RETOMADA

Gasto com alimentação fora do lar cresce 49,5% em 2022

Estudo revela que consumo nos estabelecimentos de Campinas foi de R$ 2,7 bi

Ronnie Romanini/ [email protected]
16/03/2023 às 08:05.
Atualizado em 16/03/2023 às 08:05
Previsão do IPC Maps era de que o consumo de famílias com alimentação fora de casa atingisse 0,9%, no entanto chegou a 4,3% no final de 2022 (Alessandro Torres)

Previsão do IPC Maps era de que o consumo de famílias com alimentação fora de casa atingisse 0,9%, no entanto chegou a 4,3% no final de 2022 (Alessandro Torres)

O avanço da vacinação contra a covid-19 e a melhora nos índices da pandemia fez com que 2022 ficasse marcado como o ano que avançou alguns passos em direção à retomada da normalidade no comércio de alimentos e bebidas. Estudo IPC Maps, realizado pela IPC Marketing, apontou que moradores da Região Metropolitana de Campinas (RMC) aumentaram o consumo de alimentos e bebidas fora de casa. Por outro lado, o número de estabelecimentos que prestam este tipo de serviço registrou queda na região.

O crescimento no valor de consumo foi maior em Campinas do que na RMC. Foram gastos, em 2022, R$ 2,7 bilhões nos estabelecimentos da cidade, o que significa aumento de 49,5% em relação ao ano anterior, quando o gasto atingiu R$ 1,8 bilhão. As classes D e E, contabilizadas no levantamento, foram as únicas em que houve recuo no valor desembolsado passando de R$ 112 milhões em 2021 para 95 milhões em 2022. 

Na RMC, o consumo total subiu de pouco mais de R$ 5 bilhões em 2021 para R$ 6,8 bilhões no ano passado, crescimento de 33,3%. Por outro lado, houve uma redução nos estabelecimentos abertos tanto em Campinas como na RMC. Na metrópole, a retração foi de 12,2%, com 1,7 mil serviços a menos, enquanto na RMC em 2022 30.941 estabelecimentos estavam em atividade contra 34.700 em 2021, uma redução de 10,8%.

Mesmo ainda longe do ideal, o responsável pelo IPC Maps, Marcos Pazzini, explicou que houve uma melhora na economia, ou seja, o valor total consumido em alimentos e bebidas fora da própria residência não decorre apenas de uma elevação nos preços dos produtos. 

"O aumento que houve nos valores de potencial de consumo e do PIB (Produto Interno Bruto) foi por conta de um aquecimento da economia e não apenas pelo crescimento dos valores dos produtos. Se a economia não tivesse crescido - e os preços subido - haveria uma recessão. O poder aquisitivo ficaria achatado e a população teria menos condições de comprar os produtos. Não foi o que aconteceu, o que houve foi uma melhora no cenário econômico brasileiro e no cenário de consumo".

A previsão do IPC Maps, originalmente, para 2022, era de um crescimento de 0,5% no PIB e de 0,9% no consumo das famílias. Com o ano finalizado verificou-se que o PIB e o consumo cresceram mais do que o esperado, respectivamente 2,9% e 4,3%.

Uma das razões que ajuda a explicar o aumento nos valores de consumo, segundo o responsável pelo ICP Maps, Marcos Pazzini, é a injeção de dinheiro que foi colocada na economia por meio de programas sociais que beneficiaram pessoas. O reflexo disso foi sentido no Brasil e também na região de Campinas.

"Houve aumento nos valores de consumo em todas as categorias, incluindo alimentos e bebidas fora de casa, despesas com veículo próprio, alimentação no domicílio, aluguel e tudo mais".

Na avaliação de Pazzini, o cenário é positivo. Ele lembrou que durante a pandemia houve um alto número de empresas que fecharam as portas e também a redução no consumo dos brasileiros, porém, em 2021, o crescimento já foi positivo e agora o saldo de 2022 é que foi acima do esperado originalmente. 

"Esperamos que esse movimento continue ocorrendo agora em 2023 e nos anos seguintes, para que tenhamos efetivamente um mercado consumidor maior e com possibilidade de desembolso em outras categorias, que normalmente o consumidor nem considera uma vez que o dinheiro acaba antes do mês terminar, com as contas básicas comprometendo a maioria - se não todo - orçamento doméstico".

Sócio de um restaurante no distrito de Barão Geraldo, que pediu para não ser identificado, afirmou que a retomada está em curso, mas ainda sem atingir os índices pré-pandemia. Durante o pior momento da covid-19, o restaurante chegou a receber menos da metade dos clientes que frequentavam até 2019. Agora, o faturamento está um pouco acima do pré-pandemia, graças ao aumento do custo, mas ainda falta uma porcentagem para recuperar o número de clientes do período pré-pandemia, mostrando que o setor ainda sofre consequências.

Para o empresário, a retomada ainda não foi completa, pois há um endividamento familiar alto, um empobrecimento grande da população, além da perda do poder de consumo em decorrência da inflação. 

Na comparação entre 2021 e 2022, o consumo no restaurante aumentou 23%. O número poderia ser melhor, mas o crescimento do consumo ainda não foi o suficiente para fazer com que a população opte por alternativas mais especializadas, focando por vezes comer em restaurantes mais simples, dando prioridade, por exemplo, ao tradicional PF, o prato feito.

"Os salários não aumentaram na mesma velocidade que a inflação na alimentação e em outros segmentos. Eu espero uma retomada gradual do nível pré-pandemia nesses próximos 24 meses (...) o que nos ajuda a melhorar é a retomada econômica, a volta do dinheiro na mão das pessoas, bolsas para estudantes, programas que façam o dinheiro chegar de maneira mais justa à população que deixou de consumir", concluiu.

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