Pedro Tourinho (PT), candidato à prefeito no primeiro turno (Cedoc/RAC)
A fragmentação de partidos, que optaram pelo lançamento de candidaturas próprias no primeiro turno da eleição em Campinas, tirou a possibilidade de a esquerda chegar ao segundo turno marcado para 29 de novembro, avalia a cientista política da Unicamp, Raquel Meneguello. Os votos recebidos pelo candidato do PT, Pedro Tourinho, e de Alessandra Ribeiro (PCdoB), somaram 109.150. O segundo mais votado, Rafa Zimbaldi (PL), teve 103.397 votos e está no segundo turno. Os partidos de esquerda conseguiram, porém, aumentar a presença no Legislativo dos atuais quatro vereadores para seis. Segundo Raquel, enquanto as esquerdas não negociarem espaços entre si, os partidos e candidatos de centro e de direita, vão ocupá-los com relativa facilidade. “Vimos isso em todo o país, com a perda de força, sobretudo do PT e do PSDB, em benefício de partidos como o DEM e o PSD”. No País todo, disse, as esquerdas e o centro perderam juntos quase 900 prefeituras, e a direita ganhou em mais de 750 municípios. “Aqui em Campinas, o PL de Rafa Zimbaldi obteve um espaço com muita dificuldade, mesmo trazendo ao lado o PSDB, com a candidata a vice Ana Beatriz. É bem plausível sugerir que a aliança entre PT e PCdoB em Campinas —- que, aliás, é uma aliança histórica entre esses partidos e ocorreu em outras cidades —- poderia ter levado a esquerda ao segundo turno. Que isso seja levado em conta em 2022”, afirmou. O PT se coligou ao PSOL na majoritária, com Tourinho prefeito e Edilene Santana vice. O PCdoB foi de chapa pura, com Alessandra e José Carlos Lourenço. Esses partidos, junto com o PDT, formaram em 2018, a Frente Democrática de Campinas, para aglutinar partidos políticos, lideranças do movimento social e da intelectualidade, além de entidades do campo democrático e religioso, para combater o clima de ódio e contra a democracia e o Estado Democrático de Direito que se instalou no país desde o primeiro turno das eleições presidenciais. Mas a união na agenda em defesa da democracia não incluiu possibilidades de coligações nas eleições deste ano. Para a presidente do PCdoB, Márcia Quintanilha, o partido seguiu orientação nacional de candidaturas próprias, de participar do debate nacional, de construir candidatura própria, preparar o eleitorado para as eleições de 2022. O PCdoB demorou a entrar na disputa com uma chapa majoritária, mas valeu a pena, segundo ela, porque hoje as pessoas conhecem o PCdoB na cidade, sabem que o partido tem um programa de governo e um projeto político. “Se não tivéssemos chapa majoritária, estaríamos fora do debate”. Não apoiarão Os partidos de esquerda de Campinas não apoiarão nenhum dos candidatos a prefeito no segundo turno, porque consideram que as candidaturas de Dário Saadi (Republicanos) e Rafa Zimbaldi (PL) representam a continuidade do governo do prefeito Jonas Donizette (PSB), que criticam, e não são comprometidos com pautas que consideram essenciais. O PSOL, que coligou com o PT no primeiro turno, afirma que “Rafa Zimbaldi, ex-presidente da Câmara, foi aliado de Jonas. Dario Saadi foi secretário de governo de Jonas. Ambos têm em suas coligações partidos que integram o atual governo”.