editorial

Futebol pode aguardar a normalidade

O colapso dos caixas dos clubes, pelo menos neste primeiro semestre, não deve ser motivo para antecipação das partidas

Correio Popular
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09/05/2020 às 09:18.
Atualizado em 29/03/2022 às 12:20

Pelo calendário normal do futebol paulista, antes da escalada do novo coronavírus, os torcedores já teriam conhecido o campeão de 2020. O torneio, porém, foi interrompido no meio de março, quando faltavam duas rodadas para o término da primeira fase. O último jogo, inclusive, foi o Dérbi no Brinco de Ouro, em Campinas, que terminou com uma histórica virada do Guarani sobre a Ponte Preta, por 3 a 2. Desde então, centros de treinamento fechados, estádios vazios, comissões técnicas fazendo reuniões on-line e jogadores se preservando em suas casas. Este é o cenário atual do Paulistão. Chegou-se a ventilar a hipótese de um retorno ainda este mês, com jogos com portões fechados. Essa tese tem sido defendida por alguns cartolas — não de forma enfática, por temer repercussão negativa junto à opinião pública — interessados nos repasses de verbas das cotas de TV e dos patrocínios. Como em toda a economia, o futebol também está desabando financeiramente, sobretudo os clubes com menor potencial de mídia e estrutura menos profissionalizada. O colapso dos caixas no futebol, pelo menos neste primeiro semestre, não deve ser motivo para a antecipação das partidas, mesmo com competições pela metade. Há países, como a França, que já decretaram o fim dos campeonatos, declarando o campeão deste ano. Diante da provável revolta de boa parte dos torcedores em São Paulo, caso isso fosse feito, os dirigentes relutam em adotar esse caminho. A rivalidade, nesta hora, joga contra. Por que então não declarar o torneio sem campeão? E sem times rebaixados? Valendo para as três séries da Primeira Divisão, A1, A2 e A3? Poderia ser uma saída. Em grandes catástrofes mundiais, como a Segunda Guerra, competições eram interrompidas, como as Copas. A Federação Paulista de Futebol (FPF), em reunião no início desta semana, reiterou que o Paulistão não tem data para retornar. O encontro teve participação dos representantes dos clubes. Ficou acertado que a volta só ocorrerá com o aval das autoridades de Saúde. Sensato, afinal São Paulo é o estado com maior número de casos de Covid-19. Quase a metade das mortes registradas oficialmente no País ocorreu em território paulista. Além disso, o coronavírus, segundo análises de especialistas, avança pelo Interior e Litoral. É de se elogiar, portanto, os sinais dos principais dirigentes paulistas sobre não atropelar as autoridades de Saúde, nem pressionar o governo em nome de seu universo milionário e seus interesses desportivos. A vida vale muito mais do que uma partida de futebol.

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