Fiéis participam da Caminhada das Sete Igrejas

Segundo os organizadores, cerca de 3 mil pessoas iniciaram o percurso de aproximadamente 12 km, que saiu do Balão do Timbó, na Avenida Brasil, e percorreu as paróquias da região central até a Basílica Nossa Senhora do Carmo.

Daniel de Camargo
30/03/2018 às 14:50.
Atualizado em 23/04/2022 às 09:05

Comunhão, harmonia, fé, reflexão, mas principalmente a satisfação em agradecer as bênçãos recebidas permearam a 52ª edição da Caminhada das Sete Igrejas realizada na manhã de hoje (Sexta-Feira Santa).Segundo os organizadores, cerca de 3 mil pessoas iniciaram o percurso de aproximadamente 12 km, que saiu do Balão do Timbó, na Avenida Brasil, e percorreu as paróquias da região central até a Basílica Nossa Senhora do Carmo. Os fiéis, que concluíram a peregrinação, levaram em torno de cinco horas para chegar a última estação.  A via sacra reuniu diversas gerações, fato que Antônio Morandi, dentista, de 62 anos, e filho de Aldo Morandi, co-idealizador da jornada, classifica como principal finalidade do evento. "Trazer os jovens para perto de Deus e da religião é uma mensagem muito bonita". "Não se trata de uma procissão", explica, destacando que ao invés de rezar terços, os devotos entoam cânticos, que exaltam a gratidão. Entre os hinos cantarolados está "Queremos Deus", que em um dos trechos clama por mais credulidade. "Da nossa fé, ó Virgem. O brado abençoai: Queremos Deus, que é nosso rei. Queremos Deus, que é nosso pai", diz o canto. Antônio acredita que a marcha coletiva se popularizou devido a ter surgido e se manter até hoje como um ato espontâneo. A primeira andança ocorreu em 1966, quando Napoleão Fares, colega de seu pai, retornou de Jerusalém, capital de Israel e tida como a Terra Santa. Irmão mais velho de Antônio, Marcos Miguel Morandi, oftalmologista, de 66 anos, relembra que nas primeiras edições os religiosos passavam, ao todo, por 14 igrejas, mas que isto mudou rapidamente, após Aldo e Napoleão notarem que pessoas de idade avançada e mulheres com crianças de colo participavam. "O trajeto foi reduzido para facilitar a adesão de todos. Coincidentemente, as igrejas que permaneceram são todas nomeadas de Nossa Senhora", relata. "Meu pai era vendedor de adubo. Um homem simples. Creio que ele semeou algo bom que vingou. Nós temos apenas que regar", completa, salientando que a romaria já faz parte do calendário da cidade. Em sintonia, os cristãos transitaram pelas vias com auxílio de agentes de mobilidade urbana da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (EMDEC), que disponibilizou duas viaturas e quatro motos. Por onde passavam, os católicos atraiam a atenção. Uma cruz, que tinha seu carregamento revezado de pessoa em pessoa, inclusive crianças, evidenciava o teor da passeata. Em cada estação, uma mensagem era proferida pelo padre local, seguida por uma oração final com sete Ave Marias – um livreto com tais versos foi entregue aos participantes no ponto de partida. Além do ensinamento já aguardado, cada pároco fez sua homilia. Nos templos, cada um viveu a fé a sua maneira: homens e mulheres rezavam de joelhos. Nas paradas, foram distribuidos copos de água, que serviram para reidratar e amenizar um pouco o sol quente que iluminava um céu límpido. Vivenciando esta experiência pela primeira vez apesar de residir no Cambuí – bairro que integra o percurso, Fernanda Marostegan, jornalista, de 33 anos, afirma que pretende voltar nos próximos anos. "Achei uma delícia pela grande quantidade de pessoas, pois isto faz ter mais sentido". Já o professor universitário Dacio Maurino Jr., de 51 anos, conta que se envolveu, inicialmente, para acompanhar a mulher, que o motivou pela fé e religiosidade. Wilson Zullo, aposentado, de 78 anos, e tio do docente, está envolvido há 13 anos. "Sou grato pela união da minha família, que devo a minha fé e a estar sempre feliz dentro da igreja. Levo essa igreja para minha casa", comenta. Caminhada inspira evento similar no Canadá O organizador Antônio Morandi divulga que a Caminhada das Sete Igrejas motivou uma colega canadense a realizar um evento similar em seu país. Ele falou do evento para a estrangeira quando ambos peregrinavam pelo Caminho de Santiago de Compostela, percurso religioso feito por Portugal, Espanha e França, que leva o nome da catedral da Galiza, comunidade autônoma espanhola, situada no noroeste da Península Ibérica. O roteiro inspirou o consagrado escritor Paulo Coelho em seu livro o Diário de um Mago, parábola construída a partir de uma peregrinação do brasileiro. Itinerário: - Saída em frente ao Balão do Timbó (Jardim Brasil) - Igreja de Nossa Senhora de Lourdes (Guanabara) - Igreja de Nossa Senhora do Rosário (Castelo) - Igreja de Nossa Senhora das Graças (Vila Nova) - Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora (Jardim Nossa Senhora Auxiliadora) - Igreja de Nossa Senhora das Dores (Cambuí) - Capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro da Casa de Saúde (Centro) - Encerramento na Basílica Nossa Senhora do Carmo (Centro)

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