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Fossa ecológica chega à zona rural

A Prefeitura de Campinas investirá recursos públicos na instalação de fossas sépticas biodigestoras na zona rural para compensar a falta de acesso

Henrique Hein
13/03/2019 às 07:56.
Atualizado em 04/04/2022 às 22:51

A Prefeitura de Campinas investirá recursos públicos na instalação de fossas sépticas biodigestoras na zona rural para compensar a falta de acesso dos moradores ao saneamento básico. Na próxima sexta-feira, a Administração realizará uma oficina de instalação e operação de sistemas de tratamento de esgoto sanitário, no Sítio Pouso das Bandeiras, no bairro rural Saltinho, em parceria com a Embrapa de São Carlos. O encontro tem como objetivo capacitar profissionais e proprietários rurais da região para que eles possam instalar as 49 fossas sépticas biodigestoras (FSB) que já foram doadas pela Prefeitura para alguns dos residentes. De acordo com Rogério Menezes, secretário Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SVDS), os moradores rurais da cidade não possuem um sistema aquedado de rede de esgoto e a instalação de tubulações para melhorar a situação é considerada um procedimento complicado de ser orquestrado. As fossas de alta tecnologia surgem, com isso, como uma solução mais viável. “O objetivo é atender a população rural no que se refere ao saneamento básico, destacando-se ações de adequação do esgotamento sanitário e conservação do solo e da água”, explica o secretário. A Administração é quem vai assumir o custo dos equipamentos na zona rural. Ao todo, as ações do Programa de Saneamento Rural Sustentável da Prefeitura de Campinas já levaram o esgotamento sanitário a 147 domicílios situados em 74 propriedades rurais de Campinas. “Até o segundo semestre de 2019, outras 51 fossas sépticas biodigestoras devem ser doadas aos proprietários rurais de Campinas. Cada equipamento desses custa, em valores de mercado, cerca de R$ 2 mil”, explicou Meneses. As verbas investidas são todas oriundas do Fundo de Recuperação, Manutenção e Preservação do Meio Ambiente (Proamb). “No segundo semestre deste ano daremos início à segunda etapa do programa, que passará a atuar nas demais áreas rurais do município, priorizando as propriedades habilitadas no Programa de Pagamento por Serviços Ambientais: o PSA Água”, finalizou o secretário. Zona Rural O Correio Popular verificou ontem a condição de vida dos moradores que não possuem saneamento básico à disposição. A maioria das casas possui fossas submersas e precárias. Segundo os moradores, o acúmulo de dejetos no espaço é a grande preocupação. “É ruim para o meio ambiente, porque contamina o solo e os córregos. É ruim também para a saúde da população, que convive com o acúmulo de bactérias”, explica o jardineiro Tarcísio de Faria, de 47 anos. O jardineiro contou que já instalou a nova fossa doada pela Prefeitura em sua casa. No sábado ele vai ajudar uma de suas vizinhas, a autônoma Glória Masetto, de 57 anos, a montar o equipamento dela. “Eu não sei montar. Vou esperar a oficina de sexta-feira para ver como é que monta ela certinho. O Tarcísio disse que vai me ajudar também”, disse Glória. O prestador de serviço Donizete Aparecido Pereira, de 60 anos, é outro morador da região que já montou as fossas doadas pela Prefeitura. Ele conta que a novidade traz mais conforto e segurança para ele e sua família. “Eu tenho um poço artesiano em casa. Estava ficando preocupado com a possibilidade da água ficar contaminada com o tempo. Com a instalação dessa nova fossa eu fico mais tranquilo”, disse. SAIBA MAIS Segundo a Embrapa, a fossa séptica biodigestora trata o esgoto do vaso sanitário de forma eficiente, além de produzir um efluente que pode ser utilizado no solo como fertilizante. O sistema básico, dimensionado para uma residência com até 5 moradores, é composto por três caixas interligadas e a única manutenção é adicionar mensalmente uma mistura de água e esterco bovino fresco, que fornece as bactérias que estimulam a biodigestão dos dejetos, transformando-os em um adubo orgânico. O tratamento não gera odores desagradáveis, não procria ratos, moscas e baratas, evita contaminação do meio ambiente, gera produtividade saudável e economia em insumos na agricultura familiar.

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