Grupo contrário ao protesto de estudantes faz ato em frente à reitoria hoje; funcionários são contrários à invasão
Estudante prega faixa em marquise do prédio ocupado na Unicamp: grupo é contra atuação da PM no campus, autorizada após morte em festa ( Rodrigo Zanotto/Especial para AAN)
Felipe TononPatrícia Azevedo Um grupo de funcionários da Unicamp que não concorda com a ocupação da reitoria por estudantes prepara para hoje um ato contra o protesto. Os detalhes do manifesto público foram tratados ontem em reunião. Os funcionários são contrários à invasão e querem que os estudantes desocupem o prédio. Ontem, o clima foi tranquilo em frente à ocupação. Uma assembleia com os estudantes para definir o futuro do movimento será realizada amanhã. Hoje, os universitários que protestam na Unicamp se juntam aos da Universidade de São Paulo (USP) em uma manifestação na Avenida Paulista.O Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) informou que desconhecia o movimento contrário e que está do lado dos estudantes. No dia 4 de outubro, segundo dia da invasão, o STU esteve no prédio da reitoria e declarou apoio aos universitários. A entidade também é contrária à presença da Polícia Militar (PM) no campus. O diretor do STU, Antônio Alves Neto, disse na semana passada que a polícia “não é a solução para melhorar a segurança” na Unicamp. Na terça-feira (8), um dos diretores do Sindicato, Paulo Gouveia, reafirmou a postura da entidade. “Não estamos sabendo de nada (ato de funcionários). A universidade é grande, pode haver pessoas que não concordam com a ocupação, mas somos totalmente a favor do movimento dos estudantes.”O ato de hoje, marcado para começar ao meio dia, é organizado pelos funcionários que se indignaram com a depredação da reitoria. Muitos trabalham no prédio e estão impedidos de exercerem suas atividades desde a semana passada. Eles pretendem reunir centenas de trabalhadores da instituição que também não apoiam os estudantes e entregar uma carta aberta à população.ConselhoNa terça-feira (9), a Unicamp informou que irá submeter a presença da Polícia Militar no campus à aprovação do Conselho Universitário (Consu), que é o órgão máximo de deliberação da universidade, composto por representantes da reitoria, dos professores, funcionários e estudantes. A decisão de aceitar a ajuda oferecida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e permitir que a PM faça rondas no campus foi anunciada no dia 26 de setembro ao Correio. Segundo a assessoria de imprensa da Unicamp, ainda não há prazo para que o assunto seja votado.A decisão é um dos frutos da reunião que representantes da reitoria tiveram na noite de segunda-feira com membros do grupo de mais 200 alunos que ocupam a reitoria desde a última quinta-feira. No encontro, que terminou após as 23h30, ficou determinado que o Diretório Central dos Estudantes (DCE) se compromete em reparar todos os danos materiais provocados durante a ocupação da reitoria.Para protestar contra a presença da PM no campus, os estudantes invadiram a reitoria na noite da última quinta-feira. No dia seguinte à ocupação, a direção da Unicamp obteve na 2 Vara da Fazenda de Campinas uma liminar determinando a reintegração de posse do prédio. No entanto, a reitoria segue negociando uma solução pacífica para a desocupação e não acionou a PM para retirar os estudantes. Em nota, a Unicamp informou que nenhum convênio foi firmado com a Polícia Militar para a realização de rondas ostensivas no campus e reafirmou “o compromisso de estabelecer um debate amplo com toda a comunidade para discutir um plano de segurança e vivência nos campi da universidade.”A universidade atendeu à reivindicação dos alunos para melhorar a poda da vegetação, melhorar a iluminação e incrementar a circulação do coletivo externo noturno no campus. Disse, porém, que não concorda em desistir da sindicância instalada para apurar os fatos que resultaram na morte do estudante Denis Casagrande, em uma festa em frente ao Ciclo Básico no último dia 21, conforme reivindicam os estudantes. “A sindicância seguirá o seu curso normal. Esse procedimento é importante para aperfeiçoar o sistema de segurança”, afirma a nota. A contraproposta será levada aos estudantes amanhã, em assembleia marcada para o meio-dia em frente à reitoria. MobilizaçãoA ocupação do prédio da reitoria é feita por alunos de vários cursos da Unicamp. Como forma de apoio ao movimento, muitos institutos estão se mobilizando para fazer paralisações e até uma greve geral. Entre os que já aderiram ao movimento estão o Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), o Instituto de Artes e o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). 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