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Fila de desempregados dobra o quarteirão

Segundo levantamento da Acic, Campinas fechou o primeiro trimestre de 2019 com pouco mais de 80 mil trabalhadores fora do mercado

Daniel de Camargo
23/05/2019 às 08:14.
Atualizado em 03/04/2022 às 10:02

Uma fila de desempregados de aproximadamente 100 metros se formou na manhã de ontem, numa agência de empregos localizada no cruzamento da Avenida José Paulino com a Rua General Câmara, no Centro, em Campinas. De acordo com Luciana Santos, coordenadora de recursos humanos da Luandre, o volume atípico de candidatos, que dobraram o quarteirão na fila, é resultado do alto número de vagas disponíveis, em especial para uma empresa do segmento de telemarketing, que exige como pré-requisito apenas o Ensino Médio completo.  Segundo levantamento da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), Campinas fechou o primeiro trimestre de 2019 com pouco mais de 80 mil trabalhadores fora do mercado de trabalho. O montante equivale, de acordo com a Acic, a 11,45% da população economicamente ativa da cidade. Os dados apontam ainda que na Região Metropolitana de Campinas (RMC), o desemprego atingiu cerca de 220 mil pessoas no mesmo período. Luciana informou que apenas no primeiro período da manhã, foram recebidos mais de 150 currículos. A unidade de Campinas da Luandre atende, em média, 500 pessoas por dia. Até o fechamento desta edição, não foi possível contabilizar o número total de atendimentos realizados ontem. Morador do Jardim Campo Belo, Paulo Muniz está há um ano desempregado. Ontem, ele esperou das 8h às 10h, ou seja, duas horas, somente para entregar seu currículo. Com mais de 26 anos de trabalho acumulados com carteira assinada, o operador de máquina analisa que há precariedade de vagas. Casado e com um filho, ele assegura que se a esposa não estivesse trabalhando e a família não residisse em casa própria, provavelmente já estariam morando na rua. Fabiana Sousa de Albuquerque mora atualmente no Matão, em Sumaré. Há um ano ela deixou Salvador, capital da Bahia, à procura de melhores oportunidades. Hoje, não tem certeza se fez a melhor escolha. "O cenário é praticamente o mesmo", disse. No momento, o marido, operador de caixa em supermercado, banca a casa sozinho. Ela aguardou uma hora para ser atendida. Luciana Santos, coordenadora de recursos humanos da Luandre, lembra que em decorrência da crise econômica e do alto índice de desemprego, o número de pessoas fora do mercado de trabalho é superior ao de vagas disponíveis. Segundo a recrutadora, isso não quer dizer que não existem oportunidades. “Temos mais de 400 vagas disponíveis na RMC para diversas funções e perfis profissionais, com as mais variadas exigências também”, informa. Luciana afirma que o número de candidatos por vaga aumentou consideravelmente em 2019. Inclusive, para postos de trabalho que requerem profissionais mais qualificados. A coordenadora de recursos humanos aconselha os desempregados a dar mais atenção para vagas temporárias que surgem. “Percebemos que muitas pessoas ainda têm restrição quanto a este tipo de oportunidade, mas identificamos que esta tem sido uma grande porta de entrada para quem busca uma oportunidade efetiva”, encerra.

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