REFORÇO NA SAÚDE

Governo aprova unidade para tratar câncer na Santa Casa

Informação foi confirmada na quinta pelo secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn

Ronnie Romanini/ [email protected]
02/09/2022 às 16:38.
Atualizado em 02/09/2022 às 16:38
Cirurgia realizada dentro do programa Mutirão de Cirurgias, iniciado em junho, cuja expectativa é a de zerar a fila de 538,1 mil no Estado até outubro (Gustavo Tilio)

Cirurgia realizada dentro do programa Mutirão de Cirurgias, iniciado em junho, cuja expectativa é a de zerar a fila de 538,1 mil no Estado até outubro (Gustavo Tilio)

Campinas deve receber em breve uma nova Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) a ser instalada na Santa Casa. A informação foi confirmada ontem pelo secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, e pela diretora do Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-7), Fernanda Penatti, em reunião realizada com secretários e gestores de saúde da região para tratar do programa Mutirão de Cirurgias - promovido pelo Governo do Estado.

O médico oncologista, Fernando Medina, será o responsável pela diretoria do serviço de oncologia da Santa Casa. Embora tenha admitido que é precoce precisar quantos atendimentos a Unacon da Santa Casa poderá realizar, ele revelou que foi traçado um planejamento com a expectativa de receber pelo menos 1,2 mil novos casos ao final do primeiro ano. Ele calculou que apenas na cidade de Campinas, em 2022, serão por volta de 3,5 mil novos casos de câncer. Pensando na Região Metropolitana de Campinas (RMC), o número pode chegar a 9 mil.

"A cidade não está preparada para atender a todos esses pacientes, tanto na questão cirúrgica, como na quimioterapia e radioterapia. A radioterapia, principalmente, demanda um investimento financeiro muito alto. Então, a Santa Casa de Campinas abriu a possibilidade de realizar atendimento cirúrgico, radioterápico e oncologia clínica, além de transplante de medula e tratamento de doenças hematológicas. Fizemos a proposta, o Estado acatou e está em processo de tramitação. A Santa casa dispõe de local destinado ao serviço e temos equipe médica contratada, apenas esperando. Quando autorização sair, no dia seguinte teremos condições de iniciar os trabalhos", afirmou Medina.

Questionado se havia algum plano para implantar serviços oncológicos na Santa Casa de Campinas, o secretário de Estado, Gorinchteyn, revelou que já foram feitas algumas avaliações por um comitê técnico e pelo DRS-7. "Foi chancelado que isso é uma necessidade. Nós abrimos quatro serviços de oncologia na região, mas precisamos de muito mais (...) a própria Santa Casa, trazendo a possibilidade de um serviço e de uma equipe extremamente qualificada e que já atua em outros municípios, sem dúvida alguma nos ajudará na demanda de oncologia. A demanda veio com superávit nos números pós-pandemia e, o pior, na gravidade dos pacientes na apresentação clínica".

O secretário acrescentou que a fase de diálogos foi concluída, documentações foram trocadas e a avaliação técnica realizada. Agora, o Estado está na fase final de avaliação dos documentos para iniciar as últimas tratativas com a entidade filantrópica.

O oncologista Fernando Medina disse que a ação é uma parceria do Estado com a Prefeitura e a Santa Casa. Foi a própria Prefeitura quem solicitou, em reunião, o pedido, após o projeto ser enviado para análise técnica, 

"(Após a solicitação) o projeto foi enviado para análise técnica. Diante do que temos de oferta e parâmetro no Ministério da Saúde, cabe mais um Unacon dentro da nossa Rede de Atenção à Saúde (RAS). Então (a criação da unidade oncológica) é possível. A análise continua para que a gente possa fazer ajustes no plano da oncologia na composição dos equipamentos que vão dar vazão às pessoas na fila", explicou a diretora do DRS-7. 

Fernanda também relatou que em dado momento o Estado teve mais de 500 pessoas na fila por atendimento oncológico e que, agora, o número é inferior, pouco acima de 100. Embora considere um avanço a queda na fila, ela declarou que ainda há muito trabalho a ser realizado para esvaziá-la.

Mutirão de Cirurgias

Outra fila que o Governo do Estado de São Paulo tem buscado esvaziar é a de pacientes esperando por avaliações pré-operatórias para encaminhamento cirúrgico. O programa Mutirão de Cirurgias foi iniciado em junho e a expectativa ainda é a de zerar a fila de 538,1 mil em todo o Estado até outubro. Campinas tinha 71.456 procedimentos represados. 

Diante das dificuldades vivenciadas pelo Estado e por municípios para atingir a meta, o secretário Jean Gorinchteyn convocou uma reunião com gestores e secretários de saúde de municípios da região para conversar de maneira franca sobre as dificuldades e delinear estratégias em conjunto que possam aprimorar e ampliar o projeto. Para ele, o grande problema tem sido a comunicação. Ele relatou que alguns municípios informam ter centros cirúrgicos com ocupação abaixo da capacidade e sem novos pacientes para receber, enquanto outros afirmam não ter para onde mandá-los. 

O secretário usou uma analogia para explicar o intuito do encontro. "Quando a gente faz uma reunião dessas, cada um levanta a mão e fala que pode ajudar de alguma forma. É como fazer um grande bolo: um traz o ovo, outro o leite, outro a farinha... alguém oferece o chocolate e outro o forno. Aqueles que não têm centro cirúrgico e possuem pacientes que precisam de acolhimento vão nos ajudar fazendo avaliações, por exemplo. É dessa maneira que a gente faz com que todos se integrem por essa grande responsabilidade social que cada uma dessas liderenças em saúde tem que ter."

Os secretários municipais destacaram o desejo de aderirem ao programa de maneira mais intensa, mas apontaram alguns problemas e dificuldades locais. Mesmo com muitos empecilhos no caminho, os gestores de saúde do Estado acreditam que a reunião teve um saldo positivo, pelo diálogo franco, aberto e buscando integração entre municípios.

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