Ex-deputado e seguidor de Marina, Zica critica filiação ao PSB
Luciano Zica discursa em campanha de Marina Silva: trabalho para conquistar filiados ao projeto da Rede ( Cedoc/RAC)
A desaprovação pela Justiça da criação do partido da ex-senadora Marina Silva, a Rede Sustentabilidade, deixou cerca de oito mil “órfãos” em Campinas. São pessoas que incluíram seu nome em abaixo-assinado para apoiar a nova sigla, rejeitada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na semana passada, cuja decisão deu novo rumo ao cenário político. Lideranças de Campinas próximas a Marina e que ajudaram a fortalecer o partido na região admitem terem se surpreendido com a decisão da ex-senadora em se aliar ao PSB, do pré-candidato à Presidência Eduardo Campos. Foram rejeitadas 95 mil assinaturas coletadas em todo o Brasil por problemas pontuais como situação irregular de eleitor, por exemplo.O ex-deputado federal de Campinas Luciano Zica, disse ter ficado decepcionado com a decisão de Marina em se filiar ao PSB e afirma ter sido cobrado por pessoas da região que apoiaram a criação da Rede.Entusiasta da nova proposta, ele recebeu a missão de articular com políticos e pessoas públicas para apoiar o novo partido. Para isso, realizou no Interior do Estado dezenas de reuniões para convencer militantes e agentes públicos sobre a Rede. “Eu soube da aliança com o PSB de uma forma curiosa. Um cidadão me ligou (durante o anúncio) me questionando a contradição. Eu fiz inúmeras reuniões sempre com mesmo discurso da coerência programática”, disse. “Acabei instigando as pessoas a se aproximar em relação ao programa da Rede e depois essas pessoas vieram me cobrar.”Zica avalia que o PSB defende um formato “velho” de fazer política e que tem “donos locais”, o que era contestado pelos idealizadores da Rede. O ex-deputado foi filiado ao PT e secretário Nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano durante a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Deixou o PT junto com Marina para se filiar ao PV. Saiu posteriormente do partido também com a ex-senadora, para encabeçar a nova proposta com a Rede. DefesaCélio Turino, ex-secretário de Cultura na gestão do prefeito Jacó Bitar (ex-PT, atual PSB), defendeu a decisão de Marina e também se aliou ao PSB. Turino atuou como porta-voz da Rede no Estado de São Paulo. Em nível nacional, essa função foi exercida pela própria Marina.Para ele, a ex-senadora deu um gesto de “grandeza” ao se aliar a Campos. Comparou a disputa presidencial ao Derby (partida de futebol entre os dois times de Campinas: Ponte Preta e Guarani). A aliança de Marina e Campos, considera, minimiza a polarização entre PT e PSDB no País. “A partir de uma realidade imposta (desaprovação da Justiça) foi necessário tomar uma decisão. Nessa alternativa (de aliança) conseguimos sustentar agenda da sustentabilidade.” Célio atribuiu a negativa de Justiça a um “golpe cartorial” pela desaprovação das assinaturas colhidas.Para Turino, o PSB deverá abrir o debate às propostas na área ambiental e incluir em seu plano de governo as manifestações feitas por Marina. “Essa conversas já estão acontecendo.” Campos e Marina se reuniram pela primeira vez ontem após o anúncio de sábado.Zica discorda de que o PSB atenderá as demandas da Rede. Lembra que, na condição de deputado federal na mesma época de Campos, nunca o viu sair em defesa dos interesses ambientais. “Aconteceram à época vários debates na área de sustentabilidade e eu nunca vi uma palavra (de Campos) sobre isso. Sempre votou com o governo”, disse.Apesar das críticas e de afirmar estar “chateado” com a decisão, afirma que irá votar em Marina Silva caso ela defina sair como candidata.