Trecho urbano preservado da Floresta da Serra D’Água, que fica na região do Parque Jambeiro, contará com uma gestão conjunta do município com o Estado de São Paulo (Ricardo Lima)
Campinas deu um passo importante rumo à preservação dos resquícios de matas e florestas no perímetro urbano ao firmar um convênio de trabalho com foco na conservação e uso educacional da Floresta Estadual da Serra D'Água, localizada na região do Parque Jambeiro.
Um termo de Cooperação Técnica entre a Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO), que administra a Mata de Santa Genebra, e a Fundação Florestal do Estado de São Paulo foi assinado na semana passada, durante os eventos de comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente na cidade. O documento prevê o início de uma gestão conjunta da floresta, que ainda é muito pouco conhecida pelos campineiros. A ação vai promover inúmeras melhorias no local, inclusive a construção de infraestrutura para a visitação pública.
A área possui 51,20 hectares e é um quinto da Mata Santa Genebra, que dispõe de cerca de 251 hectares. Ela está localizada na Avenida Washington Luís, no Parque Jambeiro, às margens da Rodovia Anhanguera, em Campinas.
Entre as ações previstas estão estudos para viabilizar a abertura de trilha no local, o que permitirá a ampliação dos estudos ambientais na fauna e flora da área, e oferecer um novo espaço de visitação pública. As análises já se iniciam no próximo semestre. De acordo com a administração, o início da construção da infraestrutura para receber o público ainda não foi definido.
A floresta foi criada em 2010, por meio do Decreto Estadual nº 56.617 e, mediante a gestão conjunta, a previsão é a de que o local possa vir a servir a comunidade do mesmo modo como atualmente é operada a Mata Santa Genebra, no distrito de Barão Geraldo. O local é palco de visitação pública e promove diversas atividades voltadas à preservação e educação ambiental há anos.
Com a gestão compartilhada da Floresta Serra D’Água, a perspectiva é a de que o desenvolvimento de diversos estudos técnicos da floresta, recuperação de áreas que estão degradadas, ações de educação ambiental, registro fotográfico de aves, levantamento da fauna, projetos ecológicos para a comunidade, coleta de sementes e produção de mudas nativas, além de ações de prevenção a incêndios florestais.
Em uma área ao lado da floresta fica um casarão antigo, que era sede da grande fazenda que existia no local no século XIX. A edificação, conhecida como Casarão do Jambeiro, é tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc). Ao fundo da floresta fica o Sítio Santa Rita, conhecido como Ecocentro Serra d'Água e onde está para ser homologada a criação de um Centro de Educação Ambiental.
Espera-se que, a partir do início dos trabalhos na área da floresta, o entorno também receba mais atenção. O Ministério Público, inclusive, determinou que a Prefeitura execute obras de proteção nas ruínas do casarão no local. A Administração confirmou que o casarão fica ao lado da floresta, mas que, em um primeiro momento, não é objeto da cooperação técnica assinada.
Segundo o prefeito Dário Saadi (Republicanos), que participou da cerimônia de assinatura do termo, a cooperação técnica tem o objetivo de proteger a área florestal. Dário ressaltou a importância do local, que fica dentro da cidade. Para ele, a cooperação firmada é uma oportunidade de desenvolver uma melhor interação socioambiental com as comunidades residentes no entorno, por meio da conservação da biodiversidade do município.
"A união de forças entre a Fundação Florestal e a Mata de Santa Genebra possibilitará a realização de diversas ações para que a área seja estruturada, a fim de transformar as futuras gerações em cidadãos que valorizem o meio ambiente e tenham uma formação de sustentabilidade", afirmou.
O presidente da Fundação José Pedro de Oliveira, Aparecido Souza Santos, comentou o significado da assinatura do termo de cooperação para o município. "O intuito é o de montar a estrutura de gestão conjunta, para oferecer educação ambiental para o cidadão e criar trilhas ecológicas."
Segundo ele, o levantamento de flora e fauna do local vai ocorrer com apoio de pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "A ideia é a de promover um estudo aprofundado da biodiversidade de toda a região", explica Santos.
O secretário do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Rogério Menezes, também comentou a iniciativa. Para ele, a cooperação abrirá portas para que a Floresta Serra D'Água receba melhoramentos e um novo olhar. "Com isso vamos conseguir avançar nas políticas previstas no plano de manejo desta unidade", disse.
O Comdema, por meio da diretora Maria Helena Rodriguez, também destacou a necessidade do início de um plano de manejo para o local. "Considero muito promissor esse termo de cooperação entre a Administração, a Fundação Florestal (Floresta Estadual da Serra d'Água) e a Fundação José Pedro de Oliveira (Mata Santa Genebra). Isso porque, com decisões em nível municipal, será mais fácil implementar o plano de manejo da floresta", disse.
Entre os diversos usos possíveis na floresta a partir da assinatura do termo, já está previsto o cercamento de toda a área, com a aplicação de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). O TAC será cumprido por uma empresa concessionária de rodovias.