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Fevereiro registra queda nas vendas do comércio

O comércio da Região Metropolitana de Campinas registrou queda de 5,59% no faturamento das vendas de fevereiro na comparação com o mês de janeiro

Henrique Hein
11/03/2020 às 09:46.
Atualizado em 29/03/2022 às 17:36

O comércio da Região Metropolitana de Campinas (RMC) registrou queda de 5,59% no faturamento das vendas de fevereiro na comparação com o mês de janeiro, segundo dados divulgados ontem pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic). De acordo com a instituição, o principal motivo que explica o baixo desempenho do setor foi a fraca movimentação nas vendas do Carnaval, motivadas pela perda do poder de compra da população e suas respectivas dificuldades para manter as contas em dia. “No final do ano passado, o poder de compra das pessoas foi impulsionado com o pagamento do 13º salário e do Fundo de Garantia (FGTS). Isso fez com que muita gente usasse esse dinheiro para pagar contas atrasadas e presentes de Natal para a família. No entanto, em fevereiro, esse poder de comprar se esgotou e muitas pessoas tiveram que apertar novamente o cinto. Isso, obviamente, trouxe reflexos negativos para o faturamento do comércio no Carnaval”, explicou o economista da Acic, Laerte Martins. Para ele, o cenário que está sendo desenhado para os próximos meses pode ser preocupante para o comércio, dependendo do impacto que o novo coronavírus causará nas cidades da região. “O efeito da doença não impactou as atividades do Carnaval, o que fez com que a queda não fosse maior ainda no mês de fevereiro de 2020. Acreditamos que esse efeito deverá ser mais impactante nas vendas deste mês (março)”, afirmou o economista, que disse ainda que os únicos comércios que se salvaram em fevereiro foram aqueles que continham algum tipo de atrativo carnavalesco para seus clientes, como bares e lojas especializadas em fantasias. Rodrigo Paes é gerente de uma loja de departamento que vende esse tipo de produto, na Avenida Anchieta, na região central de Campinas. Ele conta que o estabelecimento não sentiu os efeitos da crise e bateu de recordes de vendas em 2020. "O fluxo foi mais do que o dobro do ano passado, tanto que a loja bateu a meta de vendas pela primeira vez desde que ela existe aqui em Campinas, há três anos. Nossa meta era R$ 190 mil e nós batemos os R$ 196 mil”, revelou. Inadimplência O levantamento divulgado ontem pela Acic mostra ainda que o comércio varejista de Campinas registrou um aumento de 42,32% no número de pessoas inadimplentes na cidade entre janeiro e fevereiro de 2020. De acordo com os dados, em fevereiro foram 13.115 carnês não pagos há mais de 60 dias após o vencimento, contra 9.215 boletos de janeiro — o que representa um acumulado de R$ 9,4 milhões no endividamento das famílias campineiras. Nos últimos 12 meses, há 251.060 carnês não pagos, representando R$ 180,8 milhões em dívidas. Já na RMC, a somatória da dívida dos inadimplentes nos últimos 12 meses é de R$ 430,4 milhões, sendo 597.762 boletos não pagos. Varejo termina 2019 com resultado melhor que 2018 O faturamento do varejo da região de Campinas teve alta de 8,17% em 2019 na comparação com 2018. Ao todo, foram R$ 69,09 bilhões arrecadados com vendas no ano passado, contra de R$ 63,8 bilhões do ano anterior. Além da alta, 2019 também registrou o melhor dezembro dos últimos 12 anos, com um faturamento de R$ 7,4 bilhões. No mesmo período de 2018, a receita ficou em R$ 6,5 bilhões. Os dados foram divulgados pelo Sindicato do Comércio Varejista de Campinas e Região (SindiVarejista). Segundo o levantamento, feito em parceira com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), o destaque em vendas em dezembro ficou com as lojas de eletrodomésticos e eletrônicos. O setor registrou aumento robusto de 63% na comparação com o mesmo período de 2018. De acordo com a presidente do SindiVarejista, Sanae Murayama Saito, o comércio varejista se beneficiou do aumento da confiança dos consumidores graças a combinação de alguns determinantes do consumo. “A retomada do crédito com juros em queda, aumento da oferta, ao lado da melhoria nos índices de desemprego, em meio a um cenário de inflação estabilizada. Elementos essenciais para que as famílias se dispusessem a comprometer seu orçamento com prestações a médio prazo”, afirmou. Em dezembro, a presidente explica que o bom desempenho contou com dois elementos de aumento de renda familiar que exerceram impacto direto para esse maior consumo. “O primeiro foi a maior injeção de recursos com o 13º. O segundo elemento foi a liberação dos recursos do FGTS/PIS nesse período”. Ainda de acordo com Sanae, o varejo paulista deverá ter um novo aumento de vendas de 5% nesse ano. “É aguardado para 2020 a manutenção de cenário positivo na área do consumo e os empresários devem estar atentos aos fatos conjunturais internos e aos movimentos geopolíticos internacionais que possam gerar instabilidades e comprometer a trajetória de aquecimento”.

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