religião

Fiéis lotam igreja no Corpus Christi

A Catedral Metropolitana, mais uma vez, foi nesta quinta-feira (31) à tarde palco das celebrações do dia de Corpus Christi, em Campinas

Henrique Hein
henrique.hein@rac.com.br
31/05/2018 às 21:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 10:48

Multidão de fiéis e o tapete com motivos eucarísticos que foi montado em frente à escadaria da Catedral: peça foi confeccionada com a ajuda de uma equipe de jovens da própria Igreja (Leandro Ferreira)

A Catedral Metropolitana, mais uma vez, foi nesta quinta-feira (31) à tarde palco das celebrações do dia de Corpus Christi, em Campinas. Quem imaginou que uma das festas mais importantes do calendário católico seria afetada pela greve nacional dos caminhoneiros, se enganou completamente. Ao todo, cerca de 2,5 mil fiéis se reuniram em frente a Praça José Bonifácio para participar da data religiosa que comemora o mistério da eucaristia e o sacramento do corpo e do sangue de Jesus Cristo.  A celebração teve início às 16h e durante a abertura da solenidade, o arcebispo metropolitano dom Airton José dos Santos saudou o público presente. "Para nós, a Eucaristia é a confirmação de que Jesus Cristo está vivo", afirmou. O religioso proferiu ainda um dos mais conhecidos trechos da Bíblia: "A multiplicação dos pães e peixes", que segundo ele, é um sinal da partilha e da fraternidade. Segundo a Bíblia, a instituição da Eucaristia representa o momento em que Jesus (sabendo que iria ser morto) se reuniu com seus apóstolos para jantar a Páscoa. Durante a ceia, ele teria abençoado seus colegas com pão e vinho (o corpo de Cristo), selando assim, a aliança de Deus com a humanidade. Ontem, a demonstração do amor ao próximo foi a principal mensagem da festividade que teve como tema "Eucaristia: Em Comunhão, construímos a História", uma referência aos 110 anos da criação da Diocese municipal, criada em 7 de junho de 1908. Rafael Capelato, monsenhor da Arquidiocese campineira, explicou que a celebração católica desta quinta-feira (31) é (antes de tudo) uma pura e real manifestação de fé. "Hoje é um dia que, para nós, católicos, representa a manifestamos mais pura da nossa fé, presente e real, em Jesus na Eucaristia. Para nós, o pão e o vinho não representam Jesus, eles são Jesus", ressaltou o monsenhor. Se despedindo da Catedral, depois de seis anos de serviços prestados, d. Airton comentou que as atitudes em prol do bem pessoal, como a corrupção, são pecados que precisam ser evitados. "O mundo vive hoje uma cultura de morte, de distanciamento e de supremacia de uns sobre os outros. Isso precisa mudar. O próprio papa Francisco reconhece que nós precisamos criar uma cultura do diálogo, de ir ao encontro do outro e de saber respeitar o próximo. É isso que nós queremos ressaltar e fortalecer ao longo do dia de hoje", afirmou. O arcebispo comentou ainda que a lição de Jesus ainda não foi aprendida pela humanidade, que segundo ele, vive um momento difícil em todos os campos sociais. “Diante de Deus não existem pessoas ricas ou pobres, inteligentes ou burras, preparadas ou não preparadas, existe apenas o ser humano. É nele que Deus fez a sua imagem e semelhança", explicou. Após a missa, milhares de fiéis deixaram a Catedral (como manda a tradição) e saíram em procissão pelas ruas Conceição, Barão de Jaguara, Bernardino de Campos e Avenida Francisco Glicério. Após a passeata, eles retornaram à Praça José Bonifácio, onde o arcebispo metropolitano finalizou a solenidade dando a bênção ao Santíssimo Sacramento.     Tapete de 20m em frente à escadaria encantou os fiéis Como parte da tradição de Corpus Christi, a Catedral Metropolitana preparou uma peça de tapete de 20m de comprimento em frente à escadaria da Catedral Metropolitana. A obra de arte foi montada na quarta-feira por volta das 22h e contou com a ajuda de uma equipe de jovens da própria Igreja. Capelato explica que os principais materiais usados na confecção foram pó de serra tingido, cal e sal de cozinha. "Foram aproximadamente três meses de preparação para este dia. Ficamos reunindo materiais, construindo equipes de trabalho para que o tapete pudesse ser feito um dia antes da celebração. O nosso tapete traz motivos eucarísticos referentes a Jesus eucarístico", afirmou o monsenhor. De acordo com ele, a colocação dos tapetes nas ruas é fruto de uma cultura muito antiga dos brasileiros. "As pessoas têm o habito de manifestar publicamente a adoração a Jesus eucarístico preparando tapetes pelas ruas para que Cristo pudesse derramar as suas bençãos sobre todos nós. Os tapetes reúnem, simbolicamente, a devoção, a fé e a habilidade artística do fiel", ressaltou. Antes mesmo das 16h, o fluxo de pessoas envolta do quarteirão da Catedral já era grande. Teve gente que antes mesmo das 13h já havia marcado presença no local. "Eu cheguei aqui logo depois do almoço", disse a aposentada Maria Soares, de 78 anos. Segundo ela, ontem foi um momento para todos os católicos aproveitarem para rezar não só pelo seu próprio bem pessoal. "O mundo de hoje anda tão complicado com pessoas brigando por coisas tão bobas, como política e futebol. Hoje me senti tão bem tendo esse meu momento a sós com Deus", desabafou a aposentada. A cadeirante Maria Raquel Ferraz, de 38 anos, fez questão de deixar a dificuldade motora das pernas de lado só para deixar fluir o seu lado espiritual. Comovida com a celebração, ela não conteve as lágrimas. "Isso tudo me emociona demais, porque essa é uma igreja muito bonita. Eu morei quase a minha vida toda em Piracicaba, passei por dificuldades quando acabei vindo para Campinas (oito anos atrás) e hoje esse é um lugar que me marcou e que sempre me ajudou muito a me reerguer", disse a cadeirante. O professor Guilherme Oliveira, de 35 anos, também compareceu à procissão. Ele aproveitou o feriado para levar o filho Caio, de apenas três anos, para acompanhá-lo. "A gente veio por conta do momento de poder estarmos juntos hoje e pelo fato de ser uma data que lembra valores importantes como a família e o amor entre as pessoas" disse.

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