Deputado critica escolha do governo e vai pedir prestação de contas da Santa Casa de Franca
Um dia depois da confirmação da Organização Social de Saúde (OSS) Santa Casa de Misericórdia de Franca como administradora do Ambulatório Médico de Especialidades de Campinas (AME Campinas), o deputado estadual Rafa Zimbaldi (PSB) criticou a escolha do governo paulista que, segundo ele, excluiu a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) da concorrência pública, e informou que vai protocolar um requerimento na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) pedindo a prestação de contas da fundação a respeito das outras AMEs (Franca, Taquaritinga e Casa Branca) que cuida e detalhes sobre o modelo de gestão que será implantado em Campinas. Conforme despacho da Secretaria de Estado da Saúde, publicado na última quinta-feira no Diário Oficial, a OSS de Franca atendeu ao projeto assistencial encaminhado pelo Departamento Regional de Saúde VII - Campinas e sua proposta orçamentária se mostra viável. A previsão é que o serviço comece a funcionar no próximo ano. “Com todo respeito que temos com a Fundação Santa Casa de Franca, vamos pedir a documentação, porque Campinas, infelizmente, tem um trauma muito grande com a administração de OSSs", disse, em referência aos prejuízos causados pela Vitale Saúde — OS que administrou o Hospital Ouro Verde entre 2016 e 2017 — que ultrapassam os R$ 40 milhões. "Precisamos ter cautela e controle de tudo que vai acontecer no segundo maior AME do Estado que atenderá mais de 2, 5 milhões de habitantes de nossa região”, ponderou. Rafa entende que o Estado não deveria ter aberto um chamamento público. O modelo adotado, destinado a empresas privadas, também foi criticado porque automaticamente inviabilizou a participação da Unicamp no certame. O deputado garantiu que a Unicamp manifestou formalmente interesse em gerir a AME Campinas e está melhor capacitada porque já conhece as características e funcionamento do setor no Município e também na região. "A Unicamp não podia ser menosprezada", argumentou. Procurada, a Fundação Santa Casa de Franca não retornou o contato até o fechamento desta edição. O Governo do Estado não se pronucionou sobre as declarações de Rafa, mas informou que dados sobre as metas e valores serão disponibilizadas com a publicação do contrato de gestão em Diário Oficial. Segundo o prefeito Jonas Donizette (PSB), o AME de Campinas será o maior do Estado de São Paulo. O impacto do serviço no atendimento à Saúde do Município será imenso, pontua, uma vez que auxiliaria no desafogo de demandas do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti. "As cirurgias de pequeno porte vão para o AME", explicou. Para ele, o Mário Gatti faz bem seu papel. Contudo, sofre com a quantidade de atendimentos porque é procurado por moradores de Campinas e região. Nos primeiros nove meses de 2019, segundo dados da Rede Mário Gatti, o hospital registrou média mensal de 5.897 consultas no ambulatório de especialidades. No pronto-socorro adulto, 10.710. No infantil, 4.727. O laboratório de patologia clínica realizou cerca de 42 mil exames por mês no período. Entre cirurgias eletivas e de urgência, já foram feitas 3.864 neste ano. Jonas destacou que o governo estadual arcará com os custos operacionais. Uma grande vantagem, destaca, tendo em vista o investimento realizado atualmente pela cidade neste serviço público. O projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) prevê, para 2020, um orçamento de R$ 6,2 bilhões, valor 7,19% maior que o previsto para 2019. O documento foi protocolado na Câmara de Vereadores em 30 de setembro. Saúde e Educação concentram a maior parte do orçamento. A Saúde receberá R$ 1,557 bilhão, sendo R$ 1,274 bilhão para a Secretaria de Saúde e R$ 283,4 milhões para a Rede Mário Gatti. Já a Educação contará com verba de R$ 1,207 bilhão. Novo serviço deve começar a funcionar apenas em 2020 Localizado no Parque Itália, ao lado do Hospital Mário Gatti, o AME de Campinas está sendo executado por meio do Programa Saúde em Ação, uma parceria do Governo do Estado, da Prefeitura e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O investimento na construção é de R$ 37 milhões. A previsão inicial de entrega da obra era março deste ano. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, o serviço deve entrar em funcionamento em 2020. O terreno que vai abrigar o AME e também o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) tem cerca de 8 mil metros quadrados. O AME terá 31 consultórios médicos, 10 consultórios não médicos, centro cirúrgico com seis salas, hospital dia com 24 leitos, dois consultórios odontológicos e 20 salas de exames (radiologia, ultrassonografia, endoscopia, cardiologia e oftalmologia). (DC/AAN)