de CPIs visavam avaliar dois contratos de compra emergenciais suspeitos da Prefeitura de Paulínia assinados em 2017, que estão sendo investigados pelo Ministério Público. Duas comissões de vereadores da Câmara Municipal que poderiam investigar a legitimidade desses contratos de compra foram barradas pelo Legislativo no ano passado. A suspeita de irregularidades começou em 12 de abril de 2017 quando as nomeações para cargos de confiança da Prefeitura foram publicadas no Diário Oficial do Município. Em março de 2017, os vereadores rejeitaram as comissões que investigariam os contratos emergenciais com as empresas RC Nutri (para compra e preparo de merenda escolar) e Corpus (para limpeza).