HUB INTERNACIONAL

Governador em exercício, Felicio Ramuth anuncia apoio ao projeto do HIDS

Criação de um distrito inteligente e sustentável passa a ser uma agenda prioritária para o Estado de São Paulo

Edimarcio A. Monteiro/[email protected]
15/05/2025 às 09:50.
Atualizado em 15/05/2025 às 13:49
Otimista, Felicio Ramuth projetou que a criação do Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável impactará não apenas Campinas, mas toda a região, Estado e até o Brasil; governo estadual vai adotar políticas para atrair investimentos privados ao HIDS da Unicamp (Rodrigo Zanotto)

Otimista, Felicio Ramuth projetou que a criação do Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável impactará não apenas Campinas, mas toda a região, Estado e até o Brasil; governo estadual vai adotar políticas para atrair investimentos privados ao HIDS da Unicamp (Rodrigo Zanotto)

O governador de São Paulo em exercício, Felicio Ramuth (PSD), anunciou ontem o apoio ao Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), projeto de criação de um distrito inteligente e sustentável da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para se tornar um projeto estratégico do Estado. “Passa a ser uma agenda prioritária não somente para o governo do Estado de São Paulo”, afirmou ele, que avalia que o empreendimento “transformará Campinas, a região, o Estado e o Brasil no futuro”.

Ele visitou o espaço no qual está sendo implantado o hub e centros de pesquisas. O HIDS ocupa uma área de 11,3 milhões de metros quadrados (m²) no distrito de Barão Geraldo e tem a proposta de atrair a instalação de empresas de alta tecnologia e centros de pesquisas em cinco eixos estratégicos: saúde; tecnologia da informação e comunicação (TIC); mobilidade elétrica; transição energética; e alimentos.

De acordo com Felicio Ramuth, o governo estadual poderá atuar na liberação de recursos para trabalhos científicos por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e adoção de políticas para atração dos investimentos privados. Ele recebeu também dois pedidos para garantir a execução do hub.

Um é para a liberação de verbas para obras em 15 quilômetros de vias públicas, incluindo passagens sobre o Córrego Anhumas e a Rodovia Governador Adhemar Pereiras de Barros (SP-340, a Campinas-Mogi Mirim), principal via de acesso ao empreendimento. A outra é o apoio do governo para a obtenção de empréstimos para viabilizar os projetos a serem implantados junto a instituições como o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD, também conhecido como o Banco do BRICS), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Para o governador em exercício, o apoio estadual já começou com a liberação, no ano passado, da licença prévia para a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. (Sanasa) captar água no Rio Jaguari para abastecer o Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável (PIDS), projeto da Prefeitura para ocupação de uma área de 17 milhões de metros quadrados, incluindo o HIDS, e outras partes da cidade. O novo ponto de captação será viável com as conclusões das Represas de Pedreira e Amparo, nas quais o governo estadual está investindo R$ 976,7 milhões, com previsão de conclusão no final do próximo ano. “O HIDS é a oportunidade de um desenvolvimento futuro ainda maior para a região de Campinas, mas muito mais do que isso: para São Paulo e para o Brasil”, projetou Ramuth.

EM NÚMEROS

O Estado já é hoje o principal desenvolvedor de pesquisas do país, concentrando 70% dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, e forma 48% dos doutores brasileiros. O diretor da Agência de Inovação da Unicamp (Inova), Renato Lopes, deu outros números que exemplificam como o apoio a pesquisas e inovação dão resultado, um indicador que pode ser multiplicado com o HIDS. No ano passado, os 80 empreendimentos vinculados ao Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, entre startups e empresas incubadas, tiveram um faturamento de R$ 129 milhões. Houve também a geração de 711 postos de trabalho diretos, 41,5% ocupados por alunos e ex-alunos da universidade. 

Já as chamadas 1.349 empresas-filhas da Unicamp em atividade, aquelas criadas por seus estudantes ou ex-estudantes, faturaram R$ 28,1 bilhões em 2024 e geraram 53.265 empregos diretos, número recorde e que representou aumento de 12,9% em comparação aos 47.156 do ano anterior. Dessas, 49,4% estão instaladas na Região Metropolitana de Campinas (RMC), sendo 39% em Campinas. “Se fomos considerar os impostos gerados pelas empresas e seus funcionários, a Unicamp se paga os investimentos feitos nela”, afirmou o diretor da Inova. Renato Lopes apontou que as três instituições envolvidas com o hub, incluindo a PUC-Campinas e a Faculdade de Campinas (Facamp), formam 5,5 mil profissionais por ano, garantindo mão de obra especializada em diversas áreas para as empresas que vierem a se instalar no HIDS.

A implantação do hub teve início no ano passado com a início da construção da Vila das Startups, que já teve a parte das redes de água e energia elétrica concluídas. Agora começará a construção do espaço, com previsão de inauguração dentro de 12 meses. A Vila dobrará a capacidade de receber empresas emergentes ou parceiras. Atualmente, a Unicamp tem instaladas 35 startups, 37 empresas incubadas e oito laboratórios de pesquisa e desenvolvimento em parceria com a universidade.

FASES

A instalação da Vila faz parte da primeira fase de implantação do distrito inteligente, que vai até 2030 e que inclui a implantação da infraestrutura na Avenida Dr. Ricardo Benetton e a sinergia entre os parceiros envolvidos no projeto. São instituições de ensino e institutos de pesquisas instalados no entorno, alguns deles entre os mais avançados do mundo, como o Centro Nacional de Pesquisas em Energias e Materiais (CNPEM) e o CPQD. 

Essa integração prevê também a instalação do Centro Avançado de Oncologia, fruto de uma parceria entre a Unicamp e o CNPEM para instalação de uma unidade de pesquisa e tratamento do câncer. A segunda etapa vai de 2030 a 2040 e prevê a chegada das empresas, outros centros de pesquisa e a construção do esperado Hospital Metropolitano. “A geração de conhecimento, talentos e recursos se combinam para a criação de soluções e benefícios para a sociedade e empresas de alta tecnologia”, destacou o coordenador do HIDS, Roberto Donato.

De acordo com ele, 75% da área do distrito inteligente será preservada para a criação de corredores ecológicos, com a capacidade construtiva ficando restrita a 25%. Roberto Donato salientou que hub não é um empreendimento imobiliário que mira o lucro. As empresas que se instalarem no local terão a concessão de uso do terreno por 40 anos, enquanto o prazo para pesquisadores, professores e estudantes que implantarem projetos será de 25 anos. O retorno que darão será na forma de investimentos feitos, geração de empregos e soluções desenvolvidas em benefício da sociedade. Considerando apenas o HIDS, o potencial é de criar 20 mil postos de trabalho, sendo metade nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, de acordo o masterplan do projeto.

As mudanças da legislação para uso e ocupação do solo da área estão previstas no PIDS, atualmente em tramitação na Câmara Municipal de Campinas. De acordo como presidente do Legislativo, Luiz Carlos Rossini (Republicanos), as emendas propostas pela Prefeitura e vereadores estão em análise nas comissões temáticas da Casa. Elas precisam ser aprovadas por esses grupos antes de o projeto ir para a segunda e última votação do (mérito) em plenário.

O projeto de lei complementar (PLC) do PIDS, o de nº 3/2024, foi aprovado em primeira discussão (legalidade) em 9 de dezembro passado. Inicialmente, a previsão era de a nova votação ser feita até março deste ano, mas não há nova data prevista para isso ocorrer. Ao acompanhar a visita do governador em exercício, o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), descartou pedir urgência na votação da proposta. “Uma boa parte das emendas foi discutida nas audiências públicas. A gente acatou muitas delas. Acho que é uma votação que não precisa de urgência, mas eu acredito que já está bem encaminhada”, argumentou.

Dário Saadi manifestou convicção que o projeto do Polo de Inovação e Desenvolvimento será aprovado na votação final. De acordo com ele, a Prefeitura e a Câmara realizaram em torno de 15 audiências públicas desde 2023, garantindo ampla discussão do tema. Além das emendas apresentadas pela Prefeitura, outras 30 tiveram como autores vereadores de oposição. A mudança no zoneamento prevista no PLC define a ocupação do PIDS também com atividades econômicas comerciais e residenciais. A previsão é que o distrito inteligente tenha uma população de 40 mil pessoas, criando uma “nova cidade” na Região Norte de Campinas. Esse número é 2,67 vezes maior que o número de habitantes de Holambra, 15.094 pessoas, segundo o Censo de 2022.

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