Frente Nacional de Prefeitos pede ajuda ao mundo

A triste realidade de mortes pela covid-19 que deixa o país considerado hoje como uma ameaça mundial fez prefeitos e prefeitas de municípios brasileiros pedirem socorro a entidades internacionais. A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) divulgou um vídeo ontem em que pede o envio de recursos para o combate à pandemia no país. O conteúdo, com legendas em inglês, reúne depoimento de chefes do poder executivo de oito municípios, além do presidente da frente, o ex-prefeito de Campinas, Jonas Donizette.

Segundo a entidade, o apelo foi enviado para 11 embaixadas, 22 associações nacionais de prefeitos e 44 instituições nacionais e internacionais, públicas ou privadas, como a Organização nas Nações Unidas (ONU), o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Câmara de Comércio França Brasil.

Dentre as embaixadas contatadas está a dos Estados Unidos, França, Japão, Argentina, Canadá, México, Holanda, África do Sul, Estônia, Coreia do Sul, Nova Zelândia, Itália, Suécia, Espanha, Portugal, Bélgica, Turquia e Moçambique.

Participaram os prefeitos do Rio de Janeiro (RJ), Eduardo Paes, de Aracaju (SE), Edvaldo Nogueira, de Florianópolis (SC), Gean Loureiro, de Salvador (BA), Bruno Reis, de Belém (PA), Edmilson Rodrigues, de Fortaleza (CE), José Sarto, de Caruaru (PE), Raquel Lyra e de Pelotas (RS), Paula Mascarenhas.

A FNP se apoia na atual realidade brasileira de enfrentamento da doença, que já matou quase 3 milhões de pessoas ao redor do mundo em um ano. Retrata que o país tem registrado recordes diários de mortes pelo novo coronavírus, e hoje está à frente de nações como os Estados Unidos. A ideia da entidade é obter recursos, insumos e medicamentos para as cidades brasileiras.

A iniciativa ocorre em meio a eleição da Diretoria e do Conselho Fiscal do Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras (Conectar). O trabalho do Consórcio é o de oferecer suporte aos municípios caso o Programa Nacional de Imunização (PNI) não consiga suprir a demanda nacional pelos imunizantes. A ação já reúne mais de 2,6 mil cidades interessadas em adquirir não só vacinas, mas medicamentos e insumos de saúde. Com isso, mais de 156 milhões de pessoas podem ser alcançadas.

Após a posse da diretoria e do conselho fiscal, prevista para hoje, será disponibilizado no portal do consórcio toda a documentação oficial para que as instituições interessadas possam fazer as doações. Mais informações sobre como ajudar o Brasil em [email protected].

Na ação e divulgação do vídeo, a FNP também engrossou o tom em relação às críticas ao Itamaraty com o lançamento de um comunicado cobrando a saída do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que acabou demitido ontem. No texto, a entidade define que a atuação do ministro tem "leque diverso de trapalhadas e atitudes destrutivas". Em outro trecho refere-se a política externa do Itamaraty conduzida pelo ministro como "desastrosa".

Especialista

O professor de Ciências Políticas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Waner Romão, observa a ação da FNP de dois pontos. O primeiro como necessário diante da ineficiência do governo federal em garantir um controle da pandemia no país através de um diálogo internacional eficiente. Do outro, um jogo político interno em que a atuação dos entes subnacionais contribuem para enfraquecer a imagem do governo federal.

Segundo ele, o próprio pedido de demissão do então ministro das Relações Exteriores expõe a fragilidade do país e a dificuldade do Itamaraty em promover uma política externa que garantisse um enfrentamento à pandemia.