GM de Campinas vai assessorar as duas Delegacias da Mulher

A Guarda Municipal de Campinas vai assessorar as duas delegacias de Defesa da Mulher (DDM) do município. A determinação consta de um convênio assinado no final do ano passado entre a Prefeitura e a Secretaria de Segurança Pública (SSP) - por meio da Polícia Civil - e divulgada nesta semana pelo novo diretor do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo do Interior 2 (Deinter-2), Fernando Manoel Bardi, que assumiu o posto no último dia 6, substituindo o delegado José Henrique Ventura, que deixa o cargo depois de quatro anos e meio para assumir o posto de assistente no Departamento de Administração e Planejamento (DAP). 

O acordo estabelece uma série de parcerias estratégicas entre as duas corporações - como a troca de informações pelo sistema de reconhecimento óptico de caracteres (OCR) - e deverá ser discutido entre Bardi, o prefeito Dário Saadi e o secretário de Segurança Pública, Christiano Biggi Dias, nos próximos dias, quando, então, será elaborado um plano de trabalho para ser colocado em prática ainda neste semestre.

Bardi pretende aliar a tecnologia a parcerias com os municípios e outras corporações, a fim de suprir a falta de recursos humanos nas delegacias. No caso das DDMs de Campinas, a proposta é a de que a GM identifique agentes municipais com formação em psicologia e assistência social, por exemplo, direcionando-os às duas delegacias especializadas em violência doméstica. A finalidade é a de que esses GMs fiquem nas unidades para atender as vítimas. 

A GM campineira conta com o Programa Guarda Amigo da Mulher, que oferece uma rede de assistência e ação protetiva. Com o convênio, a Polícia Civil cuidará apenas da parte relativa à Polícia Judiciária - como a instauração de inquérito, investigação e prisão do agressor. Além disso, cabe ainda à corporação compartilhar o banco de dados, permitindo o acesso do agente municipal ao registro digital da ocorrência. 

Em contrapartida, a Prefeitura cuidará do encaminhamento social da vítima e das ações de atendimento da ocorrência, seja ela na rua ou na delegacia. “O mérito deste convênio é do dr. Ventura e do prefeito. A ideia é a de que a GM integre as equipes das DDMs e, desse modo, possamos suprir a falta de recursos humanos que existe nas unidades”, comentou o diretor. “A ideia é descentralizar e integrar o atendimento. Suponhamos que um GM atenda uma ocorrência que não chegou a se enquadrar em uma violência doméstica, mas sim em um desentendimento familiar. A equipe faz o registro eletrônico no local, sem a necessidade de deslocar as partes envolvidas até a DDM. Entretanto, se for o caso, a equipe leva os envolvidos até a DDM e registra a ocorrência”, acrescentou Bardi.

Troca de cadeira

O novo diretor tem 57 anos e é de Jundiaí. Formado em direito pela Faculdade Padre Anchieta e delegado desde 1989. Ele foi presidente do Conselho Municipal de Entorpecentes e também membro do Conselho Municipal de Trânsito, em Jundiaí. Além disso, foi vereador da mesma cidade entre 2009 e 2012 pelo PDT. Antes de assumir o Deinter-2, ocupava o cargo de delegado divisionário no Departamento Estadual de Investigações Sobre Narcotráfico (Denarc), onde ficou por dois anos. Antes disso, Bardi era delegado divisionário de Concursos Públicos da Academia de Polícia, pelo período de três anos.

A nomeação de Fernando Manoel Bardi à frente do Deinter-2 foi a primeira mudança na cúpula da Polícia Civil campineira. O departamento abrange 38 cidades localizadas nas regiões de Jundiaí, Bragança Paulista, Mogi Guaçu e Campinas. Ao assumir o comando regional da Polícia Civil, Bardi promoveu algumas mudanças no primeiro escalão.

Na 1ª Delegacia Seccional, permanece o delegado José Antônio de Carlos Souza. Nas seccionais de Jundiaí e Mogi Guaçu continuam Luiz Carlos Branco Júnior e Edna Elvira Salgado Martins. Em Bragança Paulista também houve alterações: o então titular da Seccional, José Henrique Apocalypse Joia, assumiu como assistente no Deinter-2, e, no lugar dele, está o delegado Sandro Montanari.

Ainda no primeiro escalão, falta a nomeação para a Delegacia Especializada em Investigações Criminais (Deic), que era comandada pelo delegado Oswaldo Diez. Contudo, Bardi cogitou que a cadeira seja ocupada pelo delegado José Carlos Fernandes, que era o titular do 4º Distrito Policial (DP), no bairro Taquaral.

No segundo escalão também haverá mudanças, entretanto, foi publicado apenas o empossamento do delegado Antônio Dota Júnior na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Campinas, que estava no 6º Distrito Policial (DP) de Jundiaí. 

Seguia indefinido até a sexta-feira, o destino dos delegados da DIG Campinas, Fernando Sanches e José Glauco Ferreira, que foram cogitados para assumir a Delegacia de investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de Campinas. 

O até então titular desta delegacia, Eduardo Miraldi, foi para o Deic/SP. O destino de Luis Augusto Mita, que era assistente de Miraldi, também segue indefinido. Segundo Bardi, a definição dos titulares do segundo escalão, que ainda inclui a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e Grupo de Operações Especiais (GOE),caberá ao delegado divisionário. “Vou repetir as palavras do governador. Ele usou uma expressão no programa de Governo que resume mais ou menos o que ele pretende para todas as áreas: servir, legar e retribuir, o que significa cuidar de pessoas. O governador deu total liberdade ao secretário de Segurança Pública para montar suas equipes, a partir de critérios técnicos. Exatamente para poder cobrar desses técnicos o resultado que se espera”, explicou.

Plano de segurança

Em termos de segurança para Campinas e região, Bardi afirmou que a prioridade é a de direcionar esforços e força-tarefa para reduzir alguns índices criminais, como os delitos patrimoniais (furto e roubos) e combater o crime organizado, mediante estímulo a investigações de ações relacionadas ao tráfico de droga, lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Ele acredita que, com o foco nestas atuações, será possível aumentar a percepção de segurança da população. “Pretendo ainda dar uma virada de chave na qualidade dos inquéritos. E vou cobrar. Sei que o meu pessoal está assoberbado de serviço, mas isso não justifica uma má qualidade nas investigações. O trabalho que dá para fazer mal feito é o mesmo de se fazer bem-feito”, justificou.

“As operações estão relacionadas e atreladas ao inquérito policial e é ele que quero melhorar. E por quê? Porque, quando você coloca as provas e os elementos comprobatórios dentro de um inquérito, fortalece o Ministério Público para denunciar ao Judiciário, que, por sua vez, dispõe dos elementos para punir o autor. Assim, conseguimos combater a criminalidade efetivamente. Quando eu faço um bom inquérito, torno-o apto a oferecer uma denúncia e ao juiz recebê-la. É um conjunto que se reflete na sensação de segurança pública, visto que reduz a sensação de impunidade. Não dizem por aí que o bandido entra em um dia e sai no outro? Então, melhorando a qualidade do inquérito, aumenta substancialmente os índices de condenação”, justificou.

Em contrapartida, Bardi admite que também precisa cuidar da polícia, melhorando as condições de trabalho nas unidades e também buscando aumentar o efetivo de policiais para repor o quadro que está defasado. O novo diretor promete percorrer todos os distritos das 38 cidades e ver com os próprios olhos a necessidade de cada um deles. Em relação à falta de funcionários, Bardi confessa que este é o seu “calcanhar de aquiles”. “Vamos nomear alguns policiais e também serão abertos novos concursos, embora não sejam suficientes. Porém, eles vão amenizar a falta de recursos humanos”, garantiu o delegado.