VIDA NOVA

Funcionários paralisam posto de saúde após agressão

Trabalhadora da farmácia levou um tapa no rosto de uma adolescente de 17 anos

Tatiane Quadra
29/04/2014 às 19:39.
Atualizado em 26/04/2022 às 22:55

Funcionários do Centro de Saúde União dos Bairros, que fica no bairro Vida Nova, em Campinas, cruzaram os braços nesta terça-feira (29) após uma funcionária levar um tapa no rosto, dado por uma adolescente de 17 anos, filha de uma paciente, na tarde de segunda-feira (28). A confusão ocorreu por causa de uma receita de medicamento com a data vencida. Uma faixa e cartazes em protesto a agressão foram colocados no alambrado da unidade, que permaneceu de portões fechados mas atendeu pacientes de urgência e casos de dengue.Pela manhã, diversos pacientes procuraram atendimento na unidade e encontraram os portões fechados. A tarde, poucos compareceram. "Entendo o lado deles, não tenho queixas do posto, sempre fui bem atendida aqui" , conta a faxineira Simone Lira, 26 anos. "Só acho que deveriam ter me ligado para avisar que não teria a consulta. Eu não sabia e vim aqui à toa, mas informaram que amanhã vão remarcar."A servente Margarida Alves da Silva, 49 anos, reclamou da falta de atendimento. "É a terceira consulta que falto do trabalho e não sou atendida. Uma vez o médico tava doente, outra o pai morreu, hoje é isso" , diz. "O atendimento aqui é ruim sim e muitas vezes os funcionários dão motivo para as agressões, embora eu não seja a favor."Já a auxiliar de limpeza Alessandra Matias de Souza, 27 anos, conseguiu atendimento para o filho Yuri, de 1 ano e 11 meses, que estava com febre. "Não tenho como ir para o Hospital Ouro Verde. Vi as placas, mas arrisquei pedir ajuda." Na porta do Centro de Saúde, uma funcionária que não se identificou informou que pacientes de urgência e suspeita de dengue, que precisavam tomar soro fisiológico, foram atendidos. "Estão todos os trabalhadores aqui dentro e inclusive ligamos para quem chegou resultado de dengue" , fala.A diretora de Saúde do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Campinas (STMC), Liliane Maria de Oliveira, conta que a técnica de enfermagem havia atendido a mãe da agressora, que estava com uma receita vencida, e informou que não poderia entregar o remédio. "O funcionário não é dono do medicamento, ele presta contas do que faz" , explica. "Apesar disso a coordenadora foi chamada, o caso foi revisto e o remédio foi entregue. Mesmo assim, a filha agrediu a funcionária quando cruzou com ela no corredor do posto."Segundo Liliane, a unidade já registrou outros casos de agressão. "Não para funcionário aqui. São 9 bairros para 12 funcionários de enfermagem, que ainda ajudam na recepção, porque só tem uma pessoa lá" , afirma. O Conselho de Saúde do posto esteve presente e paralisou a paralisação. "As ameaças de agressão são constantes" , informa a conselheira Graça Souza. "Há reclamações de atendimento, mas o posto deveria atender 18 mil pessoas e atende quase 40 mil com falta de funcionários." Atendimentos será retomadoProcurada a Secretaria Municipal de Saúde informou apenas que ontem realizou uma reunião com os trabalhadores e estudará o que pode ser feito para amenizar a situação e que atendimento volta ao normal nesta quarta-feira (30). Segundo o STMC, a Prefeitura teria se comprometido a estudar mais segurança para o local e enviar duas funcionárias para atender na recepção. O sindicato afirma ainda que a técnica de enfermagem registrou ontem um boletim de ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). A reportagem tentou o contato por telefone com a Polícia Civil, mas não houve atendimento.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por