JAGUARIÚNA

Grades são alternativa contra novos acidentes

Prefeitura e associação discutem formas de ampliar segurança

Luciana Félix
08/10/2013 às 07:58.
Atualizado em 25/04/2022 às 00:56
Barreira e mais sinalização são apontadas como soluções para evitar novos acidentes no Centro Cultural ( Gustavo Tilio/Especial para a AAN)

Barreira e mais sinalização são apontadas como soluções para evitar novos acidentes no Centro Cultural ( Gustavo Tilio/Especial para a AAN)

A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) vai discutir com a Prefeitura de Jaguariúna uma forma de melhorar a segurança na plataforma de embarque e desembarque do Centro Cultural. No domingo, uma mulher ficou gravemente ferida após cair no trilho e ser atropelada pela maria-fumaça que deixava a estação ferroviária, que funciona no local. Ela teve o pé direito e o dedão do pé esquerdo amputados.A intenção da ABPF é estudar junto com a Administração municipal uma forma de evitar que novos acidentes aconteçam no local, que é um dos principais cartões postais da cidade e que, aos fins de semana, recebe centenas de pessoas. Entre as possibilidades a serem analisadas está a construção de uma barreira física, que pode ser uma grade ou blindex rente à plataforma.Desde que começou a operar como trem turístico no ano de 2003, segundo a ABPF, não houve nenhum outro registro de atropelamento no local com a maria-fumaça. A composição costuma fazer aos fins de semana cinco viagens, com cerca de 500 pessoas transportadas. A viagem turística parte de Campinas e percorre 24 quilômetros até Jaguariúna. Na plataforma, os passageiros descem para tirar fotos e fazer refeições em bares e restaurantes.O diretor-presidente da ABPF em Campinas, Hélio Gazetta Filho, disse que já conversou com autoridades municipais sobre o episódio no domingo, e que irá acionar novamente a Prefeitura para que algo seja feito no local. “Temos que pensar juntos o que deverá ser feito, o que será usado. É um prédio tombado onde há a circulação de muitas pessoas. Nós queremos fazer o melhor para continuar atuando. Acredito que o que houve foi uma infelicidade e uma imprudência da vítima”, afirmou.Ele explicou que uma equipe de cinco a seis pessoas especializadas trabalha aos fins de semana para dar toda a assistência ao turista do trem e também aos que estão no entorno por onde a locomotiva passa. “Eles auxiliam no embarque e desembarque dos passageiros, auxiliam em todos os sentidos necessários para a precaução de qualquer risco. Agora é ver o que pode ser feito para isso não se repetir. Precisamos estudar direitinho, porque a plataforma é a que sempre foi usada, desde a origem do trem no local”, disse ele.O especialista em transporte ferroviário e professor de engenharia civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Creso de Franco Peixoto, afirmou que é necessário fazer uma readequação, além de criar uma barreira física para impedir que mais pessoas possam se acidentar. Para ele, falta sinalização no local. “Uma barreira no fim da plataforma iria ajudar bastante e impedir que as pessoas atravessem ou caiam nos trilhos. Isso pode ser feito com grade ou com vidro. Os pontos devem ser estudados para não atrapalhar o embarque e desembarque. A plataforma precisa de algumas adequações. Deveriam se atentar a isso também, porque a falta da plataforma pode ajudar a causar acidentes”, disse.Ele explicou ainda que a faixa de pedestres pintada em frente à plataforma, próximo aos degraus de acesso, está errada. “Ela acaba na rua, na frente do piso dos trilhos da maria-fumaça. Era preciso ser pintada uma faixa amarela, para mostrar que a locomotiva passa ali, e deixar o pedestre atento. Além disso, é preciso aumentar a largura do calçamento onde está localizado o trilho do trem. Ele é muito estreito. Não tem como uma pessoa aguardar a passagem da locomotiva no local sem se machucar”, analisou. O especialista também sugeriu criar um sistema de alerta ainda maior para deixar as pessoas atentas ao trem. “A sugestão é instalar um sistema de câmera com um vigia para olhar a chegada ou a saída da locomotiva e avisar os mais distraídos com alarme sonoro.”A Prefeitura de Jaguariúna foi procurada para comentar o assunto, mas não retornou a solicitação. PreocupaçãoO acidente expôs a preocupação de moradores e usuários da Estação Ferroviária de Jaguariúna quanto à falta de segurança no local. As pessoas reclamam que não há um controle ou qualquer cuidado da Prefeitura com quem circula no entorno da maria-fumaça. “A plataforma vira um ponto de encontro da moçada e também de casais com filhos que fazem refeições nos bares. As crianças brincam aqui, elas correm pra lá e pra cá. É muito perigoso”, afirmou a vendedora Ana Maria dos Santos Belli, de 48 anos.A autônoma Marilda Fátima Gomes, de 53, disse que os adolescentes também se arriscam. “Eles sentam bem próximos ao local onde o trem passa, sem se preocupar. Acho que é muito risco. Tem muita criança que circula com o trem passando ao lado, elas não têm noção do perigo que correm.” Veja também Mulher atropelada por Maria-Fumaça perde parte dos pés Marisa Portela estava do lado de fora do trem e tentava segurar criança que corria risco de cair

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por