Levantamento feito pela CPFL Paulista e Piratininga identificou 6.857 irregularidades nas cidades de Campinas, Americana, Sumaré, Indaiatuba e Hortolândia
Levantamento feito pela CPFL Paulista e Piratininga identificou 6.857 irregularidades nas cidades de Campinas, Americana, Sumaré, Indaiatuba e Hortolândia (Dominique Torquato/AAN)
O número de “gatos”— furto de energia elétrica da rede — identificados em Campinas e região aumentou 29,4% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Levantamento feito pela CPFL Paulista e Piratininga identificou 6.857 irregularidades nas cidades de Campinas, Americana, Sumaré, Indaiatuba e Hortolândia nos seis primeiros meses do ano. A concessionária intensificou a fiscalização e ampliou a tecnologia contra fraudes e furtos na região. Até um hotel com ligação clandestina foi identificado em Hortolândia. O proprietário do estabelecimento foi preso em flagrante e após pagamento da fiança liberado. Somente em Campinas, foram identificadas 5.657 mil irregularidades nos seis primeiros meses deste ano, o que corresponde a quase dois terços (64,72%) do acumulado em todo o ano de 2016 (8,7 mil irregularidades). Pedro de Aro, gerente de serviços comerciais da CPFL Energia afirma que os números são resultados do aumento da fiscalização e do aperfeiçoamento e incrementação da tecnologia utilizada para identificação das fraudes. Ele explica que o processo de fiscalização inclui o mapeamento do perfil dos clientes, capaz de identificar possíveis variações de consumo de energia elétrica que indiquem perdas comerciais. “Também colocamos alarmes e medidores inteligentes em grandes clientes da concessionária”. Entre janeiro e junho de 2017 foram executadas 25.282 mil inspeções em clientes residenciais, comerciais e industriais nos municípios de Campinas, Americana, Sumaré, Indaiatuba e Hortolândia, uma alta de 34% na comparação com a média de igual período do ano passado. As outras cidades da região onde a concessionária atua também registraram crescimento. Ao longo dos últimos 18 meses, a CPFL Paulista realizou nesses cinco municípios, no total, 62.924 mil inspeções, encontrando 16.766 mil irregularidades, o que equivale, em média, a pelo menos uma irregularidade a cada quatro consumidores visitados. O volume de energia furtado neste período, de 40.24 mil MWh, seria suficiente para abastecer 22.355 mil famílias pelo período de um ano. Somente em Campinas, também no período de 18 meses, foram feitas 49.458 mil inspeções e encontradas 14.407 irregularidades. O volume furtado (40,24 mil MWh) seria capaz de abastecer 19.196 mil famílias. Segundo Aro, ao aplicar mais inteligência e tecnologia em seus processos, a companhia ampliou as inspeções na região e, consequentemente, aumentou a identificação dos “gatos”. Ele ressalta que cerca de 80% das fraudes encontradas estão relacionadas a ampliação da tecnologia. O restante estaria relacionado à crise econômica e desemprego. “Uma pequena parte é decorrente da pressão econômica que empresários e as pessoas acabam sofrendo e com isso adotam essa prática que é criminosa”. Hortolândia Um dos casos de fraude ocorreu em Hortolândia. Após monitoramento no dia 22 de setembro, equipes da distribuidora identificaram que um cliente comercial fraudava a energia por meio de uma ligação clandestina nos fundos do edifício onde o negócio está localizado. Comprovada a fraude, o responsável pela medição no estabelecimento comercial foi preso em flagrante e levado à delegacia. Após pagamento da fiança, o funcionário foi liberado. Aro ressaltou a parceria com o poder público, uma vez que o furto de energia significa também evasão de receitas para o Estado, já que a receita furtada não é faturada. As fraudes e furtos de energia são crimes previstos no Código Penal e a pena pode variar de um a quatro anos de detenção. Além disso, para os fraudadores também são cobrados os valores retroativos referentes ao período em que ocorreu o roubo, acrescidos de multa. Segundo a CPFL Paulista, as irregularidades contribuem para tornar a conta de luz mais cara para todos os consumidores, porque a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) reconhece nas chamadas “perdas comerciais”, como são denominados os furtos e as fraudes no jargão do setor elétrico, uma parcela do prejuízo da distribuidora com o valor da energia furtada e dos custos para identificar e coibir as irregularidades. As ligações clandestinas sobrecarregam as redes elétricas, deixando o sistema de distribuição mais suscetível às interrupções no fornecimento de energia.