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Garçons de Campinas colecionam histórias

Em Campinas, todo bar ou restaurante possui, ao menos, um garçom que coleciona boas histórias

Henrique Hein/AAN
22/10/2017 às 15:06.
Atualizado em 22/04/2022 às 17:55
Jaison Lampert, do Empório do Nono: cliente engessada esqueceu bota  (Divulgação)

Jaison Lampert, do Empório do Nono: cliente engessada esqueceu bota (Divulgação)

Todo mundo conhece, já conheceu, ou então, ainda vai conhecer um garçom “bacana” durante a vida. Têm aqueles que fazem os clientes rirem. Outros são reconhecidos por sempre atenderem primeiro, ou por serem os famosos “da casa” — que estão há mais tempo no local. Tem aqueles que ficam encarregados de nos dias mais agitados passar de mesa em mesa entregando aquele choppinho gelado que a clientela adora, já outros, depois de uma boa conversa, viram até amigos íntimos dos frequentadores. Em Campinas, todo bar ou restaurante possui, ao menos, um garçom que coleciona boas histórias. Arlindo Pires Oliveira, garçom do Restaurante Rosário, um dos mais tradicionais da cidade, lembra que a situação mais inusitada de sua carreira ocorreu durante o seu horário de almoço, quando um homem desconhecido cruzou as duas entradas do restaurante. “Teve um dia que um táxi veio de Jundiaí e parou na frente do restaurante. Era horário de almoço e nós (garçons) estávamos almoçando. De repente, a gente achou estranho que uma pessoa entrou pela porta da Rua General Ozório e se dirigiu até a nossa outra entrada, que fica na Regente Feijó. Até aí, nós tínhamos achado que o camarada tinha ido buscar comida no balcão, sei lá. Passaram uns 10, 15 minutos, entrou o taxista perguntando se o nosso funcionário tinha deixado o dinheiro da corrida com a gente. Aí que nós nos tocamos que o sujeito, que não tinha nada a ver com o restaurante, tinha aplicado um golpe no taxista para fugir pela outra porta e não pagar ele. A gente ficou com dó do taxista”, comenta. As histórias com clientes que exageram na bebida são comuns, segundo Wagner Fabiano Pereira, do City Bar. Ele diz que já presenciou várias, mas que uma em especial o marcou há quase 12 anos. “Uma vez levantou um cara que estava em uma mesa com um grupinho de amigos. Ele estava muito bêbado e decidiu ir para ao banheiro. Quando voltou, acabou meio que se perdendo da turma dele e ficou perambulando mesa por mesa atrás dos amigos dele. Me dirigi a ele para ajudar, só que no fim das contas, ele acabou sozinho trombando com um poste, que tem aqui na rua do bar. Não é que ele achou que o poste era uma pessoa e começou a discutir e dar socos no poste sem parar? Eu só me lembro dos amigos dele pedindo para deixá-lo brigar com poste para eles rirem da situação do coitado”, relembra. Além da famosa tradicional roda de amigos pós-expediente, os bares e restaurantes costumam ser locais aptos para casais de todas as idades. Porém, às vezes, a situação pode sair do controle, como aconteceu com o garçom Jesus Rodrigues Maciel, do Zin’Bar do Taquaral, que presenciou o inicio de uma discussão entre casais, que não acabou bem. “Uns anos atrás, teve um casal que começou a brigar aqui no meio do bar. Um dos dois descobriu, na hora, que um tinha traído o outro durante a relação, porque um amante, coincidentemente, estava aqui também no mesmo horário que eles. A pessoa começou a fazer graça com o casal. Aí um questionou o outro e foi descoberta a traição no meio do bar. Isso aí eu fiquei sabendo depois que deu até separação”, explica. Casos não se restringem ao expediente Apesar dos causos e situações inusitadas que envolvem a profissão, o garçom Jaison Lampert, do Empório do Nono, comenta que essas situações diferentes são frequentes e que muitas vezes a profissão não termina com o expediente. “Uma cliente chegou aqui um dia com aquelas botas que servem para proteger o gesso da perna. Ela, portanto, estava com uma das pernas engessada e quando sentou na cadeira, decidiu tirar a bota para poder apoiar a perna numa outra cadeira, para se sentir mais confortável. Eles comeram, pediram vários drinks, a conta e foram embora. Quando eu fui retirar as coisas da mesa, eu percebi que a moça tinha ido embora a pé e esquecido a bota. Na nota fiscal do cartão de crédito, consegui achar seu contato no Facebook. No dia seguinte, ela pediu para uma amiga buscar sua bota no bar. Foi uma situação que eu nunca imaginei viver”, finaliza o garçom.  

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