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Governo pretende vender Estádio da Mogiana

Projeto que autoriza Fazenda do Estado a negociar o imóvel está na Assembleia para votação

Maria Teresa Costa
03/09/2019 às 08:37.
Atualizado em 30/03/2022 às 17:26

O governo do Estado vai vender o antigo Estádio da Mogiana, imóvel que faz parte da história dos funcionários da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. Oficialmente chamado de Centro Recreativo e Esportivo de Campinas Doutor Horácio Antônio da Costa (Cerecamp), o prédio foi construído em 1940, com capacidade para 4 mil pessoas, e tem, além da arena, escritórios fechados, como os modelos ingleses. O Mogiana, que não pode mais receber torcida, já foi um dos principais estádios do País e está em processo de tombamento pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc). O projeto de lei que autoriza a Fazenda do Estado a desafetar e alienar o imóvel chegou na última sexta-feira à Assembleia Legislativa para votação. O terreno tem 26,5 mil metros quadrados, área construída de 6,8 mil metros quadrados, e foi adquirido pelo Estado por desapropriação movida contra a Ferrovias Paulistas (Fepasa) em 1974. O vice-governador Rodrigo Garcia (DEM), que assina o projeto encaminhado à Alesp, informa que após relatório técnico elaborado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a Secretaria de Esportes propôs a inclusão do Cerecamp no programa de venda ou concessão de uso, ou no Fundo Imobiliário da Secretaria da Fazenda, em função das condições precárias de suas instalações. Em 2017, a Câmara Municipal solicitou a cessão ou transferência definitiva do Cerecamp para o Instituto Cultural Nipo Brasileiro de Campinas ou para o Município de Campinas. Mas a solicitação não foi em frente e o governo avaliou que a alienação onerosa se mostrou mais vantajosa à Administração Pública. Em 2014, o prefeito Jonas Donizette (PSB) chegou a propor que a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) assumisse o estádio, desativado desde 2009. A ideia era recuperar as atividades esportivas em um dos espaços históricos da cidade e que já foi um dos principais estádios de futebol do interior do País. A proposta de Jonas é que no local fosse instalado um centro de treinamento de alto rendimento que, além de ser um local de uso da universidade para as pesquisas em esportes, pudesse também ser utilizado por atletas da cidade. Mas a proposta não caminhou e o espaço, que já foi considerado um marco de modernidade, será vendido. No seu tempo de glória, o estádio da Mogiana contava com tribuna de honra, engrenagem mecânica que mudava o placar, cabines de rádio, sistema de drenagem e capacidade para 4 mil pessoas. Na época, passou a ser um dos principais estádios do país, perdendo apenas, em termos de qualidade e arquitetura, para o Pacaembu, em São Paulo, e São Januário, no Rio de Janeiro. O Esporte Clube Mogiana foi fundado, em 1933. Em 1947, o time se profissionalizou para conseguir disputar a divisão de acesso do futebol paulista. Mesmo com belas campanhas, como em 1948, quando o time terminou com o melhor ataque da temporada, com 68 gols, o Mogiana não resistiu à crise financeira. Em 1959, ficou em último lugar no Campeonato, sendo o último ano de jogos profissionais do time. Sob responsabilidade da Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.), o clube passou a ser chamado, já em 1985, de Centro Educativo Recreativo Esportivo do Trabalhador de Campinas (Cerecamp). O estádio, por sua vez, passou a ser utilizado para eventos, campeonatos amadores e trabalhos sociais. De 1996 a 2009, o Campinas Futebol Clube passou a mandar os jogos no local. No entanto, a ausência de alvará fez com que o campo fosse interditado por falta de segurança. Hoje, o estádio recebe apenas jogos pequenos, sem a presença de torcida.

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