Órgão de segurança do Estado em Campinas planeja compactação de veículos, como na Capital
Pátio da Emdec no Jardim das Bandeiras, lotado: esvaziamento abre espaço para novas apreensões (Rodrigo Zanotto/Especial para a AAN)
A Polícia Civil de Campinas está prestes a concluir um levantamento dos 8.962 veículos que estão nos dois pátios da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) para obter o motivo que os levaram até o local e conseguir na Justiça autorização para a compactação dos autos, que estão esquecidos há mais de cinco anos e em condições precárias.A medida faz parte das ações do Gabinete de Segurança da Região Metropolitana de Campinas (Gamesp), e foi anunciada ontem pelo secretário adjunto de Segurança Pública, Antonio Carlos da Ponte, que esteve em Campinas para a quarta reunião de trabalho do gabinete. O projeto segue a mesma linha adotada na Capital no mês de maio — o município já tem aval judicial para destruir cerca de 45 mil veículos depositados em pátios.A licitação, na Capital, já está aberta. Em Campinas, a estimativa é de que o início do certame só aconteça no próximo ano, após a conclusão do inventário dos veículos, que deve se arrastar até novembro. Os dados pesquisados pela Polícia Civil indicarão também quais deles são fruto de crimes e quais foram recolhidos em razão de questões administrativas.Após a identificação, segundo o Estado, será pedida uma autorização para a Corregedoria Geral da Justiça para a compactação. Na sequência, será publicado um edital, pelo Poder Judiciário, para que os eventuais interessados na restituição do veículo apreendido manifestem o interesse em um prazo a ser estipulado. Os veículos não reclamados pelos proprietários serão periciados e, após elaboração do laudo, irão a leilão, que será viabilizado por uma concorrência pública. As empresas vencedoras terão de se responsabilizar pela compactação — os veículos não poderão ter as peças vendidas ou serem desmanchados. O valor arrecadado com o leilão será depositado em conta judicial para eventual ressarcimento de proprietários.A intenção da Secretaria de Segurança é liberar espaço nos pátios para que operações e apreensões de veículos possam ser realizadas com mais frequência e em maior número no município. Uma estimativa da Polícia Militar aponta que operações na cidade poderiam apreender cem motos a mais do que ocorre atualmente. Porém, a falta de local para encaminhar esses veículos impede ações mais bruscas.O problema da superlotação dos pátios se arrasta há anos em Campinas. Atualmente eles trabalham com a capacidade quatro vezes superior à que foram projetados para comportar. Em grande parte do pátio é possível flagrar de dois a três carros empilhados um sobre o outro. Pela falta de espaço, algumas delegacias acabam virando depósito de veículos recuperados em ações policiais ou acidentes. Na frente do 1 Distrito Policial, no Botafogo, por exemplo, na semana passada havia 15 veículos aguardando espaço no pátio da Emdec para serem levados.Outro motivo para o prensamento dos veículos e a venda posterior da sucata é reduzir o comércio ilegal de peças principalmente em desmanches. Esse tipo de comércio é apontado pelas autoridades de segurança como um dos principais propulsores dos casos de roubo e furto de veículos. A ideia é a redução dessas práticas criminosas. “Estamos com um projeto de lei que limita ainda mais a atuação de desmanches no Estado. O ideal mesmo é a compactação e a venda da sucata. Essa é uma medida muito importante para o combate aos crimes contra o patrimônio, que muitas vezes acabam em terror, como nos casos de latrocínio. Campinas seguirá São Paulo. Lá, já temos um provimento do Conselho Superior da Magistratura, que pode ser estendido”, disse. O secretário enfatizou que com a liberação dos pátios aumentará o número de operações para a apreensão de motos. “É de conhecimento comum que na maioria das vezes bandidos chegam de moto para praticar qualquer tipo de ação criminosa. E a maioria é irregular”, afirmou Ponte.O diretor do Departamento de Polícia Judiciária Interior 2 (Deinter-2), Licurgo Nunes Costa, afirmou que a fase final do inventário será mais demorada pois há veículos que estão no local há mais de 15 anos, quando o sistema da polícia ainda não era informatizado. “Já fizemos quase todo o levantamento. Agora a segunda parte será descobrir a origem e o motivo que levou esses veículos ao pátio. Mas acredito que finalizaremos até o final deste ano”, afirmou. O delegado ainda informou que acredita que cerca de 70% dos quase 9 mil veículos depositados nos pátios de Campinas devem virar sucata.O Estado também não descartou criar um novo pátio na cidade na região do Aeroporto de Viracopos, onde há um terreno oferecido pelo Município para a criação do depósito de veículos provenientes de ações policiais. O modelo seria o mesmo existente no Rio de Janeiro, onde há parte municipal, estadual e particular. “Lá chama-se Pátio Legal, mas ainda estamos avaliando o que será feito”, afirmou o secretário. SeccionalAlém da compactação de veículos, o Estado afirmou que a assinatura do contrato de locação com o proprietário do imóvel onde será implantada a 2 Delegacia Seccional de Campinas ainda não foi assinado. O prédio fica localizado no Jardim Londres, às margens da Avenida John Boyd Dunlop. “Estamos terminando de acertar alguns processos como valor de aluguel e esperando alguns apontamentos, mas creio que até o final deste mês a assinatura do contrato ocorra”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Metropolitano, Edmur Mesquita, que também esteve na reunião. Edmur ainda afirmou que após a assinatura será feito um edital para adaptações e reformas no prédio que deve começar a operar apenas no próximo ano.