ROUBO

Golpe do WhatsApp faz mais vítimas

Criminosos clonam o aplicativo de mensagens para pedir dinheiro aos contatos do usuário

Alenita Ramirez
25/09/2019 às 09:59.
Atualizado em 30/03/2022 às 15:42

Nos últimos meses, diversos campineiros foram alvos de cibercriminosos que usaram o WhatsApp para pegar dinheiro fácil. Apesar de ainda não ter estatística específica sobre a modalidade, a Polícia Civil garante que as denúncias sobre o crime têm se evidenciado e se tornado preocupantes. Na modalidade, os golpistas usam dados de pessoas que fizeram vendas ou anúncios na Internet para roubar suas contas no aplicativo de mensagens. Para clonar o app, os ladrões usam o número de telefone disponibilizado nas plataformas de anunciantes e se passam por representantes dos próprios sites de vendas. Entre as plataformas usadas pelos criminosos, na maioria das reclamações é da OLX. Durante a confirmação de “dados”, os criminosos avisam que vão encaminhar um código para que a vítima confirme. Ao digitar esta senha, o número é clonado. A partir de então, os ladrões bloqueiam o número da vítima e disparam mensagens para os contatos, se passando pelo usuário, para arrecadar dinheiro. Entre os argumentos dos criminosos, constam a impossibilidade de realizar uma transferência de dinheiro urgente. Daí o bandido pede para o “amigo” fazer, com a promessa de que o dinheiro será devolvido em breve. O marceneiro L.E.M., de 39 anos, caiu no golpe por uma distração. Estava ocupado com um serviço, quando recebeu a mensagem em nome de um cliente conhecido. No texto, o “amigo” pedia R$ 1,5 mil emprestado, para depositar na conta de uma mulher. Ele dizia que não conseguia transferir o montante e precisava o fazer com certa urgência. O crime foi no dia 11 deste mês. “Como é um procedimento comum entre nós, na hora não me atentei e transferi. Mas passou um tempo, liguei para confirmar e então ele me falou que seu número tinha sido clonado”, contou o marceneiro, que fez boletim de ocorrência de estelionato. A PSafe, desenvolvedora de aplicativos de segurança, calcula que cerca de 8,5 milhões de brasileiros já foram vítimas de todo o tipo de clonagem de WhatsApp no Brasil, como vazamento de conversas privadas, envio de links maliciosos para outros contatos e solicitações de dinheiro aos amigos. O número é uma projeção de potenciais vítimas, com base na atual população de 131,1 milhões de pessoas com Android no País. Em uma pesquisa para traçar a realidade do crime, realizada entre 31 de julho e 13 de agosto deste ano, 12.680 usuários responderam aos questionários e, deste volume, 2.308 garantiram que criminosos se passaram por eles para pedirem dinheiro a amigos. Polícia orienta a nunca fornecer senhas por celular Policiais civis orientam as pessoas a não fornecer senhas e códigos por telefone. Informações ou confirmações de dados devem ser feitas pelo usuário pessoalmente ou então diretamente com as empresas. “Nunca passe senha ou código por telefone ou e-mail. Se receber alguma ligação, pegue o nome e contato da pessoa e diga que vai ligar na central de atendimento para confirmar”, orientou o delegado coordenador da Unidade de Inteligência do Departamento de Polícia Judiciária São Paulo Interior 2 (Deinter-2), Oswaldo Diez Júnior. O investigador Marcelo Hayashi reforça que nenhuma empresa pede para repassar qualquer código pessoal do cliente. Ao contrário, a central fornece um número de protocolo de atendimento. Recentemente começou a circular nas redes sociais um vídeo que revela como os criminosos fazem para clonar Whatsapp. De acordo com os policiais, o vídeo é real e mostra o passo a passo da ação. Nele, uma vítima grava a ação depois de cair no golpe. Segundo mostra o vídeo, os ladrões se passam por alguém do site ou interessado na compra do produto e conversa com a pessoa até que seja instalado o WhatsApp em outro aparelho com o número da vítima. Para concretizar a operação é necessário que o usuário digite o código enviado por SMS - que os golpistas fazem a vítima acreditar ser do site anunciado. Uma vez fornecido o código correto e sem a verificação em duas etapas, a clonagem do WhatsApp se confirma e eles começam a pedir dinheiro para todos os contatos . “Ao digitar a senha, a transferência é automática. O aplicativo trava, o usuário perde tudo, inclusive a senha”, disse Hayashi. O vídeo é de instrução e os policias pedem para que os usuários avisem seus contatos para evitar o golpe. “O WhatsApp tem um dispositivo de dupla verificação, que exige duas configurações. Acionando esse dispositivo, dificulta a ação”, ensina Diez Júnior.

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