EM CAMPINAS

Furto de cabos interrompe abastecimento de energia

Por ano, a Administração pública gasta cerca de R$ 1,5 milhão na reposição de cabos e fios furtados

Isadora Stentzler
30/03/2022 às 10:59.
Atualizado em 30/03/2022 às 10:59
Torres de energia elétrica: CPFL Energia garantiu que está trabalhando em conjunto com autoridades policiais (Divulgação)

Torres de energia elétrica: CPFL Energia garantiu que está trabalhando em conjunto com autoridades policiais (Divulgação)

Na madrugada de ontem, um furto de fios e cabos dentro da subestação de energia Notre Dame, na entrada de Sousas, interrompeu parcialmente o abastecimento de energia elétrica de alguns clientes na região e afetou temporariamente a captação de água do Rio Atibaia. O prejuízo do roubo dos cabos de energia só não foi maior graças ao trabalho das equipes durante a madrugada para restabelecer normalidade das operações.

Segundo a CPFL Energia, por volta da 1h, a subestação foi desligada devido ao furto dos cabos de energia. As equipes da companhia agiram rapidamente e transferiram os clientes que eram abastecidos por aquela subestação para outras, enquanto técnicos trabalhavam na reposição dos cabos furtados. A empresa não informou quantas pessoas foram prejudicadas pelo corte e nem a quantidade de cabos furtados.

O abastecimento foi normalizado ainda na madrugada, mas o corte de energia resultante do furto dos fios teve reflexo em outras áreas. A captação de água do Rio Atibaia, que atende 95% da cidade, por exemplo, foi afetada.

A Sanasa emitiu uma nota informando que trabalhava em “conjunto com os técnicos da CPFL para resguardar o abastecimento da Metrópole” e que permanecia monitorando o consumo de água e o fornecimento de energia, ambos sanados na sequência.

Também, por meio de nota, a CPFL garantiu que está trabalhando em conjunto com autoridades policiais na investigação da ocorrência. A empresa ainda pediu para que a comunidade auxilie a coibir esse tipo de crime, denunciando, de forma sigilosa as ocorrências por meio do aplicativo “CPFL Energia”, pelo site www.cpfl.com.br/fraude, ou pelo e-mail: [email protected].

O caso expõe um problema crescente em Campinas e que já foi apresentado pelo Correio Popular: o aumento de furtos de fios e materiais metálicos e da consequente receptação desses produtos.

Segundo o secretário municipal de Serviços Públicos, Ernesto Paulella, apenas com reposição de cabos de energia furtados, a Prefeitura de Campinas gasta, anualmente, uma média de R$ 1,5 milhão. O valor ainda é maior quando se tratam de grades de boca de lobo: R$ 2 milhões por ano.

“Esse problema de furto de fiação elétrica vem crescendo. Mas não apenas de cabos e fios, mas também de metais, por exemplo: grades de bocas de lobo, tampas de inspeção de esgoto, águas e galeria pluviais, tudo o que é metal, cobre, que tem valor financeiro, está sendo furtado. A uma semana atrás, no Parque Dom Bosco, do Vida Nova, que é um parque ecológico, toda a fiação elétrica foi roubada. A reposição dos fios ali custou R$ 70 mil. Isso é o valor só de um parque, mas vem acontecendo em várias praças também”, relatou.

A Secretaria já estuda substituir as bocas de lobo de ferro por materiais de concreto. Além disso, a adoção de instalação dos fios aéreos foi uma forma de dificultar a ação dos criminosos, já que antes eles eram instalados de maneira subterrânea. “A gente torce muito para que isso diminua, mas é muito provável que não, visto que, ao que parece, esses furtos estão ligados a moradores em situação de rua. Mas é preciso que se atue junto aos receptadores desses produtos”, frisou.

No comércio

A presidente do SindiVarejista de Campinas e Região, Sanae Murayama Saito, acredita que, devido à pandemia e ao isolamento da região central e do comércio, esse tipo de crime se alastrou, sendo comum a denúncia por parte de comerciantes.

Ela contou que possui um imóvel na região central, que ficou desocupado por um período, tendo parte dos cabos e outros materiais de alumínio furtados. “A casa ficou desocupada, sem alugar ou vender, e quando fomos até ela, já não tinha mais fiação, torneira, box de banheiro… E nós fomos procurar e encontramos alguns dos materiais no ferro-velho, mas não conseguimos provar que era nosso”, aponta.

Para ela, além do poder público, é necessário que a população tome parte ativa, denunciando as ocorrências e colaborando com os vizinhos.

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