Serviço informou que a paralisação foi uma "surpresa", mas que não afetou o atendimento aos pacientes; áreas mais prejudicadas foram os serviços de alimentação, nutrição e lavanderia
Cândido Ferreira é o responsável pelo atendimento de pacientes com transtornos mentais em Campinas ( Dominique Torquato/ AAN)
Cerca de 50% dos funcionários do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira aderiram à greve da categoria que começou na manhã desta segunda-feira (22). O balanço foi feito pelo Sindicato da Saúde de Campinas e Região (Sinsaúde). Os trabalhadores atuam no hospital psiquiátrico no distrito de Sousas, em onze Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), além de oficinas, centros de convivência e em serviços residenciais terapêuticos. A categoria chegou a aceitar o reajuste salarial de 8,76%, mas diverge sobre mudanças no pagamento dos anuênios. O benefício é dado sempre a quem computa 12 meses de trabalho no serviço e é pago atualmente todos os anos. O Cândido Ferreira informou que a paralisação foi uma "surpresa", mas que a greve não afetou o atendimento aos pacientes, que funcionou normalmente. O serviço não soube informar o percentual de trabalhadores parados. As áreas mais prejudicadas foram os serviços de alimentação, nutrição e lavanderia. Cerca de mil funcionários trabalham no serviço atualmente e atendem de 6,5 mil a 7 mil pessoas por mês.Os trabalhadores pediam inicialmente 20% de aumento nos salários, plano de saúde familiar, manutenção do anuênio e de outros benefícios já conquistados em campanhas anteriores. A negociação teve até agora três propostas oferecidas pelo serviço de saúde. A oferta de reposição salarial de 8,76% chegou a ser aceita. O valor é o do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado para o período compreendido entre 31 de maio do ano passado e 1º de junho de 2015. Com os salários acertados, o impasse ficou por conta do anuênio: enquanto a administradora diz que não há dinheiro para pagar o benefício, os trabalhadores pedem o seu reajuste em 2%. O gerente financeiro do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, André Fonseca, disse que o convênio com a Prefeitura de Campinas só foi renovado no começo do mês. O repasse mensal do Executivo baixou de R$ 5,7 milhões para 5,4 milhões e obrigou o Serviço a aumentar o custeio em algumas áreas. "Até o dia 6 de maio a gente nem sabia o convênio seria prorrogado ou não. Tivemos menos de dez dias para elaborar o plano de trabalho do convênio". De acordo com Fonseca, o anuênio é importante porque evita a rotatividade dos trabalhadores já treinados pela instituição, mas que não é possível oferecê-lo na atual conjuntura. "A gente não está se propondo a tirar o anuênio do acordo coletivo. A ideia é segurar este ano. Fazemos um pequeno recuo neste momento para nos encaixarmos no orçamento da Prefeitura e retomaríamos essa discussão no ano que vem, com uma base mais sólida. Esse é o melhor acordo possível que a gente pode oferecer", disse.Para o diretor sindical, Osvaldo Ferreira, o anuênio é um benefício importante. O bônus, de acordo com ele, existe há cerca de 30 anos. "Alguns hospitais já perderam isso porque caíram na mesma manobra que o Cândido parece querer fazer hoje. É um benefício que os trabalhadores entendem que não pode ser suprimido", contestou.O Sinsaúde informou que pediu uma audiência no Ministério Público do Trabalho (MPT) para tentar pôr fim à paralisação. O encontro chegou a ser marcado para a manhã desta terça-feira (23), mas foi suspenso porque o jurídico do Cândido Ferreira não poderia estar presente na conciliação. A categoria promete uma assembleia, às 13h de terça para organizar a greve e definir os rumos do movimento. O sindicato disse que a paralisação deve ganhar mais força a partir de terça, mas que manterá 30% do efetivo para os atendimentos de urgência, previstos em lei. O serviço de saúde afirmou que deve se reunir com os grevistas na tarde de terça. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que o convênio foi renovado com a anuência da entidade e que “nos últimos anos, a Prefeitura absorveu vários serviços de Saúde Mental”.