algemado

Fuga de preso coloca a estrutura em xeque

A fuga aconteceu durante a remoção de presos para a cadeia anexa ao 2º DP, no bairro São Bernardo, onde ficam até ser ouvidos em audiência de custódia

Alenita Ramirez
18/02/2020 às 15:23.
Atualizado em 29/03/2022 às 21:15

Um preso algemado fugiu do 1º Distrito Policial (DP), de Campinas, na madrugada do último sábado. A fuga aconteceu durante a remoção de presos para a cadeia anexa ao 2º DP, no bairro São Bernardo, onde ficam até ser ouvidos em audiência de custódia. O episódio, previsto por policiais, deixou clara a falta de estrutura da Polícia Civil. O suspeito de 20 anos tinha sido detido por roubo de carga e estava sob escolta de uma escrivã e de um investigador, que tiveram de fazer essa função por falta de pessoal, já que essa tarefa era até então exercida por policiais especializados do Bonde. Os policiais levavam o preso algemado da cela para a viatura, quando o homem escapou. Ele estava algemado com as mãos para trás. No começo deste mês, o Correio mostrou reportagem em que a Polícia Militar Rodoviária esperou 13 horas para registrar um flagrante de embriagues ao volante na 2ª Delegacia Seccional. A demora foi consequência do acesso de atendimento, aliada a falta de funcionários e do acúmulo de função do escrivão e dos agentes. No caso deste final de semana, a remoção acontecia por volta da meia-noite. A equipe já havia levado uma mulher, comparsa do suspeito, para a cadeia de Paulínia. Ao fazer a do homem, no momento em que os policiais o colocavam na viatura, ele teria dado um empurrão em um dos policiais e correu. Os policiais foram atrás do preso, mas não conseguiram alcançá-lo. Eles chegaram a pedir a ajuda da Polícia Militar (PM) e da Guarda Municipal (GM) para capturar o homem, mas não conseguiram. A polícia passou a madrugada em buscas. Até em tubulações de obras eles entraram para tentar achar o preso e não conseguiram. Até ontem ele ainda não havia sido capturado. “O que ocorre é que não temos corpo de escolta. O escrivão não está preparado para este tipo de função e aí enfrentamos o velho problema: a falta de efetivo. Ou seja, o policial de plantão também tem de fazer a escolta de presos”, comentou o presidente do Sindicato dos Policiais Civis da Região de Campinas (Sinpol), Aparecido Lima de Carvalho. A determinação do policial civil operacional de Campinas em fazer a escolta de presos das delegacias para a Unidade de Detenção, Triagem e Encaminhamento (UDTE) e desta para o Fórum, para audiência de custódia entrou em vigor no dia 21 de janeiro deste ano. Além de fazer esta escolta dos presos, os policiais também ficaram responsáveis por transportar drogas para o Instituto de Criminalística (IC) e levar os presos para exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). “Em virtude da escassez e do déficit de policiais, muitas vezes os policiais são obrigados a exercer a função de quatro a cinco policiais, uma sobrecarga desumana de trabalho que colide, inclusive, com as normas internacionais do direito do trabalho, apartir do momento que esses policiais não se permite ao direito ao descanso", comentou a presidente do Sindicato dos Delegados do Estado de São Paulo, Raquel Kobashi Gallinati. "Muitas das vezes, os policiais estão limitados ou até mesmo impedidos de exercerem suas atribuições de acordo com sua potencialidade, a partir do momento que essa demanda é sobrecarregada. A falta de estrutura para que a polícia civil possa exercer sua função como deve, coloca como vítima a sociedade", acrescentou. A prisão O preso, identificado como o ajudante geral Victor Luan Gomes de Oliveira, de 20 anos, foi preso na manhã da sexta-feira, dia 14, pela Polícia Militar (PM) em uma casa na região do CDHU San Martin, após denúncias. No local, os policiais encontraram diversos objetos que tinham sido roubados de um entregador de produtos de vendas por internet. A vítima teria sido rendidas por dois bandidos armados. Através do sistema de monitoramento da carga, os policiais chegaram até Oliveira e a companheira dele, uma moça de 20 anos. Segundo a PM, ele confessou o roubo. O casal foi preso em flagrante por receptação, e ele também por roubo. Os policiais chegaram a ir no endereço que ele foi detido, mas não foi encontrado. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o caso é apurado pelo 2º DP de Campinas. Que os policiais que estavam de plantão foram ouvidos e a Corregedoria da Polícia Civil comunicada. Reforçou que a PM e a GM foram acionadas e auxiliam nas buscas pelo criminoso. A Pasta também afirmou que durante os flagrantes, a equipe de policiais civis é responsável por levar os detidos para os exames de corpo de delito nos IMLs e fazer a transferência entre unidades. "A SSP investe na valorização, ampliação e recomposição do efetivo policial em todo o Estado. A atual gestão autorizou a abertura de 2.750 novas vagas para a Polícia Civil. Os editais serão lançados em breve e publicados no Diário Oficial. Atualmente, 1.453 aprovados no concurso de 2017 estão na Academia de Polícia (Acadepol)", frisou a SSP. A Secretaria ainda frisou que no último dia 1º, o governo do Estado nomeou 250 aprovados, no mesmo certame, para a carreira de delegado de polícia e que mais 600 aprovados, para vagas de investigadores, devem também ser nomeados.

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