Trabalhadora da farmácia levou um tapa no rosto de uma adolescente de 17 anos
Funcionários do Centro de Saúde União dos Bairros, que fica no bairro Vida Nova, em Campinas, cruzaram os braços nesta terça-feira (29) após uma funcionária levar um tapa no rosto, dado por uma adolescente de 17 anos, filha de uma paciente, na tarde de segunda-feira (28). A confusão ocorreu por causa de uma receita de medicamento com a data vencida. Uma faixa e cartazes em protesto a agressão foram colocados no alambrado da unidade, que permaneceu de portões fechados mas atendeu pacientes de urgência e casos de dengue.Pela manhã, diversos pacientes procuraram atendimento na unidade e encontraram os portões fechados. A tarde, poucos compareceram. "Entendo o lado deles, não tenho queixas do posto, sempre fui bem atendida aqui" , conta a faxineira Simone Lira, 26 anos. "Só acho que deveriam ter me ligado para avisar que não teria a consulta. Eu não sabia e vim aqui à toa, mas informaram que amanhã vão remarcar."A servente Margarida Alves da Silva, 49 anos, reclamou da falta de atendimento. "É a terceira consulta que falto do trabalho e não sou atendida. Uma vez o médico tava doente, outra o pai morreu, hoje é isso" , diz. "O atendimento aqui é ruim sim e muitas vezes os funcionários dão motivo para as agressões, embora eu não seja a favor."Já a auxiliar de limpeza Alessandra Matias de Souza, 27 anos, conseguiu atendimento para o filho Yuri, de 1 ano e 11 meses, que estava com febre. "Não tenho como ir para o Hospital Ouro Verde. Vi as placas, mas arrisquei pedir ajuda." Na porta do Centro de Saúde, uma funcionária que não se identificou informou que pacientes de urgência e suspeita de dengue, que precisavam tomar soro fisiológico, foram atendidos. "Estão todos os trabalhadores aqui dentro e inclusive ligamos para quem chegou resultado de dengue" , fala.A diretora de Saúde do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Campinas (STMC), Liliane Maria de Oliveira, conta que a técnica de enfermagem havia atendido a mãe da agressora, que estava com uma receita vencida, e informou que não poderia entregar o remédio. "O funcionário não é dono do medicamento, ele presta contas do que faz" , explica. "Apesar disso a coordenadora foi chamada, o caso foi revisto e o remédio foi entregue. Mesmo assim, a filha agrediu a funcionária quando cruzou com ela no corredor do posto."Segundo Liliane, a unidade já registrou outros casos de agressão. "Não para funcionário aqui. São 9 bairros para 12 funcionários de enfermagem, que ainda ajudam na recepção, porque só tem uma pessoa lá" , afirma. O Conselho de Saúde do posto esteve presente e paralisou a paralisação. "As ameaças de agressão são constantes" , informa a conselheira Graça Souza. "Há reclamações de atendimento, mas o posto deveria atender 18 mil pessoas e atende quase 40 mil com falta de funcionários." Atendimentos será retomadoProcurada a Secretaria Municipal de Saúde informou apenas que ontem realizou uma reunião com os trabalhadores e estudará o que pode ser feito para amenizar a situação e que atendimento volta ao normal nesta quarta-feira (30). Segundo o STMC, a Prefeitura teria se comprometido a estudar mais segurança para o local e enviar duas funcionárias para atender na recepção. O sindicato afirma ainda que a técnica de enfermagem registrou ontem um boletim de ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). A reportagem tentou o contato por telefone com a Polícia Civil, mas não houve atendimento.