ESPECIALIDADES

Gestão de AME nasce sob controvérsia

Deputado critica escolha do governo e vai pedir prestação de contas da Santa Casa de Franca

Daniel de Camargo
10/11/2019 às 10:26.
Atualizado em 30/03/2022 às 11:41

Um dia depois da confirmação da Organização Social de Saúde (OSS) Santa Casa de Misericórdia de Franca como administradora do Ambulatório Médico de Especialidades de Campinas (AME Campinas), o deputado estadual Rafa Zimbaldi (PSB) criticou a escolha do governo paulista que, segundo ele, excluiu a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) da concorrência pública, e informou que vai protocolar um requerimento na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) pedindo a prestação de contas da fundação a respeito das outras AMEs (Franca, Taquaritinga e Casa Branca) que cuida e detalhes sobre o modelo de gestão que será implantado em Campinas. Conforme despacho da Secretaria de Estado da Saúde, publicado na última quinta-feira no Diário Oficial, a OSS de Franca atendeu ao projeto assistencial encaminhado pelo Departamento Regional de Saúde VII - Campinas e sua proposta orçamentária se mostra viável. A previsão é que o serviço comece a funcionar no próximo ano. “Com todo respeito que temos com a Fundação Santa Casa de Franca, vamos pedir a documentação, porque Campinas, infelizmente, tem um trauma muito grande com a administração de OSSs", disse, em referência aos prejuízos causados pela Vitale Saúde — OS que administrou o Hospital Ouro Verde entre 2016 e 2017 — que ultrapassam os R$ 40 milhões. "Precisamos ter cautela e controle de tudo que vai acontecer no segundo maior AME do Estado que atenderá mais de 2, 5 milhões de habitantes de nossa região”, ponderou. Rafa entende que o Estado não deveria ter aberto um chamamento público. O modelo adotado, destinado a empresas privadas, também foi criticado porque automaticamente inviabilizou a participação da Unicamp no certame. O deputado garantiu que a Unicamp manifestou formalmente interesse em gerir a AME Campinas e está melhor capacitada porque já conhece as características e funcionamento do setor no Município e também na região. "A Unicamp não podia ser menosprezada", argumentou. Procurada, a Fundação Santa Casa de Franca não retornou o contato até o fechamento desta edição. O Governo do Estado não se pronucionou sobre as declarações de Rafa, mas informou que dados sobre as metas e valores serão disponibilizadas com a publicação do contrato de gestão em Diário Oficial. Segundo o prefeito Jonas Donizette (PSB), o AME de Campinas será o maior do Estado de São Paulo. O impacto do serviço no atendimento à Saúde do Município será imenso, pontua, uma vez que auxiliaria no desafogo de demandas do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti. "As cirurgias de pequeno porte vão para o AME", explicou. Para ele, o Mário Gatti faz bem seu papel. Contudo, sofre com a quantidade de atendimentos porque é procurado por moradores de Campinas e região. Nos primeiros nove meses de 2019, segundo dados da Rede Mário Gatti, o hospital registrou média mensal de 5.897 consultas no ambulatório de especialidades. No pronto-socorro adulto, 10.710. No infantil, 4.727. O laboratório de patologia clínica realizou cerca de 42 mil exames por mês no período. Entre cirurgias eletivas e de urgência, já foram feitas 3.864 neste ano. Jonas destacou que o governo estadual arcará com os custos operacionais. Uma grande vantagem, destaca, tendo em vista o investimento realizado atualmente pela cidade neste serviço público. O projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) prevê, para 2020, um orçamento de R$ 6,2 bilhões, valor 7,19% maior que o previsto para 2019. O documento foi protocolado na Câmara de Vereadores em 30 de setembro. Saúde e Educação concentram a maior parte do orçamento. A Saúde receberá R$ 1,557 bilhão, sendo R$ 1,274 bilhão para a Secretaria de Saúde e R$ 283,4 milhões para a Rede Mário Gatti. Já a Educação contará com verba de R$ 1,207 bilhão.  Novo serviço deve começar a funcionar apenas em 2020 Localizado no Parque Itália, ao lado do Hospital Mário Gatti, o AME de Campinas está sendo executado por meio do Programa Saúde em Ação, uma parceria do Governo do Estado, da Prefeitura e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O investimento na construção é de R$ 37 milhões. A previsão inicial de entrega da obra era março deste ano. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, o serviço deve entrar em funcionamento em 2020. O terreno que vai abrigar o AME e também o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) tem cerca de 8 mil metros quadrados. O AME terá 31 consultórios médicos, 10 consultórios não médicos, centro cirúrgico com seis salas, hospital dia com 24 leitos, dois consultórios odontológicos e 20 salas de exames (radiologia, ultrassonografia, endoscopia, cardiologia e oftalmologia). (DC/AAN)

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